HOSPITAL SÃO MARCOS. Atual Hospital do Coração)*
Sérgio Martins Pandolfo**
“Hospital é uma casa que por infelicidade se procura e por felicidade se encontra”. Ruy Carneiro, ex-Senador, PB
"Non vis sed arte" - dístico do Hospital
Em um prédio de linhas modernas e arrojadas, edificado em amplo terreno arborizado e ajardinado, que até havia pouco servira de residência ao ex-Governador do Estado, o General Moura Carvalho, foi solenemente inaugurado, em 31 de julho de 1968, o Hospital São Marcos, com propostas inovadoras e pioneiras no campo da medicina então praticada nesta cidade. O imóvel, conquanto respeitando e conservando as linhas originais que o distinguiam, fora inteiramente reformado e tecnicamente adaptado pela firma Freire & Mello para servir às especialidades médico-cirúrgicas em geral e, característica marcante que sempre foi sua marca indelével: aberto à classe médica. (Fig.1)
Fruto do idealismo e esforço conjunto de um grupo de médicos de Belém, imbuídos do propósito comum de minorar o angustiante problema de falta de leitos hospitalares em nossa capital, assim como dispor de oficina de trabalho para seus cometimentos profissionais, a novel instituição passou a prestar assistência assim a pacientes da previdência social como aos de convênios e particulares, sendo seu Corpo Clínico integrado pelos seguintes especialistas: Antonio Carlos Fontelles de Lima (proctologista); Raymundo Dhélio Guilhon (clínico geral); Fortunato Jayme Athias (cirurgião geral); João Garibaldi Martins Vianna (anestesiologista); Hamilton Rodrigues Franco (tocoginecologista); Heraldo Tavares Neves (proctologista); Scylla Lage da Silva Filho (proctologista) e Sérgio Martins Pandolfo (tocoginecologista), todos acionistas-fundadores, além de outros profissionais não pertencentes à sociedade acionária. O Dr. Orlando de Almeida Pinto, distinguido cirurgião e exímio proctologista que integrava o grupo desde o início, lamentavelmente veio a falecer antes do ato inauguratório, mas seu nome ficou perenizado na instituição, dado que foi ao moderno e funcional Centro Cirúrgico. A primeira Diretoria ficou composta pelos Drs. Garibaldi Vianna, Sérgio Martins Pandolfo e Fortunato Athias. A realçar, desde suas primeiras atividades, a valorização e fomento de intensa e diversificada programação científica, levada a efeito por seu Centro de Estudos, visando à atualização e aprimoramento dos profissionais e acadêmicos que lá exerciam o nobre mister. O hospital foi sempre destacado como um excelente centro formador de mão-de-obra profissional, visto que apreciável parcela dos internos e estagiários que por lá perlustraram vieram a tornar-se respeitados profissionais, em diversos campos da Medicina.
Com o passar do tempo, o primitivo hospital, com capacidade para apenas 50 leitos, mostrou-se insubsistente, tornando-se premente generosa ampliação. Sua direção partiu para a construção de um novo prédio, apegado ao então existente, ampliado o terreno com a compra de imóvel vizinho. Utilizando recursos do Fundo de Assistência Social (FAS), administrado pela Caixa Econômica Federal e do Banco do Estado do Pará, em dois anos a empresa Freire & Mello concluiu o novo São Marcos (1982), obedecendo aos mais atualizados ditames da técnica de construção e organização hospitalar vigentes, tornando-se, à época, um dos mais modernos e bem equipados nosocômios do Pará. No antigo prédio ficaram parte da infra-estrutura básica e a administração, bem como o serviço de Pronto-Atendimento. (Fig.2).
Com a capacidade agora ampliada para mais de cento e cinqüenta leitos, é de ressaltar que essa nova edificação passou a contar, também, com instalações diferenciadas para Obstetrícia (Maternidade). Ponto alto foi – e ainda é – o Centro de Terapia Intensiva-CTI, dispondo de doze leitos, incluindo tratamento intensivo e semi-intensivo e um leito de isolamento para pacientes com sepse. Essa indispensável unidade de apoio terapêutico tornou possível, de imediato, a instalação do serviço de cirurgia cardiovascular, contando com o concurso, de médicos do próprio quadro acionário da instituição (ampliado, que fora, com a entrada de mais dezessete novos acionistas), os Drs. Manoel Maneschy, Luiz Paulo Rangel Gomes da Silva e Haroldo Koury Maués, cirurgiões e Paulo da Silva Monteiro, cardiologista clínico. Esse serviço foi o pioneiro, em nossa cidade, na realização permanente e continuada (e não de forma episódica ou com equipes forâneas) de intervenções cardíacas de todos os tipos, que se praticavam em média de duas a três, semanalmente, durante vários anos. Outro serviço arrolado dentre os dianteiros em Belém foi o de neurocirurgia.
Com a transferência integral do controle acionário e conseqüente mudança administrativa, em 1998, para os sócios do Centro Cardiológico do Pará, o Hospital passou a denominar-se HOSPITAL CENTROCÁRDIO e finalmente, com a dissolução parcial da razão social do supradito Centro Cardiológico do Pará, em 2001, o hospital teve alterado novamente seu nome de fantasia para HOSPITAL DO CORAÇÃO.
Foram, portanto, exatos 30 anos de bons e inestimáveis serviços prestados pelo modelar hospital belenense à população pobre, sofrida e quase sempre desassistida dos assim chamados poderes constituídos, a par do constante e proficiente trabalho de formação e orientação dos acadêmicos e médicos recém-formados que lá buscavam campo fértil para as suas vivências e sedimentações profissionais.
Estava assim constituída a última Diretoria executiva do Hospital São Marcos: Sérgio Martins Pandolfo, Diretor Superintendente; Idalércio de Andrade Moreira, Diretor Administrativo e Joaquim Luiz de Matos, Diretor-Financeiro, que, cumulativamente, exercia também as funções de Diretor-Técnico do nosocômio.
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(*) Excerto (Capítulo) do livro “A Sociedade Médico-Cirúrgica e a Medicina no Pará”, Ed. SMCPA, Sagrada Família, Belém, 2002.
(**) Médico e Escritor. ABRAMES/SOBRAMES
serpan@amazon.com.br - sergio.serpan@gmail.com
Nota: ver fotos no Site do Escritor: www.sergiopandolfo.com ou siga o link:
http://www.recantodasletras.com.br/escrivaninha/album/album_fotos.php?ida=6118
A foto no alto da página é da Sala da Diretoria do HSM, de onde, por mais de 20 anos, dirigimos a instituição.
Sérgio Martins Pandolfo**
“Hospital é uma casa que por infelicidade se procura e por felicidade se encontra”. Ruy Carneiro, ex-Senador, PB
"Non vis sed arte" - dístico do Hospital
Em um prédio de linhas modernas e arrojadas, edificado em amplo terreno arborizado e ajardinado, que até havia pouco servira de residência ao ex-Governador do Estado, o General Moura Carvalho, foi solenemente inaugurado, em 31 de julho de 1968, o Hospital São Marcos, com propostas inovadoras e pioneiras no campo da medicina então praticada nesta cidade. O imóvel, conquanto respeitando e conservando as linhas originais que o distinguiam, fora inteiramente reformado e tecnicamente adaptado pela firma Freire & Mello para servir às especialidades médico-cirúrgicas em geral e, característica marcante que sempre foi sua marca indelével: aberto à classe médica. (Fig.1)
Fruto do idealismo e esforço conjunto de um grupo de médicos de Belém, imbuídos do propósito comum de minorar o angustiante problema de falta de leitos hospitalares em nossa capital, assim como dispor de oficina de trabalho para seus cometimentos profissionais, a novel instituição passou a prestar assistência assim a pacientes da previdência social como aos de convênios e particulares, sendo seu Corpo Clínico integrado pelos seguintes especialistas: Antonio Carlos Fontelles de Lima (proctologista); Raymundo Dhélio Guilhon (clínico geral); Fortunato Jayme Athias (cirurgião geral); João Garibaldi Martins Vianna (anestesiologista); Hamilton Rodrigues Franco (tocoginecologista); Heraldo Tavares Neves (proctologista); Scylla Lage da Silva Filho (proctologista) e Sérgio Martins Pandolfo (tocoginecologista), todos acionistas-fundadores, além de outros profissionais não pertencentes à sociedade acionária. O Dr. Orlando de Almeida Pinto, distinguido cirurgião e exímio proctologista que integrava o grupo desde o início, lamentavelmente veio a falecer antes do ato inauguratório, mas seu nome ficou perenizado na instituição, dado que foi ao moderno e funcional Centro Cirúrgico. A primeira Diretoria ficou composta pelos Drs. Garibaldi Vianna, Sérgio Martins Pandolfo e Fortunato Athias. A realçar, desde suas primeiras atividades, a valorização e fomento de intensa e diversificada programação científica, levada a efeito por seu Centro de Estudos, visando à atualização e aprimoramento dos profissionais e acadêmicos que lá exerciam o nobre mister. O hospital foi sempre destacado como um excelente centro formador de mão-de-obra profissional, visto que apreciável parcela dos internos e estagiários que por lá perlustraram vieram a tornar-se respeitados profissionais, em diversos campos da Medicina.
Com o passar do tempo, o primitivo hospital, com capacidade para apenas 50 leitos, mostrou-se insubsistente, tornando-se premente generosa ampliação. Sua direção partiu para a construção de um novo prédio, apegado ao então existente, ampliado o terreno com a compra de imóvel vizinho. Utilizando recursos do Fundo de Assistência Social (FAS), administrado pela Caixa Econômica Federal e do Banco do Estado do Pará, em dois anos a empresa Freire & Mello concluiu o novo São Marcos (1982), obedecendo aos mais atualizados ditames da técnica de construção e organização hospitalar vigentes, tornando-se, à época, um dos mais modernos e bem equipados nosocômios do Pará. No antigo prédio ficaram parte da infra-estrutura básica e a administração, bem como o serviço de Pronto-Atendimento. (Fig.2).
Com a capacidade agora ampliada para mais de cento e cinqüenta leitos, é de ressaltar que essa nova edificação passou a contar, também, com instalações diferenciadas para Obstetrícia (Maternidade). Ponto alto foi – e ainda é – o Centro de Terapia Intensiva-CTI, dispondo de doze leitos, incluindo tratamento intensivo e semi-intensivo e um leito de isolamento para pacientes com sepse. Essa indispensável unidade de apoio terapêutico tornou possível, de imediato, a instalação do serviço de cirurgia cardiovascular, contando com o concurso, de médicos do próprio quadro acionário da instituição (ampliado, que fora, com a entrada de mais dezessete novos acionistas), os Drs. Manoel Maneschy, Luiz Paulo Rangel Gomes da Silva e Haroldo Koury Maués, cirurgiões e Paulo da Silva Monteiro, cardiologista clínico. Esse serviço foi o pioneiro, em nossa cidade, na realização permanente e continuada (e não de forma episódica ou com equipes forâneas) de intervenções cardíacas de todos os tipos, que se praticavam em média de duas a três, semanalmente, durante vários anos. Outro serviço arrolado dentre os dianteiros em Belém foi o de neurocirurgia.
Com a transferência integral do controle acionário e conseqüente mudança administrativa, em 1998, para os sócios do Centro Cardiológico do Pará, o Hospital passou a denominar-se HOSPITAL CENTROCÁRDIO e finalmente, com a dissolução parcial da razão social do supradito Centro Cardiológico do Pará, em 2001, o hospital teve alterado novamente seu nome de fantasia para HOSPITAL DO CORAÇÃO.
Foram, portanto, exatos 30 anos de bons e inestimáveis serviços prestados pelo modelar hospital belenense à população pobre, sofrida e quase sempre desassistida dos assim chamados poderes constituídos, a par do constante e proficiente trabalho de formação e orientação dos acadêmicos e médicos recém-formados que lá buscavam campo fértil para as suas vivências e sedimentações profissionais.
Estava assim constituída a última Diretoria executiva do Hospital São Marcos: Sérgio Martins Pandolfo, Diretor Superintendente; Idalércio de Andrade Moreira, Diretor Administrativo e Joaquim Luiz de Matos, Diretor-Financeiro, que, cumulativamente, exercia também as funções de Diretor-Técnico do nosocômio.
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(*) Excerto (Capítulo) do livro “A Sociedade Médico-Cirúrgica e a Medicina no Pará”, Ed. SMCPA, Sagrada Família, Belém, 2002.
(**) Médico e Escritor. ABRAMES/SOBRAMES
serpan@amazon.com.br - sergio.serpan@gmail.com
Nota: ver fotos no Site do Escritor: www.sergiopandolfo.com ou siga o link:
http://www.recantodasletras.com.br/escrivaninha/album/album_fotos.php?ida=6118
A foto no alto da página é da Sala da Diretoria do HSM, de onde, por mais de 20 anos, dirigimos a instituição.