TABEBUIA AVELLANEDAE, ou simplesmente, IPÊ ROXO
Sandra Fayad
Nesta época do ano, em que já se instala a “estação da seca” em Brasília, percebe-se em toda a parte o aumento de cores na vegetação. O sol pleno, entremeado pelo sibilar do vento frio, colabora com a natureza, fazendo desabrochar flores por toda parte, como se quisessem compensar-nos pela chegada da aridez desértica do inverno. De fato, tanta beleza nos distrai e nos alimenta com coragem para resistir bravamente à adversidade do clima nos próximos cinco meses.
Uma das mais belas espécies que enfeitam a região é o ipê, adjetivado de acordo com a cor das suas flores. Há ipê amarelo, branco, rosa... Mas o mais famoso deles é o ipê roxo, cujo nome científico é Tabebuia avellanedae, com características muito interessantes. Por causa da sua coloração rosa e lilás intensos é muito bem vindo em praças, jardins públicos e na arborização de ruas, avenidas, estradas e alamedas e também na recomposição da mata ciliar. Apesar de ser indicada para arborização urbana, não se recomenda plantar essa árvore próximos a calçadas estreitas, com menos de dois metros e meio de largura, em locais com fiação aérea e ausência de recuo predial, porque a espécie atinge, na fase adulta, de cinco a oito metros de altura, com o raio da copa variando em torno de quatro a cinco metros.
Pouco antes da floração suas folhas caem e surgem, no ápice dos ramos, magníficas panículas com numerosas flores tubulosas, perfumadas e atrativas para abelhas e pássaros. Por causa dessa formação tão parecida com bolas de flores nos galhos, os botânicos que a descreveram pela primeira vez, deram-lhe o nome de "árvore buquê".
Vaidoso, o ipê roxo sai na frente dos de outras cores, mostrando sua beleza do início de junho até o final de setembro e, ainda, frutifica de julho a novembro. Versátil, adapta-se bem ao clima tropical úmido e subúmido com inverno seco, mas sobrevive também no clima subtropical, com verão quente. Tem preferências por temperaturas entre 18 a 26 graus centígrados.
Mas não é só de aparência que vive essa espécie. Praticamente toda a árvore produz e fornece matéria prima de excelente qualidade que tem surpreendentes aplicações.
O tronco do ipê roxo tem sido utilizado em larga escala na construção civil para confeccionar dormentes, tacos, portais, postes, eixos de roda, vigas; na construção naval como quilhas de navio; no mobiliário em geral em batentes e degraus de escadas; em instrumentos musicais, bolas de boliche, entre outros.
Da casca são extraídos ácidos, sais alcalinos e corante, que é usado para tingir algodão e seda, sem contar que está entre os produtos amazônicos mais procurados, com reconhecido poder medicinal.
Da entrecasca faz-se um chá que é usado no tratamento de gripes e depurativo do sangue.
As folhas são utilizadas contra úlceras sifilíticas e blenorrágicas. A espécie também tem propriedades anti-reumáticas e anti-anêmicas.
É tido como um poderoso auxiliar no combate a determinados tipos de tumores cancerígenos. É usado também como analgésico e como auxiliar no tratamento de doenças estomacais e da pele.
A extração predatória realizada durante anos quase levou a espécie à extinção. Devido à atuação governamental reclamada pela comunidade científica a produção, em princípio, é protegida, explorada e comercializada com a observância de critérios adequados. Um dos produtos mais importantes extraído do ipê roxo é o Lapachol, marca do princípio ativo naftoquinona, com reconhecida ação antiinflamatória, analgésica, antibiótica e antineoplásica (ataca qualquer tumor, benigno ou maligno).
O Laboratório Estatal de Pernambuco (Lafepe) é o proprietário da marca Lapachol desde 1978. Mas em 1969 já produzia e comercializava o produto como auxiliar no tratamento do câncer. Atualmente, a estatal pernambucana tem acordo com o Hospital Sírio Libanês, de São Paulo, na pesquisa de ensaios clínicos em seres humanos em tratamento de câncer, primordialmente o câncer de próstata.
Tão admirado pelos visitantes e transeuntes, cantado em versos e lido nas costumeiras crônicas da cidade, o Ipê Roxo já faz parte da tradicional paisagem brasiliense. Emociono-me diante dessa maravilha carregada de flores cada vez mais belas nas Quadras e Entrequadras, ao longo do Eixão, nos Parques e Chácaras que rodeiam a cidade, especialmente agora, quando contrasta com o brilho azulado e intenso do céu e o heróico e persistente verde dos gramados. É bom saber que ele só sairá de cena para dar lugar às bem aventuradas chuvas tardias da primavera, lá pelo mês de outubro.
Sandra Fayad
Nesta época do ano, em que já se instala a “estação da seca” em Brasília, percebe-se em toda a parte o aumento de cores na vegetação. O sol pleno, entremeado pelo sibilar do vento frio, colabora com a natureza, fazendo desabrochar flores por toda parte, como se quisessem compensar-nos pela chegada da aridez desértica do inverno. De fato, tanta beleza nos distrai e nos alimenta com coragem para resistir bravamente à adversidade do clima nos próximos cinco meses.
Uma das mais belas espécies que enfeitam a região é o ipê, adjetivado de acordo com a cor das suas flores. Há ipê amarelo, branco, rosa... Mas o mais famoso deles é o ipê roxo, cujo nome científico é Tabebuia avellanedae, com características muito interessantes. Por causa da sua coloração rosa e lilás intensos é muito bem vindo em praças, jardins públicos e na arborização de ruas, avenidas, estradas e alamedas e também na recomposição da mata ciliar. Apesar de ser indicada para arborização urbana, não se recomenda plantar essa árvore próximos a calçadas estreitas, com menos de dois metros e meio de largura, em locais com fiação aérea e ausência de recuo predial, porque a espécie atinge, na fase adulta, de cinco a oito metros de altura, com o raio da copa variando em torno de quatro a cinco metros.
Pouco antes da floração suas folhas caem e surgem, no ápice dos ramos, magníficas panículas com numerosas flores tubulosas, perfumadas e atrativas para abelhas e pássaros. Por causa dessa formação tão parecida com bolas de flores nos galhos, os botânicos que a descreveram pela primeira vez, deram-lhe o nome de "árvore buquê".
Vaidoso, o ipê roxo sai na frente dos de outras cores, mostrando sua beleza do início de junho até o final de setembro e, ainda, frutifica de julho a novembro. Versátil, adapta-se bem ao clima tropical úmido e subúmido com inverno seco, mas sobrevive também no clima subtropical, com verão quente. Tem preferências por temperaturas entre 18 a 26 graus centígrados.
Mas não é só de aparência que vive essa espécie. Praticamente toda a árvore produz e fornece matéria prima de excelente qualidade que tem surpreendentes aplicações.
O tronco do ipê roxo tem sido utilizado em larga escala na construção civil para confeccionar dormentes, tacos, portais, postes, eixos de roda, vigas; na construção naval como quilhas de navio; no mobiliário em geral em batentes e degraus de escadas; em instrumentos musicais, bolas de boliche, entre outros.
Da casca são extraídos ácidos, sais alcalinos e corante, que é usado para tingir algodão e seda, sem contar que está entre os produtos amazônicos mais procurados, com reconhecido poder medicinal.
Da entrecasca faz-se um chá que é usado no tratamento de gripes e depurativo do sangue.
As folhas são utilizadas contra úlceras sifilíticas e blenorrágicas. A espécie também tem propriedades anti-reumáticas e anti-anêmicas.
É tido como um poderoso auxiliar no combate a determinados tipos de tumores cancerígenos. É usado também como analgésico e como auxiliar no tratamento de doenças estomacais e da pele.
A extração predatória realizada durante anos quase levou a espécie à extinção. Devido à atuação governamental reclamada pela comunidade científica a produção, em princípio, é protegida, explorada e comercializada com a observância de critérios adequados. Um dos produtos mais importantes extraído do ipê roxo é o Lapachol, marca do princípio ativo naftoquinona, com reconhecida ação antiinflamatória, analgésica, antibiótica e antineoplásica (ataca qualquer tumor, benigno ou maligno).
O Laboratório Estatal de Pernambuco (Lafepe) é o proprietário da marca Lapachol desde 1978. Mas em 1969 já produzia e comercializava o produto como auxiliar no tratamento do câncer. Atualmente, a estatal pernambucana tem acordo com o Hospital Sírio Libanês, de São Paulo, na pesquisa de ensaios clínicos em seres humanos em tratamento de câncer, primordialmente o câncer de próstata.
Tão admirado pelos visitantes e transeuntes, cantado em versos e lido nas costumeiras crônicas da cidade, o Ipê Roxo já faz parte da tradicional paisagem brasiliense. Emociono-me diante dessa maravilha carregada de flores cada vez mais belas nas Quadras e Entrequadras, ao longo do Eixão, nos Parques e Chácaras que rodeiam a cidade, especialmente agora, quando contrasta com o brilho azulado e intenso do céu e o heróico e persistente verde dos gramados. É bom saber que ele só sairá de cena para dar lugar às bem aventuradas chuvas tardias da primavera, lá pelo mês de outubro.
Bsb,08/06/2006
Obs.: Este texto e a bibliografia consultada fazem parte do livro "Animais que plantam gente", de Sandra Fayad, pág. 161/164, editado em 2008 e revisado em 2015 (ver mais em www.sandrafayad.prosaeverso.net)
Obs.: Este texto e a bibliografia consultada fazem parte do livro "Animais que plantam gente", de Sandra Fayad, pág. 161/164, editado em 2008 e revisado em 2015 (ver mais em www.sandrafayad.prosaeverso.net)