Um recado aos não-fumantes

Acredito seja possível que algumas pessoas já tenham-se dado ao trabalho de analisar o quanto de pernicioso, de decadente, de anti-social, de nojento e de estúpido é o hábito de fumar, seja a partir de um simples cigarro, passando pela maconha, chegando por fim ao crack. Eu usei a expressão hábito de fumar por elegância, porque isso tudo não passa de um vício maldito, que mata! Se ele matasse apenas aquele que é fraco o bastante para se deixar levar por esse caminho tão tortuoso, quão infernal, daí tudo bem, mas a coisa não é tão simples assim, porque tem muito “caroço nesse angu”, e isso vou procurar lhes mostrar.

Sabemos que mesmo o simples mercado do fumo e do cigarro envolve centenas de bilhões de dólares por ano, ao redor do mundo, principalmente porque as alíquotas de impostos incidentes correspondem a quase o valor total do preço de venda do produto, por essa razão os governos sempre deram apoio às propagandas de incentivo ao seu consumo, pouco se incomodando com a queda da saúde dos contribuintes. Acontece que, com o passar do tempo e com o aumento de viciados, essa atitude se revelou como a perfeição da idiotice, pois os gastos previdenciários, seja por afastamentos temporários de trabalhadores ou por aposentadorias por invalidez, foram se juntando com os custos da saúde pública, através de internamentos, remédios, corpo de médicos, postos de saúde, ambulâncias etc., com isso provocando o aumento assustador de despesas, de forma mais do que proporcional à arrecadação, tudo causado diretamente pela queima do tabaco e das suas consequências funestas na saúde das pessoas que fumam, incluindo também os próprios familiares e mais aqueles que compartilham o mesmo ambiente ao seu redor, assim conhecidos como fumantes passivos. É esse o motivo pelo qual, hoje, os governantes gastam milhões para fazerem toda sorte de publicidade, alertando a todos dos perigos que correm os fumantes contumazes.

Alguém poderá achar, no mínimo, estranho o fato de eu estar me dirigindo diretamente aos não-fumantes, em lugar de focar os viciados, para que eles possam ser alertados contra as mazelas que pendem sobre suas cabeças. Agora vou perguntar: _Será que existe algum ser humano que ainda acredite ser possível surtir algum efeito qualquer forma de convencimento e de explanações dirigidas a esses incautos, que não seja unicamente através da concretização da própria desgraça, como, por exemplo, a amputação de uma perna, o sofrimento pela bronquite asmática, o enfisema pulmonar, o AVC, o ataque cardíaco, o câncer etc.? Pois é, simplesmente estou querendo ganhar tempo, sem desperdiçar munição, procurando fazer um trabalho preventivo de elucidação junto às pessoas de bom senso, que não se inclinaram a entrar numa “roubada” como essa.

Penso não haver necessidade de entrar em maiores detalhes a respeito dos terríveis malefícios provocados pelas drogas alucinógenas, tanto no campo da saúde, como no econômico-financeiro e, principalmente, no campo da violência, portanto vou me ater apenas ao cigarro, que também é uma droga de poderes altamente destrutivos, senão vejamos: O alto valor agregado dos impostos sobre o produto incentiva a prática do contrabando, com o consequente não pagamento de tributos. Ora, por detrás dessa prática segue toda uma plêiade de traficantes, pistoleiros, “mulas”, receptadores e demais corjas do submundo do crime, que não vacilam em matar e sequestrar. Por outro lado, dentro da legalidade, os próprios industriais dos cigarros usam de recursos sórdidos, acrescentando ao fumo substâncias tóxicas, cuja função não é mais do que aumentar o poder de dependência do fumante ao produto, levando-o assim à compulsão irracional e ilimitada.

Senhores não-fumantes, fiquem atentos com o comportamento de seus descendentes, pois não só a maconha, o ópio, a cocaína, a heroína e o crack são sinônimos de aleijão ou de morte, pois o cigarro também leva à dependência irreversível e autodestrutiva, e o que é pior, dentro da lei, da normalidade e do social, o que dificulta os trabalhos de combate frontal contra toda a desgraceira que vem agregada ao simples hábito de fumar.

Moacyr de Lima e Silva
Enviado por Moacyr de Lima e Silva em 25/07/2009
Reeditado em 18/10/2011
Código do texto: T1719474