5 desafios hodiernos aos cristãos
1) Construir a capacidade de perceber a realidade
• Superar o isolamento (mesmo em meio à multidão) e o individualismo. A realidade existe e produz efeitos que afetam a todas as pessoas. Questionar a realidade que se impõe como a única e que fazem parecer imutável; construir novas realidades.
• Não se iludir com grande quantidade de informações, de propagandas ou mesmo com as novas tecnologias. O consumo de bens e informações não significa que estamos sendo felizes.
• Interpretar a realidade que vivemos como graça (presença de Deus) ou pecado (ausência de Deus), de modo a que possamos tomar uma posição significativa no presente. Não existe neutralidade, bem como ser a-político.
2) A vida humana se dá na cultura e na História
• Valorizar o modo de vida da comunidade em que você vive. É nesta realidade cultural que você está construíndo suas referências humanas. O jeito de viver de nosso povo não é melhor ou pior, é aquele que lhe dá identidade.
• Nem tudo o que existe em nossa cultura é bom ou positivo, é preciso tomar uma atitude ética diante das situações vivenciadas; Não basta criticar ‘as elites’, os ‘corruptos’, as pessoas que se ‘vendem’, é preciso ir além, isto é, o que você faria nas mesmas circunstâncias?
• Não perder de vista o caminho percorrido pelo povo brasileiro e de modo particular do DF. Somos herdeiros de uma história de lutas, de martírio, de repressão e também de vitórias. O testemunho arrasta e faz crescer o grupo dos que querem mudar a realidade.
• Jesus viveu uma espiritualidade marcada pela história do povo de Deus, pois, para Israel era um fato de fé acreditar que em tudo Deus participava e exigia de seu povo uma resposta adequada.
• Superar o imediatismo, pois de fato, uma oportunidade perdida não significa o fim de tudo, e em tudo o que se faz é preciso estar atento ao tempo necessário (há um tempo para cada coisa, e o que importa é ser feliz).
3) Pensar a realidade como um todo: complexa e ao mesmo tempo cheia de sentido
• Apesar de nem sempre ser fácil definir os papeis que vivemos: filho (a), irmão (a), estudante, sub-empregado (a), universitário (a), namorado (a). marido, esposa ...Em tudo isto deve haver uma pessoa integral, alguém que pensa e vive a vida.
• É impossível sermos integrais se há a nossa volta situações em que o ser humano é menos, onde ocorre violência e falta de respeito pela vida. Não somos uma ilha.
4) Diga não a uma espiritualidade desencarnada:
• Jesus reuniu os mandamentos em dois: amar a Deus e ao próximo, se não fazemos isto e acreditamos que estamos vivendo uma espiritualidade, com certeza estamos mentindo – para nós, para a comunidade e para Deus -. Todo amor se traduz em atitudes, não ama quem nada faz de concreto pela vida (até de seus inimigos e de pessoas que você não conhece).
• A fé não é um assunto meramente pessoal, quem crê vive em comunidade, ou sua crença é apenas uma ideologia religiosa. O intimismo é um dos grandes problemas de nosso tempo, pois, muitos de nós acredita que basta fechar os olhos, fazer uma meditação e ‘conversar diretamente com Deus’ que tudo fica bem, e a salvação será um assunto particular. Na Bíblia é o povo que se salva ou se condena.
• Abertura ao diálogo com as pessoas, grupos e movimentos que também querem viver a construção do Reino de Deus. Neste sentido, assumir uma atitude militante de diálogo ecumênico (sempre que possível) e somar-se aos esforços pela paz, melhorias no bairro, defesa ecológica...
5) Não servir a dois senhores:
• Quem crê em Jesus deve ser uma pessoa diferente, suas atitudes devem traduzir uma prática social, uma vivência de igreja e uma utopia que esteja voltada para a construção do Reino de Deus.
• A esperança só produz resultados se for acompanhada de outras virtudes, tais como: a perseverança, a solidariedade, o diálogo, a confiança nos outros, a prática da justiça.
• No Natal somos todos desafiados a fazer uma escolha: Jesus ou Herodes; a lógica do mercado ou a lógica da solidariedade.