O perigo do voto evangélico... a ferrenha disputa dos políticos pela captura eleitoral dessa grande massa humana, ingênua, de boa-fé, mas facilmente manipulável
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Eles já representam mais de 1/3 da população brasileira, caminhando para os 40%. Em 2010, segundo o censo do IBGE, eles já eram 42,3 milhões de habitantes, correspondendo a 22.2% da população brasileira, estimada à época, em 190,7 milhões de habitantes.
Em 2022, e ainda segundo o IBGE, eles já eram 32,8% da população brasileira. Estão em crescimento acelerado e (por enquanto), a uma taxa de 0,8% ao ano e aumentando. Crescem mais do que a taxa média do crescimento populacional, que hoje está em 0,5% ao ano, segundo o IBGE. Estima-se que a partir de 2030-32 ultrapassarão os católicos, tornando-se a religião predominante do país. Em números absolutos, pode-se dizer que hoje (2024),. os evangélicos já beiram os 74 milhões, fazendo os cálculos com esses parâmetros. Isso corresponde, aproximadamente, a 34,4% da população, calculada pelo úlltimo censo do IBGE (2020) e corrigida em julho/2024 para 212,5 milhões de habitantes.
Ora, se tínhamos 156 milhões de eleitores aptos a votar em 2024, conforme TSE, estamos falando em 53,8 milhões de votos evangélicos a serem disputados e conquistados. Nenhum político, com um mínimo de experiência, pode ignorar isto, ou seja, quem estiver bem com os evangélicos, estará bem de voto. E como se conquista o voto evangélico? É muito fácil (ver o que fez Bolsonaro): basta que os candidatos sejam carismaticos, usem um discurso hipócrita conservador, defendam as pautas de costume e o nome de "Deus". É isso que conquista o eleitorado evangélico, que tende a votar em candidatos de direita ou extrema direita, que são os que declaram defender (verdadeiramente ?) essas pautas...
O crescimento da população evangélica: um cenário presente e futuro
Percebam que os cálculos e projeções da figura 2, feitos com outra metodologia, não diferem muito dos da figura 1, principalmente, ao se chegar ao ano de 2030 (39,2% de evangélicos, contra 38,5%, da figura 1).
Por recomendações sugeridas pelo próprio IBGE, optei pelo critério de adotar uma taxa média de crescimento anual (evangélicos) de 0,8% ao ano e outra de 0,5% ao ano para o crescimento populacional (Brasil), supondoa-as no mesmo ritmo até 2032. Mas não ha garantias de que as taxas irão permanecer estáveis por 8 anos. Seguem apenas uma tendência que se manifesta presente e recomendada, para efeito de cálculo e projeção de cenários. Claro que anomalias climáticas, catástrofes naturais, epidemias e pandemias, guerras, etc, podem alterar essas taxas. Mas se nada disso ocorrer, a regularidade tende a se manter.
Essas são as principais razões que levam os políticos a, pseudamente, defenderem as pautas dos costumes e correrem atrás desses eleitores. Eles estão em todos os bairros, em todos os lugares. Não ter o apoio do eleitorado evangélico é correr o risco altíssimo de não se eleger. Por outro lado, uma vez conseguindo o político capturar esse eleitorado, há quase uma garantia da sua fidelização eleitoral, que aumenta consideravelmente a cada ano. Tudo indica que a tendência de crescimento acelerado dos evangélicos (ver figura) permanecerá ainda por alguns pares de anos.
O perfil majoritário do eleitor evangélico
Isso não é uma avaliação preconceituosa e sim uma constatação: além de numerosos (cerca de 53,8 milhões de votantes), eles, os evangélicos, são, em sua maioria, pouco esclarecidos, cultural e politicamente, têm tendências fundamentalistas, são facilmente manipuláveis, acreditam em Deus, milagres, e na volta de Jesus (???) e se deixam dominar por seus pastores, muito deles, de caráter e idoneidade moral duvidosos. Acreditam também em falsos messias (olha o Bolsonaro aí, gente!), em propostas pseudamente conservadoras, em fake news, e podem decidir uma eleição. E não importa a que denominação religiosa pertençam (são muitas), desde que estejam sob a denominação guarda-chuva geral, "evangélicos", que é o que todos são, pelos pontos em comum que mantêm entre si. Mas cabe aqui um alerta que não pode ser contestado, em relação às pesquisas, números e falsas notícias divulgados::
Números e estatísticas, tanto podem espelhar a verdade, como a falsidade de uma situação analisada. Tudo depende da metodologia de tabulação adotada, da confiabilidade dos dados considerados, da precisão dos cálculos e projeções e, finalmente, da fidedignidade e filtragem das fontes consultadas. Estas últimas, válida também para checagem das notícias divulgadas. Evangélicos tendem a acreditar em fake news e estatisticas.
Portanto, há que se ter muito cuidado ao se elaborar ou consultar uma pesquisa. Gráficos bonitinhos e bem trabalhados podem enganar, se houver intencionalidade, erro ou má-fé na sua elaboração. Pessoas mal-intencionadas, principalmente no campo da publicidade e propaganda, dos institutos de pesquisa, dos cultos religiosos ou no campo político, costumam desvirtuar, intencionalmente, os gráficos e informações estatísticas.
Depois de sofrerem lavagens cerebrais os evangélicos dificilmente abandonam seus mestres e ficam blindados contra tudo que se disser contra os seus líderes e ministros religiosos. Eles se comportam conforme a ideia dominante da bolha em que estão. Fazem de tudo para permanecer no grupo, porque lá, se sentem protegidos e não sabem viver fora da bolha. Exagero? Veifiquem e constatem! .Tentem convencer um evangélico a sair da sua bolha, tentem convencê-los de que estão sendo enganados!
Afinal, qual o perigo do voto do eleitor evangélico e o que o difere dos outros?
Primeiramente, - e sem que isso possa parecer um preconceito e, por isso, excluidas as exceções - eles não são independentes para decidir e costumam agir em grupo, de forma igual e de acordo com o pensamento dominante do seu grupo, uma especie de "consciência coletiva", que nunca contrariam. A isso os filósofos e sociólogos convencionaram chamar de "comportamento de manada", ou seja, um vai aonde os outros vão; faz o que os outros fazem. Fidelizados ao seu grupo religioso, evitam contrariar a consciência coletiva desse grupo e tomam atitudes e posicionamentos religiosos e ideológicos, que talvez não adotassem, se decidissem sozinhos e fora do grupo.
É aí, exatamente ai, que mora o perigo: o voto evangélico tem muitissimo mais força e valor do que os votos dos cidadãos comuns, a tal ponto que, se agirem unidos (ainda bem que existe uma guerrinha interna e rivalidades entre as denominações), eles podem eleger quem eles quiserem, de deputados e senadores, até presidentes da República. E os políticos sabem disso. Confirmam a assertiva o alto número de parlamentares evangélicos no Congresso e um ex-presidente (que se apresentava, falsamente, como "evangélico"), eleitos por eles.
Mesmo com suas divisões e concorrências denominacionais, os evangélicos continuam com capacidade de decidir eleições e votações internas no Congresso. Como consequência, eles já se infiltraram na política e estão no poder político em grande número, quer na Câmara,. quer no Senado, representados pela famigerada bancada evangélica, a 2ª maior do Congresso. Bancadas suprapartidárias, tais como a evangélica. a ruralista, a da bala, a da bola, a dos bancos, a feminina, etc., não têm previsão legal nem regimental, mas existem, de fato, e são extremamente atuantes porque, sendo de natureza temática, não se subordinam às orientações de seus respectivos partidos. E quando se tornam suficientemente fortes, podem se trasformar em "frentes parlamentares", estas sim, acolhidas pela Mesa Diretora da Câmara, através do Ato nº 69/2005, que define e regula suas atribuições. Assim nasceram a "Frente Parlamentar Evangélica" e a "Frente Parlamentar Mista Evangélica" (Câmara e Senado), um osso duro de roer. Passar projetos sem negociar com esse povo? Só se eles assim quiserem, por atender total ou parcialmente aos seus interesses, senão, nem pensar.
Então, para a comunidade evangélica, basta um politico esperto, bandido, mentiroso e mau-caráter capturar esse eleitorado e eles o levarão ao poder, inclusiive à Presidência da República. Uma vez lá, e ainda que o eleito cometa as maiores barbaridades, erros, atrocidades, corrupção e autoritarismo, essa massa evangélica continuará a apoiá-lo, porque é isso que se cristalizou no DNA desses eleitores. Estão blindados para não aceitar maledicências contra o seu chefe e representante evangélico ou supostamente evangélico. Essa fantasia ele não poderá tirar.jamais, enquanto estiver no poder. Desde que se diga evangélico, defensor de pautas conservadoras e seja carismático, esse líder poderá ser considerado "ungido" e tocar seus seguidores, como ovelhas, para onde quiser, levando-os a agir como naquela brincadeirinaha de criança: "Tudo o que seu mestre mandar?. — Faremos todos!".
Vamos agora a um exemplo que ilustrará toda a teoria (posta à prova) que foi exposta aqui: o mestre, um falso Messias, diz para a turba que o apoia: "Invadam o Congresso, o Poder Executivo e o STF! Quebrem tudo que quiserem, convoquem a ajuda dos militares e tentem assumir o poder provisoriamente. Depois eu volto e reassumo". Alguém poderia duvidar que essa ordem seria cumprida?
Para finalizar, uma reflexão: Quem supostamente defende as pautas conservadoras? Politicos de direita e extrema direita; em quem os evangélicos votam? Na direita ou extrema direita. O que desejam os políticos conservadores? Uma cleptocracia; o que desejam os evangélicos? Uma teocracia evangelica; o que deseja o governante-maior? Uma autocracia (disfarçada de democracia).
Mas se eles estão unidos, sabem que tipo de governo teríamos, se tudo desse certo e o chefe voltasse? O Brasil seria uma cleptoautoteocracia evangélica. E que ninguém venha dizer que evangélicos não se importam com dinheiro e "prosperidade". Para essas finalidades, eles mudam seus valores morais, rapidinho.
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Nota: Com Informações da Pesquisa Datafolha e do IBGE, citadas no corpo do texto.