REENCARNAÇÃO E JUSTIÇA PARTE I
As existências sucessivas, neste ou noutro mundo material, onde o Espírito se une à matéria, para seu aperfeiçoamento ou para resgate de faltas cometidas, contêm em si formas de funcionamento da Justiça Divina.
Após cada existência carnal, o Espírito retém em seu corpo fluídico o resultado da nova vida. Os resgates conseguidos através de experiências trabalhosas ou dolorosas são formas de libertação de peias e débitos passados. Mas o períspirito reflete também o progresso alcançado, as virtudes incorporadas, transformando-se no maravilhoso instrumento para novas experiências.
A alma vai, assim, de degrau em degrau, conquistando os elementos de sua melhoria e de seu poder.
O Espírito, uma vez sujeito à roda das reencarnações, terá que se libertar dela por suas próprias experiências e esforços.
Como a lei divina respeita a liberdade de escolha de cada ser, existem os que aproveitam as oportunidades de rápido progresso e os que se tornam rebeldes, desafiando, por tempo indeterminado, a misericórdia e a justiça da Lei.
Temos evidência disso em todos os círculos da vida humana no nosso planeta.
Por toda parte encontram-se criaturas votadas ao Bem, que embora imperfeitas, esforçam-se continuamente por se tornarem melhores, a cada dia, eu trabalham, vivem e sofrem, auxiliam seus semelhantes, enfrentam as dores físicas e morais sem se deixarem abater pelo desânimo. Têm como que uma antevisão do futuro melhor que as espera.
Ao passo que outras se deixam envolver pelo extremo egoísmo, ou pela insensibilidade diante de seus semelhantes, cujas consciências já não reagem diante do sofrimento alheio. Chafurdam-se no mal e pervertem-se cada vez mais em diferentes vícios morais, sem nenhuma perspectiva de transformação num futuro próximo.
É lógico que a Lei não abandona essas criaturas, já que todos fomos criados para a felicidade. Há meios de as impelir para o progresso, só que são mecanismos extremamente dolorosos.
O destino de todas as criaturas é o mesmo: a procura das perfeições divinas.
Mas os caminhos são diversos. Ou a criatura constrói sua consciência voltada para o bem, o bom e o belo, de forma voluntária, retificando seus enganos através de recomeços, nas vidas sucessivas, ou o Espírito rebelde é compelido à evolução através do sofrimento, até que reconheça a necessidade de abdicar da ilusão do mal.
A vida, para o Espírito, é luta permanente, é crescimento no bem. A inação a prática do mal é tempo perdido em sua vida, que lhe cumpre recuperar, quando compreende o que é e o que lhe cumpre realizar.
Pela Lei dos renascimentos sucessivos o Espírito vai-se transformando, em busca da perfeição. Chega a um ponto em que alcançou seus objetivos. Não mais está sujeito ao círculo das reencarnações nos mundos materiais como o nosso.
É a conquista do saber e do amor.
É a ressurreição da alma, para a felicidade que a espera.
Esse estágio não significa que não mais conviva com seus irmãos da retaguarda. Poderá fazê-lo para ajudá-los, esclarecê-los, concitá-los ao bem, como o fizeram os grandes missionários perante a humanidade.
Juvanir Borges de Souza
Revista Reformador/ ano 113/ fevereiro 1995/ n° 1.991– pag. 7-8
Federação Espírita Brasileira