Eleitos E Escolhidos: Perspectivas Com Valor Teológico Na Bíblia
Quais as diferenças entre os eleitos e os escolhidos a ser consideradas para a Salvação conforme preceitos e fundamentos bíblicos?
A terminologia “eleitos” e “escolhidos” é frequentemente usada de forma intercambiável na teologia cristã e na Bíblia para descrever aqueles que são destinados à salvação. No entanto, a interpretação específica desses termos pode variar entre diferentes tradições teológicas. Abaixo, vamos explorar como esses conceitos são entendidos dentro dos preceitos e fundamentos bíblicos, bem como as distinções que algumas tradições podem fazer entre eles.
1. Eleitos (Eleição)
Definição:
A eleição refere-se à escolha soberana de Deus de certas pessoas para a salvação antes da fundação do mundo, baseada em Sua vontade e propósito.
Base Bíblica:
Efésios 1:4-5: “Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade.”
Romanos 8:29-30: “Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou.”
Interpretação Calvinista:
Eleição Incondicional: Deus escolhe os eleitos com base em Sua própria vontade soberana e não em qualquer mérito ou ação prevista dos indivíduos. A eleição é vista como um ato de graça imerecida.
Interpretação Arminiana:
Eleição Condicional: Deus elege aqueles que Ele prevê que responderão à Sua graça com fé e perseverança. A eleição é baseada na presciência de Deus sobre a resposta humana.
2. Escolhidos (Escolha)
Definição:
A escolha refere-se à chamada ou seleção de indivíduos ou grupos para um propósito específico de Deus, que pode incluir a salvação, mas também pode se referir a outras vocações ou missões divinas.
Base Bíblica:
1 Pedro 2:9: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.”
Mateus 22:14: “Porque muitos são chamados, mas poucos são escolhidos.”
Interpretação Calvinista:
Escolha para a Salvação: Aqueles que são escolhidos para a salvação são também os eleitos. A escolha de Deus é vista como um aspecto da Sua eleição soberana.
Escolha para Propósitos Específicos: Além da salvação, Deus também escolhe indivíduos ou grupos para missões ou tarefas específicas, como Israel no Antigo Testamento ou a igreja como corpo de Cristo.
Interpretação Arminiana:
Escolha com Base na Resposta: A escolha pode ser vista como relacionada à resposta humana à graça de Deus. Deus escolhe aqueles que Ele sabe que responderão com fé.
Escolha para Funções Específicas: Semelhante à visão calvinista, a escolha pode se referir a Deus designando pessoas para funções ou propósitos específicos dentro do Seu plano redentor.
Diferenças e Classificação:
Natureza da Escolha/Eleição:
Calvinismo: A eleição é incondicional e baseada na soberania de Deus. Todos os eleitos são escolhidos para a salvação sem consideração de qualquer mérito ou ação humana.
Arminianismo: A eleição é condicional e baseada na presciência de Deus sobre a resposta humana. Deus escolhe aqueles que Ele sabe que terão fé.
Graça:
Calvinismo: A graça é irresistível para os eleitos. Aqueles que são escolhidos por Deus responderão à Sua graça e serão salvos.
Arminianismo: A graça é preveniente, capacitando todos a responder, mas resistível. A escolha de Deus depende da resposta livre do indivíduo à Sua oferta de salvação.
Perseverança:
Calvinismo: Os eleitos perseverarão até o fim, pois a graça de Deus os sustentará.
Arminianismo: A perseverança depende da continuidade da fé do indivíduo. É possível cair da graça e perder a salvação.
Conclusão:
As diferenças entre os “eleitos” e os “escolhidos” estão principalmente na forma como esses termos são entendidos e aplicados dentro dos sistemas teológicos do Calvinismo e Arminianismo. Ambas as tradições buscam ser fiéis às Escrituras, mas diferem em sua interpretação da soberania de Deus, da graça e da responsabilidade humana. A escolha entre essas interpretações muitas vezes dependerá da tradição teológica e das convicções pessoais de cada indivíduo.
O que Diz a Bíblia?
Para explorar com mais profundidade a terminologia “eleitos” e “escolhidos” na teologia cristã, aqui estão algumas passagens bíblicas do Antigo e Novo Testamento que fornecem base para essas ideias, conforme interpretadas em diferentes tradições teológicas:
Antigo Testamento
Deuteronômio 7:6-8
Contexto: Deus escolhe Israel como Seu povo especial.
Texto: “Porque tu és povo santo ao Senhor teu Deus; o Senhor teu Deus te escolheu para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra. O Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos. Mas, porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que jurara a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão poderosa, e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito.”
Isaías 42:1
Contexto: A escolha do servo do Senhor.
Texto: “Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu eleito, em quem se compraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele; ele trará justiça aos gentios.”
Novo Testamento
Efésios 1:4-5
Contexto: Eleição e predestinação dos crentes em Cristo.
Texto: “Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade.”
Romanos 8:29-30
Contexto: A ordem da salvação (ordo salutis).
Texto: “Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou.”
1 Pedro 2:9
Contexto: A identidade e o propósito do povo de Deus.
Texto: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.”
Mateus 22:14
Contexto: A parábola do banquete de casamento.
Texto: “Porque muitos são chamados, mas poucos são escolhidos.”
Interpretações Teológicas
Calvinismo
Eleição Incondicional:
Deus escolhe os eleitos com base em Sua própria vontade soberana, independentemente de qualquer mérito ou previsão de ação humana.
Efésios 1:4-5: Destaca a eleição antes da criação do mundo, baseada na vontade de Deus.
Romanos 9:11-13: Ilustra a eleição de Jacó e Esaú antes de nascerem, sem considerar obras.
Perseverança dos Santos:
Aqueles que são verdadeiramente eleitos por Deus perseverarão na fé até o fim.
João 10:28-29: Jesus promete a vida eterna aos Seus escolhidos, assegurando que ninguém os arrancará de Suas mãos.
Arminianismo
Eleição Condicional:
Deus elege aqueles que Ele prevê que responderão à Sua graça com fé.
Romanos 8:29-30: A eleição é baseada na presciência de Deus sobre a resposta humana.
1 Pedro 1:1-2: Descreve os eleitos segundo a presciência de Deus Pai.
Possibilidade de Cair da Graça:
Os crentes podem cair da graça e perder sua salvação se se afastarem da fé.
Hebreus 6:4-6: Alerta sobre a impossibilidade de renovar ao arrependimento aqueles que uma vez foram iluminados e depois caíram.
2 Pedro 2:20-22: Descreve a condição pior daqueles que, após terem escapado das corrupções do mundo, são novamente envolvidos nelas.
Conclusão
As passagens bíblicas sobre “eleitos” e “escolhidos” fornecem uma base rica para entender como esses conceitos são vistos dentro das diferentes tradições teológicas. O Calvinismo enfatiza a soberania de Deus e a eleição incondicional, enquanto o Arminianismo coloca ênfase na presciência de Deus e na resposta humana à graça. A interpretação dessas escrituras pode variar, refletindo as nuances e convicções teológicas de cada tradição.