6 - Caridade x Inveja - análise dos afrescos de Giotto para este par de virtude e vício

“Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males.” Tiago 3:16

“Quem fecha os ouvidos ao clamor dos pobres também clamará e não terá resposta.” Provérbios 21:13

Caridade e Inveja é o par de virtude e vício associados ao direcionamento do intelecto, sentidos e vontade para com o outro e para com Deus.

A caridade se constitui em uma antecipação do Céu, na alegria do amor a Deus pelo servir ao irmão.

A inveja, por sua vez, é a vivência de um inferno terreno, uma tristeza por não enxergar méritos e bens no outro e em si mesmo.

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A caridade, o maior fruto do espírito. É representada por jovem mulher, coroada de flores, com uma círculo de luz em volta da cabeça e uma pequena chama sobre o círculo. A figura está de pé sobre sacos de mantimentos e dinheiro, olha para o alto com expressão feliz e boca aberta. Numa mão segura em baixa altura uma cesta com frutos da terra e com a outra mão entrega para Deus um fruto em formato de coração. Simboliza pessoa virtuosa e santa, desapegada de bens terrenos, em sublime atitude de entrega de sua vida a Deus.

A inveja é representada por uma idosa numa fogueira, com chifres saindo de um turbante e longas unhas. Simbolizando o inferno já vivenciado pelo invejoso, devido a distância de Deus indicada pela aparência bestial, apesar do conhecimento da doutrina religiosa que o turbante indica.

Grandes orelhas à mostra, cabelos ocultos significam atenção mas insensibilidade a respeito dos outros. Pela sua boca sai uma cobra que se volta para os olhos da idosa. Uma de suas garras avança pra frente e a outra segura firmemente uma sacola amarrada com o mesmo cordão da cintura. Simboliza confusão, maledicência, avareza, apego ao terreno; tristeza em relação aos bens do outro e cegueira em relação aos seus próprios bens.

Como a inveja é um tipo de tristeza, o gozo dos prazeres ordinários como atividades lúdicas, banho de sol e de contemplação do belo e do verdedeiro em obras artísticas, assim como a gratidão pelos bens terrenos e graças divinas que temos são remédios uteis contra a inveja.

Entender que bem algum será capaz de satisfazer um coração que espera o infinito faz o indivíduo perder interesse por bens alheios e ir em auxiliar ao próximo com seus bens supérfluos e talentos. O desejo de infinito do homem não pode ser preenchido com bens finitos, mas somente por Deus.

“Inveja e ira encurtam os anos, e a preocupação faz envelhecer antes do tempo.” Eclesiástico 30:24