Justiça x Injustiça - análise dos afrescos de Giotto para este par de virtude e vício

“Quando se faz justiça, o justo se alegra, mas os malfeitores se apavoram” Provérbios 21:15

“no lugar do juízo havia impiedade, e no lugar da justiça havia iniquidade” Eclesiastes 3:16

Justiça e Injustiça é o par de virtude e vício associado ao outro, ao irmão, à coisa pública, que afeta a capacidade de liderar e governar.

Os afrescos referentes à justiça e injustiça estão em destaque no meio da capela, como principal fruto/doença do caráter. Ocupa espaço maior e separa as outras três virtudes/vícios morais das três espirituais.

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A justiça é representada por uma mulher de túnica, capa e véu, coroada. Simboliza fazer jus aos frutos herdados de seus antepassados. Sentada num trono de espaldar com arcos trilobados ao estilo gótico inglês. Indica governante civilizado e piedoso. Os braços do trono apresentam imagens de um sábio sendo coroado por um anjo e um malfeitor sendo golpeado com espada por outro anjo. Significa que a função primordial do governo é ser portador da justiça, premiar o virtuoso e penalizar o criminoso. O rosto da justiça está posicionado frontalmente, ligeiramente voltado para a direita, e os anjos estão em pratos segurados por ela, com o pratos do anjo golpeando o malfeitor mais próximo dela. Significa governante clemente e destemido, cumpridor de sua missão e com preferência pelas virtudes. No friso inferior tem imagens de caça, dança e cavaleiros. Simbolizam prazeres e liberdade que cidadãos ordeiros usufruem sob governo justo. O quadro definido deste friso e a pouca vegetação de baixa estatura, limitada ao quadro, significa que a maldade do provo é muito limitada e não se propaga ao governo.

A injustiça é representada por um homem monstruoso de grandes caninos, olhos e unhas que usa chapéu com chifre que cobre orelhas, sentado sob um castelo com rachaduras, denotando um tirano ignóbil que domina uma cidade corrupta e em degradação moral, sem olhar para a desordem e sofrimento do povo. Os dois forcados do longo arpão que segura no braço livre indicam crimes de corrupção e avareza do injusto que pilha as riquezas do povo; e a espada segurada pelo braço preso à roupa, o seu poder não utilizado contra o mal. Os altos arbustos e o pé do tirano sobre o friso sem divisão definida com cenas de latrocínio e estupro presenciados por soldados inertes e copartícipes denotam a maldade que cresce tendo como raízes os crimes sem punição e a opressão do tirano, em relação simbiótica entre rei e súditos maus.

Estudar a natureza dos bens humanos é remédio eficaz para não desenvolver injustiça. O “justo” aristotélico é “dar a cada um o que lhe é devido”. As virtudes da prudência, fortaleza e temperança culminam na virtude da justiça.

“A justiça engrandece a nação, mas o pecado é uma vergonha para qualquer povo.” Provérbios 14:34