Prudência x Estultice - análise dos afrescos de Giotto para este par de virtude e vício

“Eu, a sabedoria, moro com a prudência, e tenho o conhecimento que vem do bom senso” Provérbios 8:12

“Tolo, hoje ainda serão cobradas contas de tua vida” Lucas 12:20

Prudência e Estultice é o par de virtude e vício associados à inteligência, à reflexão sobre a ação cotidiana e às escolhas sobre o que é importante. A dignidade que se dá ou julgamento que se faz a respeito do objeto de culto determina a percepção sobre si mesmo e sobre seu entorno.

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A Prudência é representada por uma figura feminina sentada a uma escrivaninha de traços retos com espaldar da cadeira adornado com rosetas, cruzes e espirais, que indicam civilidade e uso de elementos da natureza para seu conforto.

Os cabelos e um olho na nuca formam a imagem de um homem barbudo, olhar ligeiramente para baixo, tendo à sua frente um livro, examina a si mesmo e o entorno atrás de si segurando um espelho convexo numa mão e, na outra, um compasso. Estes elementos iconográficos simbolizam alguém que, com a sensibilidade formada pela filosofia, história do mundo e por analisar suas ações passadas e por fazer um paralelo sobre o passado e o presente com os instrumentos de sua contemporaneidade, busca o conhecimento de si e das demais obras de Deus. Criações estas que possuem dignidades inferiores à do homem.

A Estultice é representada por uma figura de rapaz jovem que veste-se de farrapos e penas como se fosse um rei, denotando inexperiência e falsa percepção de si mesmo. Tem na cabeça uma coroa de penas que disfarça crânio pequeno sem cabelos e olha para o alto com a boca aberta, em sinal de adoração a algo que se pode tocar, tendo na outra mão uma clava. Simbolizam superstição e culto à elementos da natureza ou coisas terrenas, que tem dignidade inferior à do homem, essa vestimenta, postura e a clava simboliza bestialidade, sentidos desordenados e selvageria.

Pés descalços no chão, grande barriga e bolas presas no largo cinto indicam alguém imprevidente, dado à gula, que fia-se em bens terrenos e que adota bens relativos como centro da sua vida.

São exemplos de bens com dignidade menor que a vida humana, por exemplo, os animais, as paisagens, a honra/reputação, as relações interpessoais, o conforto, a comida, o dinheiro. E é sinal de estultice colocar tais bens ou idealismos materialistas como objeto de culto. Pior ainda é prejudicar vidas humanas em nome destes bens ou idealismos.

Estudar é um remédio eficaz para desenvolver a prudência e combater a tolice. São exercícios eficazes a meditação sobre a metafísica realista - aquilo que está para além do físico, do pensamento de Aristóteles, de onde e quando está; do que é feito; como existe; e a meditação sobre a metafísica tomista - de São Tomás de Aquino, que estabelece relações entre a filosofia grega e a doutrina cristã.

Assim como a Prudência é a mãe de todas as virtudes, a Estultice é a porta de entrada de todos os vícios.

O desejo de infinito do homem não pode ser preenchido com bens finitos, mas somente por Deus.