SALMOS 1
“1 Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores! 2 Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite. 3 É como árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera! 4 Não é o caso dos ímpios! São como palha que o vento leva. 5 Por isso os ímpios não resistirão no julgamento, nem os pecadores na comunidade dos justos. 6 Pois o Senhor aprova o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios leva à destruição!”
Existem pelo menos duas maneiras de se ler e interpretar a Bíblia, uma é a literal, sem muito aprofundamento teológico; a outra maneira exige que o interprete conheça um pouco mais de teologia: que é o estudo da Bíblia. Então você pode observar o Salmos 1 de uma maneira bem simples e de uma maneira não muito comum.
Há no Salmos 1 um paralelismo. Os versículos 1-3 fala do justo, 4-5 fala do ímpio e 6 volta a falar do justo. E também ao compreendermos as palavras chaves dos versículos, fica mais fácil compreender o todo.
VERSO 1
“Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios.” Santo Agostinho compreende que esse homem, o verdadeiro homem feliz, é Cristo.
E é importante essa visão, pois devemos observar a Bíblia como um todo, como uma progressão. O escritor, interprete, pregador da Bíblia não pode simplesmente esquecer o que já foi dito anteriormente sobre os textos bíblicos. Temos hoje em dia acesso a muitos comentários bíblicos e os textos da Reforma, que precisamos compreender, sem jamais esquecer a Teologia Sistemática. A principio a Bíblia precisa ser interpretada pela chave, que é Cristo. Nesse, naquele ou em qualquer texto bíblico, como entra Cristo nessa história? Então Santo Agostinho interpreta o Salmos 1 como falando de Cristo Jesus. Muitos pregadores atuais ao pregar não fazem as devidas ligações entre os livros e entre os versículos, isso é um erro, pois nós precisamos compreender a Bíblia pelo todo e não separada do restante dela. Então é necessário ler qualquer parte da Bíblia com a ideia do todo. A Bíblia é uma coisa só. Tem que se ler e pregar fazendo os devidos links.
A outra maneira de lermos o texto é buscando o ensino cristão. Seguir os preceitos bíblicos, portanto divinos, dão a entender que bençãos advém disso. Qualquer pessoa que seguir a Bíblia será abençoada.
FELICIDADE – O Salmos 1 é considerado o resumo de todos os Salmos, por isso foi escolhido para ser o primeiro. Ele inicia falando de felicidade, que é a qualidade de uma pessoa plenamente satisfeita, contente, sentindo bem-estar. O desejo de todo mundo é a felicidade, o problema é como chegar a ela. O Salmos 1 nos da dicas de como conseguir felicidade.
NÃO DEVEMOS SEGUIR CONSELHOS DE PESSOAS ERRADAS – Parece óbvio, porém é difícil conseguir compreender quem são as pessoas que devemos ouvir e quem são as pessoas que não devemos ouvir. Só podemos chegar a conclusão que devemos em primeiro lugar ouvir as pessoas que tem o Espírito de Deus, a compreensão espiritual de Deus e a mente de Cristo. Isso exclui ideias de religiões não cristãs, ensinamentos racionais, mentalidade filosófica, espiritualizada ou qualquer coisa que seja contrária aos ensinos bíblicos. Exclui até mesmo muitas igrejas, ou seitas e seus ensinos duvidosos. Devemos nos cercar de conselheiros hábeis, sábios, que nos levem pra frente e não que nos faça regredir. “Na multidão de conselheiros, há segurança.” (Provérbios 11.14) Se andarmos com pessoas sábias, ficaremos sábios e andar com Deus é andar com a Sabedoria.
Mas é óbvio que muitos não cristãos tem boas ideias. Devemos pesar o que é bom e o que não é e seguir aquilo que é bom. Os filhos devem seguir os bons conselhos dos pais, dos irmãos, daqueles que lhe querem bem. Devemos buscar conselheiros para fazer o melhor. Uma maneira de saber se o conselho é bom é se deu o resultado certo, se fizermos algo e der errado, não devemos seguir por esse caminho.
IMITAÇÃO DE CONDUTAS PECADORAS – Ouvir pessoas erradas acarreta em ações erradas que vão acabar nos fazendo mal. Para buscar a felicidade não devemos imitar condutas erradas, pecadoras. E como saber o que é pecado e o que não é. A Bíblia é clara sobre o que Deus quer de nós, mas ele colocou também em cada ser humano a moralidade. Se o nosso coração não nos acusa então podemos realizar tais coisas, se o nosso coração nos acusar não podemos. Posso o que a Bíblia diz que posso e não posso o que ela diz que não posso.
CONVIVENDO COM ZOMBADORES – Três caminhos: seguir, imitar e assentar. Seguir o ímpio e imitar sua conduta vai nos fazer assentar com os zombadores. Há uma progressão de ensinamento: o ímpio vira pecador que vira zombador. A pessoa segue, imita e se assenta, o que significa que ela aceitou de vez os conselhos ímpios e a conduta pecadora. Conviver com pecador vai nos fazer pecadores. Se quer ser feliz e dar certo na vida, saia de perto de certas pessoas. O zombador aqui é aquele que nega a Palavra de Deus, que zomba dela, que a rebaixa. Toda pessoa contrária à palavra é um zombador da palavra. Saia de perto de pessoas que falem mal da palavra, de Deus ou de Cristo.
VERSO 2
SATISFAÇÃO NA LEI DO SENHOR – Se a pessoa quer a receita da felicidade, ou de uma vida plena, deve encontrar satisfação na palavra de Deus. A Bíblia é um livro de ensinamentos, dado pelo Criador da humanidade para o seu povo. É bastante interessante que só consegue ler e compreender esse livro quem é seu povo, quem não é, não gosta da Bíblia, não a compreende, não consegue ler e a até mesmo a rejeita.
MEDITAÇÃO NA PALAVRA – Meditação é uma atividade mental. É ficar analisando a palavra, ruminando o texto, até compreende-lo. Nossa sociedade ocidental não tem ideia de meditar, mas a Bíblia nos incentiva a fazer isso com a palavra. O que nos dá a entender que meditar é nos aprofundar no texto, compreendendo que nele tem profundidades que só vamos alcançar se nos determos nele.
SATISFAÇÃO - “Sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.” Santo Agostinho faz a seguinte leitura: “A lei não é destinada ao justo”, diz o Apóstolo (1Tm 1,9). Difere estar dentro da lei e estar sob a lei. Quem se acha dentro da lei, age conforme a lei; quem esta sob a lei é coagido (constrangido, obrigado) por ela. O primeiro é livre, o segundo é escravo. Por conseguinte, uma coisa é a lei escrita, imposta ao escravo e outra, a lei apreendida pelo intelecto de quem pode dispensar a letra. “Dia e noite a meditará”, sem interrupção; ou então, por “dia” entende-se a alegria, ou dias bons e por “noite” as tribulações, os dias maus. Pois, foi dito: “Abraão exultou por ver o meu dia” (Jo 8,56); e diz-se da tribulação: “Até de noite adverte-me o coração” (Sl 15,7).
VERSO 3
MEDITAR NA PALAVRA DA FRUTOS – Meditar na palavra é comparado a ser plantado junto à águas correntes, um rio. Uma árvore plantada ao lado de um rio, tem acesso constante a água e cresce saudável. Quanto mais meditarmos na palavra, mais gastarmos tempo a compreendendo, mais frutos vamos saber retirar dela. Ajuda muito não apenas ler o texto, mas compreender o espírito da letra, o sentido do que foi escrito e para quem. Se entendermos que a Bíblia foi escrita para nós sermos abençoados, então vai ficar mais fácil procurar os textos que nos abençoem. Uma vez descoberto os textos vamos orar, e profetizá-los corretamente em nossas vidas. Quando chegarmos nesse nível tudo o que fizermos vai prosperar, vai dar certo.
VERSO 4
INSTABILIDADE – “Os ímpios são palha que o vento leva.” Ao contrário da estabilidade de Deus, o ímpio anda em caminhos que são instáveis. Santo Agostinho fala: “Terra aqui significa a estabilidade em Deus, de acordo com a palavra: “O Senhor é a porção de minha herança. A minha herança é excelente” (Sl 15,5.6). “Confia no Senhor, segue seus caminhos e ele te exaltará, dando-te a terra” (Sl 36,34). Tal comparação é dada porque a terra visível nutre e contém o homem exterior; o mesmo acontece à terra invisível em relação ao homem interior. Da superfície desta terra, o vento carrega o ímpio.
Apesar de que muitas vezes achemos que o ímpio está se dando bem na vida, na verdade os seus caminhos são instáveis; contrário dos caminhos que Deus dá ao seu povo. Deus baliza, da colunas, firma os passos daquele que anda com ele. Seus caminhos são firmes. Falando de outra maneira, Deus da escolaridade ao seu povo, da compreensão das coisas, firma seus caminhos, da casa própria, emprego próprio. Quem anda com Deus Deus, Ele nos da caminhos que são firmes. Quando iniciamos a nossa jornada com Deus ainda andamos em caminhos instáveis, mas com o tempo, os ensinos bíblicos nos fazem ver e compreender os melhores caminhos e vamos optando pelo que é firme, sério e bom. Com o tempo vamos dando certo na vida.
VERSO 5
JULGAMENTO – “Portanto, os ímpios não ficarão de pé no juízo”, porque como pó serão carregados com o vento. Aquilo que os ímpios ambicionam, que é o poder de julgar, será o que lhes será tirado, pois quem julga comanda o mundo. Torna-se isso mais compreensível na frase seguinte, que quer dizer que os pecadores não estarão no conselho dos justos, eles não farão parte dos que julgam a terra. Todo ímpio (pessoa sem piedade, maldoso, desumano, cruel) é pecador, todavia nem todo pecador é ímpio. Os ímpios não vão resistir no juízo, vão ressurgir, mas para serem julgados, não para julgar.
VERSO 6
CAMINHOS OPOSTOS – O versículo seis é um resumo do proposto anteriormente. O Senhor aprova o caminho dos justos, mas revela que o caminho dos ímpios leva a destruição. Justos na Bíblia são os seguidores de Cristo, os cristãos. Somos declarados santos e justos, quando aceitamos a Jesus. Com a ajuda do Espírito Santo, nossa natureza vai sendo transformada. Nós que éramos pecadores e alguns de nós ímpios, vamos nos tornando justos quanto mais andamos com Deus. O caminho de Deus é o caminho da vida, enquanto que o caminho do pecado gera morte, erro, destruição, instabilidade. Enquanto que o justo é aprovado, o ímpio é destruído.
Amém
Fique na paz.