O SILÊNCIO DE JOSÉ.
“Reflexões sobre a Paternidade e a Fé"
A figura de José, pai de Jesus, muitas vezes fica em segundo plano nos relatos bíblicos, apesar de sua importância ser indiscutível. A ausência de menções posteriores a José após o incidente na sinagoga quando Jesus tinha apenas 11 anos sugere que ele possa ter falecido antes do início do ministério público de Jesus. A Bíblia não oferece informações sobre sua vida e morte após esse ponto.
No entanto, é crucial reconhecer o papel fundamental de José na aceitação da gravidez de Maria e na formação da Sagrada Família de Jesus, ressaltando assim os valores familiares que permeiam os ensinamentos cristãos. O silêncio histórico em torno de José é surpreendente, refletindo paralelamente a falta de informações sobre a própria vida de Jesus dos doze aos 30 anos.
Essa lacuna não só desafia nossa compreensão da narrativa bíblica, mas também inspira especulações e interpretações diversas. Enquanto alguns, como José Saramago em seu livro "O Evangelho de Jesus", optam por preencher essa lacuna com ficção, outros buscam compreender o significado espiritual e simbólico desse vazio na história.
A ausência de José nos evangelhos canônicos e apócrifos deixa espaço para reflexões profundas sobre a natureza da fé e da história religiosa. Essa falha na narrativa bíblica em relação a José compromete nosso entendimento não apenas da história religiosa, mas também da própria essência da família e do papel do pai na tradição cristã.
José não é apenas um personagem secundário na história de Jesus, mas simboliza o arquétipo do pai de família, aquele que, com sua aceitação e proteção, estabelece a base para a missão e os ensinamentos de Jesus.
A ausência de José na narrativa bíblica nos convida a refletir sobre a importância da paternidade e da fé em nossa compreensão da história humana, destacando a necessidade de uma compreensão mais ampla e inclusiva da história religiosa, do significado mais amplo da paternidade, da família e da aceitação.
Manoel Lobo.