A aventura do amor em Jesus de Nazaré
Pe. Geovane Saraiva*
“És pó e em pó hás de te tornar” (Gn 3, 17). Foram essas as poucas palavras pronunciadas pela primeira vez por Deus e dirigidas a Adão, em consequência do pecado cometido. Hoje, a Igreja, nesta Quarta-feira de Cinzas, as repete a cada cristão, para recordar a todos e a cada um, com a mais elevada clareza, três verdades inquestionáveis e fundamentais: o nada da criatura humana, a nossa condição de pecador, de pessoas frágeis, e a realidade inevitável da morte.
Deus, neste tempo de Quaresma, convida os seguidores de Jesus de Nazaré para uma aventura do amor incondicional a Deus, do amor a todos os irmãos e do amor terno e afável pelo mundo. Deus quer que seja corajosa e incisiva a vontade de seus parceiros e aliados, na vocação de peregrinos na história do mundo e no tempo, que é rico e precioso, que passa depressa, em que há circunstâncias de morte; o lado cômodo da vida e também o fracasso dos projetos humanos, e demais contingências, parecem, nitidamente, tomar conta de um apoderamento de tudo. Deus mesmo, na realidade contrastante, paradoxal e antagônica, é infinitamente maior.
Ó Senhor, neste início de Quaresma, e em todos os dias, que possamos pensar, decididos e esperançosos, que nossa prece e nosso sacrifício subam aos céus por todos os irmãos, pelo mundo que sente e passa fome. Que todas as pessoas consigam e possam carregar seus pedidos e intenções, lá no mais íntimo do íntimo. Ó Jesus, que todos possam obter, nesta Quaresma, a graça de cumprir todos os seus santos propósitos, por cada mulher e cada homem, imagem e semelhança de Deus, tendo o necessário para viver, num renovado sentimento de se buscar a dignidade de filhos de Deus, que já se inicia aqui na terra, como nas palavras do nosso Mestre e Senhor: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23, 8).
Concede, nós te pedimos, ó Deus misericordioso, desejarmos ardentemente o que é de teu agrado, numa “Fraternidade e Amizade Social”, com a Campanha da Fraternidade, neste tempo de Quaresma! Parafraseando Dom Helder Câmara, num tom poético e profético: “Que eu aprenda afinal, ao menos nesta Quaresma, a cobrir de véus o acidental e efêmero, deixando, em primeiro lugar, apenas o mistério da redenção”. Na contingência da vida, nos versos a seguir: que a vida, nas idas e vindas, infindas, dom e graça, seja, na palavra de Deus, advinda, vivida com mais atrativo; mais poderosa, mais que digna: auspiciosa!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).