Quem julga os cristãos?
O cristão jamais deve deixar-se julgar, e condenar-se tampouco, por quem quer que seja, e menos ainda por inimigos de Cristo.
Não é incomum se deparar com gente que odeia Jesus Cristo, e a Igreja, e a religião cristã, e os cristãos. Não é incomum. E no seio da Igreja muita gente está a cuspir em Cristo. E os odiadores da religião cristã estão sempre com o dedo em riste na cara de um cristão, a condená-lo ao fogo do inferno, mesmo que não acreditem que o inferno exista.
Uma cena: "Tu, um cristão?! Tu és um hipócrita! Tu falas que não se deve levantar falso testemunho, e há pouco disseste cobras e lagartos da Fulana! Hipócrita! Tu não és um cristão!" E diante de tão enérgica, diabólica catilinária, o cristão genuflexiona-se, humilhado, constrangido, sem saber onde enfiar a cabeça, a ponto de se debulhar em lágrimas, a ver no seu acusador um homem nobre, correto, um juiz respeitável, venerável, sábio, uma autoridade moral. Engana-se o cristão que assim se comporta. Tem o cristão, quando tal situação se dá, perguntar para o dito cujo que lhe cuspiu na face: "E quem tu és para me dizer que não sou cristão porque não respeitei um preceito cristão?! Quem tu és?! Quem te autorizou a me julgar, condenar-me e negar-me a participação no corpo de Cristo?! Cristo te autorizou a me xingar, exprobrar-me, assim, tão desrespeitosamente?! Porque transgredi uma lição cristã não sou cristão?! Ora, sou humano, e, enquanto humano, um pecador. Tu estás a me cobrar uma conduta impoluta. Impossível. Sou humano; pecador, portanto. E tu não tens autoridade moral para me pôr o dedo em riste. Não tens! Cristão eu sou. Cristão sou, penso nas minhas atitudes, corrijo-me, esforço-me para não vir a incorrer em erros, e em pecados, e mais nestes do que naqueles, assim buscando sempre me tornar um homem melhor, melhor hoje do que fui ontem, melhor amanhã do que sou hoje. Estou ciente de que, humano, posso cair em erro, e, pior, pecar. E quanto a tu: Procura tua turma, e não me torres a paciência! Sai da minha frente, ou te enfio um soco nas fuças e quebro-te o nariz, peste dos infernos!"