Bento de Espinosa (Baruch Spinoza) Era Ateu

© Paulo Bitencourt

(Autor dos livros ‘Liberto da Religião’, ‘Perdendo Tempo Com Deus’ e ‘Com Zeus Não Se Brinca’)

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Filho de judeus que fugiram da Inquisição portuguesa (seguidores da religião do amor de Jesus obrigavam judeus a se converter [quem não se convertia era morto]), o filósofo Bento de Espinosa nasceu em Amsterdã, nos Países Baixos, em 1632. Quase se tornou rabino, mas foi expulso da sinagoga e comunidade judaica por causa de suas ideias heréticas. Espinosa foi amaldiçoado e banido, e os judeus foram proibidos de se aproximar dele.

Não importa em quantos sites você tenha lido que Espinosa era panteísta. Não era. Pelo que ele escreveu, isso não faz o menor sentido. Espinosa era ateu. Isso mesmo: ateu! Não acreditava em deus algum. Chamava a Natureza, isto é, o Universo de Deus porque o Universo é tudo o que existe. A totalidade das coisas = Universo = Deus. Portanto, o “Deus” de Espinosa não é uma divindade. Nenhum ser sobrenatural criou o Universo e o está administrando. Segundo Espinosa, não há coisa alguma na Natureza que mereça ser adorada. Ninguém está lá ouvindo orações. O Universo não se importa conosco. Tudo tem causas naturais. O sentido da vida é se esforçar para compreender tudo, ou seja, a Natureza (“Deus”), ser o mais livre possível e fazer o bem. Ao fazermos o bem, aumentamos a felicidade no mundo. Ao aumentarmos a felicidade no mundo, aumentamos a nossa própria felicidade.

A principal obra literária de Espinosa é ‘Ética’. Ainda hoje, um livro extremamente radical. Foi só depois de ler ‘Ética’ que tive a certeza de que eu não acreditava em Deus e decidi me declarar ateu.

Ouça o lendário ator Charlton Heston narrando a vida e obra de Bento de Espinosa: youtu.be/rIWqawaSQPk