Vantagens da abstinência de manjares não santos

Nos tempos em que vivemos há uma corrente religiosa tida como cristã, que postula a tese de que o povo cristão não precisa se abster de comer o que o povo gentio come, já que, segundo essa corrente religiosa, Jesus santificou todo alimento. Será assim mesmo? Vejamos.

A tese dessa corrente filosófica busca suporte no texto que registra o que ocorreu entre uns judeus contemporâneos de Jesus e este, devido os discípulos do Mestre comerem sem fazer assepsia das mãos. Vamos reproduzir o texto e fazer uma análise dele.

Mateus 15:1 ENTÃO chegaram ao pé de Jesus uns escribas e fariseus de Jerusalém, dizendo: 2 Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos quando comem pão. 3 Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós também o mandamento de Deus pela vossa tradição? 4 Porque Deus ordenou, dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, morra de morte. 5 Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou à mãe: É oferta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim; esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe, 6 E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus. 7 Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: 8 Este povo honra-me com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. 9 Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens. 10 E, chamando a si a multidão, disse-lhes: Ouvi, e entendei: 11 O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca isso é o que contamina o homem. 12 Então, acercando-se dele os seus discípulos, disseram-lhe: Sabes que os fariseus, ouvindo essas palavras, se escandalizaram? 13 Ele, porém, respondendo, disse: Toda a planta, que meu Pai celestial não plantou, será arrancada. 14 Deixai-os: são condutores cegos: ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova. 15 E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola. 16 Jesus, porém, disse: Até vós mesmos estais ainda sem entender? 17 Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e é lançado fora? 18 Mas o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem. 19 Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. 20 São estas coisas que contaminam o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina o homem.

Ora, os discípulos de Jesus eram de origem judaica, entretanto não estavam cumprindo a tradição dos anciãos, que era lavar as mãos antes de comer. Do que se conclui que já havia àquela época o costume de lavar as mãos antes de comer, e que isso era tradição dos anciãos.

Como Jesus estava falando com descendentes de Judeus, Ele não precisava reiterar a lei sobre a alimentação dada através de Moisés sobre animais limpos e animais imundos. E o fato de Ele ter dito que o que contamina o homem é o que está no coração do homem e não o que entra pela boca, isso não invalidou a lei dada por Moisés.

Os discípulos de Jesus disseram-lhe que os judeus se escandalizaram com o que Jesus falou. E Pedro pediu explicação a Jesus sobre a fala Dele. Ele perguntou aos seus discipulos se eles também estavam sem entender. Pois Ele disse às multidões que o que contamina o homem é o que sai da boca do homem, pois sai do coração deste.

Entretanto, a conclusão feita por Jesus não enseja que Ele tenha tornado puro todos os alimentos. Ele afirmou isto: “mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina o homem.”

Na ocasião Jesus falou que os escribas e fariseus invalidaram os mandamentos de Deus por causa das tradições deles. Pois inventaram que se algum filho dissesse que o que se pudesse aproveitar dele era oferta ao Senhor, que o tal filho não precisava mais honrar o pai e a mãe. Assim, eles invalidavam a Palavra de Deus pelas tradições deles.

Vemos com isso que Jesus estava colocando em evidência os mandamentos de Deus, cuja uma das leis diz: “honra o teu pai e a tua mãe”.

Ainda hoje acontece isso, o lavar das mãos é exigida pelos homens antes das refeições, mas os mandamentos de Deus são preteridos.

Já manifestamos em outro texto nosso que o alimento é purificado em duas fases. A primeira é pela palavra de Deus, e, depois, pela oração. E a palavra diz o que é devido para o povo Dele. Lv. 11 e Dt. 14.

Em um texto do apóstolo Paulo, o Espírito Santo fala de alimento dado aos fiéis, os quais conhecem a verdade. Veja.

“Proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos MANJARES QUE DEUS CRIOU PARA OS FIÉIS, e PARA OS QUE CONHECEM A VERDADE, a fim de usarem deles com ações de graças.” 1 Tim. 4:3.

A Verdade é a lei de Deus. Então o alimento feito para os observadores dela são os manjares limpos que Deus criou para eles.

Daniel 1:1 No ano terceiro do reinado de Joaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei de Babilônia, a Jerusalém, e a sitiou. 2 E o Senhor entregou nas suas mãos a Joaquim, rei de Judá, e uma parte dos vasos da casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa do seu deus, e pôs os vasos na casa do tesouro do seu deus. 3 E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real e dos nobres, 4 Mancebos em quem não houvesse defeito algum, formosos de parecer, e instruídos em toda a sabedoria, sábios em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para viverem no palácio do rei, a fim de que fossem ensinados nas letras e na língua dos caldeus. 5 E o rei lhes determinou a ração de cada dia, da porção do manjar do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem criados por três anos, para que no fim deles pudessem estar diante do rei. 6 E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias. 7 E o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel pôs o de Beltessazar, e a Hananias, o de Sadraque, e a Misael o de Mesaque, e a Azarias o de Abednego. 8 E Daniel assentou no seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se contaminar. 9 Ora deu Deus a Daniel graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos. 10 E disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida: porque veria ele os vossos rostos mais tristes do que os dos mancebos que são vossos iguais? assim arriscareis a minha cabeça para com o rei. 11 Então disse Daniel ao despenseiro a quem o chefe dos eunucos havia constituído sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias: 12 Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias, fazendo que se nos deem em legumes a comer, e água a beber. 13 Então se veja diante de ti o nosso parecer, e o parecer dos mancebos que comem a porção do manjar do rei, e, conforme vires, te hajas com os teus servos. 14 E ele conveio nisto, e os experimentou dez dias. 15 E, ao fim dos dez dias, apareceram os seus semblantes melhores; eles estavam mais gordos do que todos os mancebos que comiam porção do manjar do rei. 16 Desta sorte, o despenseiro tirou a porção do manjar deles, e o vinho que deviam beber, e lhes dava legumes. 17 ORA, A ESTES QUATRO MANCEBOS DEUS DEU O CONHECIMENTO E A INTELIGÊNCIA EM TODAS AS LETRAS, E SABEDORIA; mas a Daniel deu entendimento em toda a visão e sonhos. 18 E ao fim dos dias, em que o rei tinha dito que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe diante de Nabucodonosor. 19 E o rei falou com eles; e entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso permaneceram diante do rei. 20 E EM TODA a MATÉRIA DE SABEDORIA E DE INTELIGÊNCIA, SOBRE QUE O REI LHES FEZ PERGUNTAS, OS ACHOU DEZ VEZES MAIS DOUTOS DO QUE TODOS OS MAGOS OU ASTRÓLOGOS QUE HAVIA EM TODO O SEU REINO.

Portanto, o alimento certamente concorre para gerar sabedoria e inteligência, além de santificar.

Manaus-Am, 25/12023

Oli Prestes

Missionário