ELEIÇÃO, UMA DOUTRINA BÍBLICA
Introdução: A doutrina da eleição foi revelada por Deus nas Escrituras, e, nos foi dada para conforto, encorajamento, segurança e motivação espiritual. Dessa forma, podemos afirmar com imensa alegria e convicção que a eleição divina é sem dúvidas a maior de todas as bênçãos mencionadas na Bíblia, pois, a “eleição é para salvação” do perdido, daquele que antes de ser resgatado por Cristo, era inimigo de Deus, escravo do mundo, do inimigo e da carne e, por essa razão estava morto espiritualmente em seus delitos e pecados. Sendo assim, qual pecador não se regozija ao saber que foi eleito por Deus para salvação mesmo merecendo o inferno? Mas, infelizmente nem todos enxergam e aceitam a revelação dessa doutrina nas Escrituras como de fato ela é, mesmo que muitos declaram “crer” nela. Tal sentimento de oposição por parte da grande maioria em relação a doutrina da eleição não é recente. Spurgeon dizia em sua época que “parecia haver um preconceito arraigado na mente humana contra esta doutrina, e embora a maioria das outras doutrinas seja recebida por crentes professos, algumas com cuidado, outras com prazer, esta parece ser mais comumente negligenciada e rejeitada”. Pergunto: Essa também não é a realidade de nossos dias no meio cristão protestante? Infelizmente sim! Constantemente a doutrina da eleição tem sido questionada e negada por muitos. Alguns mais exaltados chamam a doutrina da eleição de “doutrina injusta”, ou, “doutrina do diabo”. Porém, enquanto a maioria não tem interesse e desprezam essa doutrina, outros, amam e pregam a doutrina da eleição mesmo em meio a críticas e perseguições.
Eleição Definida
No Novo Testamento grego, o termo usado para “eleição” é ἐκλογή eclogé, que significa uma “escolha” (selecionar dentro) – separar – “tomar um” e “deixar o outro”. Refere-se ao ato livre e exclusivo de Deus, que antes da fundação do mundo, e unicamente por sua graça Ele decretou sua eleição sobre algumas pessoas, ou seja, “um grupo de pessoas” – (não todas as pessoas). Mesmo que muitos procuram negar e distorcer de alguma forma essa verdade, Escrituras apontam para essa realidade de uma forma muito clara!
“Porquanto, Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. E, em seu amor, nos predestinou para sermos adotados como filhos, por intermédio de Jesus Cristo, segundo a benevolência da sua vontade”. (Ef 1.4,5).
“Contudo, antes mesmo que os gêmeos nascessem ou realizassem qualquer obra boa ou má, para que o plano de Deus segundo a eleição permanecesse inalterado, não por causa das obras, mas sim por aquele que chama”. (Rm 9.11).
“Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. E continuou: Por isso vos disse que ninguém pode vir a mim, se pelo Pai lhe não for concedido”. (Jo 6.44,65).
Eleitos para Salvação
O ensino das Escritura nos mostra que a eleição é para salvação. Isso significa que Deus fez uma escolha sobre certas pessoas a quem deu Seu Filho como resgate, e por quem Cristo morreu como Substituto, e que no tempo certo estes por quem Ele morreu, ouvem o chamado eficaz do Evangelho e creem em Cristo Jesus como seu único Salvador para a vida eterna. Deus nos “elegeu” nele antes da fundação do mundo... e nos predestinou para Ele mesmo, a fim de sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade (Ef 1.4,5,). Por isso, Paulo explica aos crentes que estavam em Roma: “O que Israel busca, isso não o alcançou; mas os eleitos alcançaram”; e os outros foram endurecidos, ... (Rm 11.7); porque Deus nos elegeu desde o princípio para salvação... (2Ts 2.13).
A Eleição é Incondicional
Eleição é a escolha eterna, soberana e graciosa de Deus de algumas, não todas, pessoas para a vida eterna (At 13.48; Ef 1.3-6). Não somos eleitos por nossos méritos, mas pelos méritos de Cristo, por Seu sacrifício na cruz, por seu infinito amor, graça e misericórdia (Ef 2.4,5), não por qualquer coisa de “bom” que possa existir em nós, nem previsão de fé, ou obediência, como condições, ou causas que movessem Deus a eleger alguém para salvação (Rm 9.13,16), pelo contrário, a eleição do pecador para salvação é incondicional porque, “na eternidade” o Senhor já nos escolheu em Cristo, para glória eterna, por Sua livre graça e amor (Ef 1.9,11; 1Ts 5.9; 2Tm 1.9). Em consequência desta escolha os eleitos são predestinados, chamados, justificados e glorificados conforme a Bíblia ensina em (Rm 8.29,30).
Ainda sobre a Doutrina da Eleição Incondicional, a Confissão de Fé de Westminster, no capítulo III, dos decretos de Deus, parágrafos V, VI e VII diz o seguinte:
V. “Segundo o Seu eterno e imutável propósito, e segundo o santo conselho e beneplácito de Sua vontade, antes que fosse o mundo criado, Deus escolheu em Cristo, para a glória eterna, os homens que são predestinados para a vida; para o louvor da sua gloriosa graça, Ele os escolheu de sua mera e livre graça e amor, e não por previsão de fé, ou de boas obras e perseverança nelas, ou de qualquer outra coisa na criatura que a isso o movesse, como condição ou causa.
Referências Bíblicas: (Ef 1.4-11; 2Tm 1.9; Rm 8.30; 1Ts 5.9; Rm 9.11-16; Ef 2.8,9).
VI. Assim como Deus destinou os eleitos para a glória, assim também, pelo eterno e mui livre propósito de Sua vontade, preordenou todos os meios conducentes a esse fim; os que, portanto, são eleitos, achando-se caídos em Adão, são remidos por Cristo, são eficazmente chamados para a fé em Cristo, pelo seu Espírito que opera no tempo devido, são justificados, adotados, santificados, e guardados pelo seu poder, por meio da fé salvadora. Além dos eleitos não há nenhum outro que seja remido por Cristo, eficazmente chamado, justificado, adotado, santificado e salvo.
Referências Bíblicas: (1Pe 1.2,5; Ef 1.4,5; Ef 2.10; 1Ts 5.9,10; Tt 2.14; Rm 8.28-30; 2Ts 2.13; Jo 6.44,65; 17.9; 1Jo 2.19).
VII. A doutrina de alto mistério de predestinação deve ser tratada com especial prudência e cuidado, a fim de que os homens, atendendo à vontade de Deus revelada em Sua Palavra e prestando obediência a ela, possam, pela evidência de sua vocação eficaz, certificar-se de sua eterna eleição. Assim, a todos os que sinceramente obedecem ao Evangelho, esta doutrina fornece motivos de louvor, reverência e admiração a Deus, bem como de humildade, diligência, e abundante consolação.
Referências Bíblicas: (Rm 8.33; 9.20; 11.5,6,10,23; Dt 29.29; 2Pe 1.10; Ef 1.6; Lc 10.20).
No Antigo Testamento, podemos notar que entre todos os povos da terra, “Deus escolheu” Israel como sua herança (1Rs 8.53). Mas tu, ó Israel, servo meu; tu Jacó, a quem “escolhi”, descendência de Abraão, meu amigo; tu, a quem tirei dos confins da terra, chamei desde os seus cantos e te disse: Tu és o meu servo, “Eu te escolhi” e não te rejeitei. (Is 41.8,9). No livro do profeta Jeremias está escrito: “Antes mesmo de te formar no ventre materno, Eu te escolhi; antes que viesses ao mundo, Eu te separei e te designei para a missão de profeta para as nações”! (1.5). Bem-aventurados são todos aqueles que “escolhes” e “trazes” a Ti para viverem da tua Casa, do teu santo Templo! (Sl 65.4).
Todas essas evidências tornam inegável a doutrina da Eleição Incondicional. Isso é motivo de incomparável consolo para os eleitos. Portanto, como crentes sinceros devemos ser eternamente gratos a Deus, sabendo que fomos salvos não porque o escolhemos, mas porque fomos escolhidos por Ele, não porque Deus viu alguma “virtude” em nós, mas porque soberanamente o Senhor nos escolheu segundo a sua εὐδοκία eudokia, “boa” vontade (Ef 1.5), e βουλή boulé, conforme o “conselho deliberado” de sua vontade (Ef 1.11). Afinal, não fomos nós que escolhemos Jesus, mas foi Ele quem nos escolheu (Jo 15.16). Vemos aqui um aspecto imutável do plano de Deus, o que garante que, cada cena da vida funcione para Seu propósito eterno. Portanto, a eleição é certamente incondicional, conforme todos os ensinamentos das Escrituras.
A Soberania de Deus na Eleição
Outro aspecto importante da eleição que devemos considerar é que esse ensino é parte de uma doutrina mais ampla da soberania de Deus que trata não somente da nossa eleição para a salvação, mas tudo o que acontece no universo é parte do decreto eterno de Deus, ou seja, nada acontece por acaso, mas conforme a Sua própria vontade (Rm 9.15,18; Hb 6.17).
Deus conhece todas as coisas antes que aconteçam, e isso porque as planejou e faz acontecer. “Desde o princípio anunciei o futuro, desde a antiguidade, aquilo que ainda não acontecera. Eu afirmo: O meu propósito será realizado, certamente farei tudo o que me apraz”. (Is 46.10). “Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, de acordo com o propósito da sua própria vontade”. (Ef 1.11). Podemos notar que, conforme o ensino da Escritura tudo está debaixo do controle de Deus, de maneira que tudo o que Ele planejou certamente acontecerá (Jó 42.2). Deus está nos céus e tudo o que Ele deseja, tem o poder de realizar. “Os seus planos permanecem para sempre, os projetos do seu coração por todas as gerações”. (Sl 33.11).
Dessa forma, entendemos conforme a doutrina bíblica da “eleição” que o destino da humanidade está nas mãos de Deus. É muito comum o homem achar que o seu destino está em suas próprias mãos, mas esse achismo humano é contrário as Escrituras. Ninguém, mas ninguém mesmo, nem mesmo os cristãos têm o seu destino nas próprias mãos, nem antes nem depois de salvo. Se o destino do homem estivesse em suas próprias mãos, então, ele mesmo teria o poder de se justificar diante de Deus e, de se perdoar a si mesmo e de salvar-se a si mesmo! Porém, as Escrituras ensinam exatamente o contrário, pois, “Deus de acordo com a sua vontade, nos gerou pela Palavra da verdade, a fim de sermos como que os primeiros frutos de toda a sua criação”. (Tg 1.18). “Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. (Jo 1.13).
Deus é o autor da história, não o homem. “Tu formaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Graças te dou pela maneira extraordinária como fui criado! Pois tu és tremendo e maravilhoso! Sim, minha alma o sabe muito bem. Meus ossos não te eram encobertos, quando fui formado ocultamente e tecido nas profundezas da terra. Teus olhos viam meu embrião, e em teu livro foram registrados todos os meus dias; prefixados, antes mesmo que um só deles existisse! Ó Deus, como são complexos e preciosos para mim os teus pensamentos, quão vastos e profundos os teus conhecimentos”. (Sl 139.13-17).
O renomado Teólogo Claude Duvall Cole, explica que a “teoria” do destino dos santos está, ou já esteve em suas mãos, é contrária às próprias leis da natureza e implica que a água pode subir acima o nível de sua fonte; que o homem pode erguer-se até o sótão pelo cadarço do sapato; que o etíope pode mudar sua cor e o leopardo pode tirar suas manchas; que a morte pode gerar a vida; que a evolução é verdade e que Deus é mentiroso. Cole, conclui seu pensamento dizendo que a teoria de que o destino de alguém está em suas mãos gera autoconfiança e justiça própria; a crença que o destino está nas mãos de Deus gera auto-abnegação e fé em Deus.
Ideia errada sobre a Doutrina da Eleição
Os crentes arminianos acreditam que os homens são eleitos quando creem. Apesar de admitirem algumas vezes que a eleição teve lugar na eternidade, os arminianos falham gravemente ao afirmarem que a eleição foi prevista por Deus com base no arrependimento e fé do indivíduo. Na prática os adeptos dessa teoria afirmam que Deus, na eternidade, olhou através dos séculos para a humanidade caída e viu quem ia se arrepender e crer, e estes que Ele viu de antemão foram eleitos para salvação. Os que defendem essa visão, também dizem que pela tal graça “preveniente” (que não está na Bíblia em lugar nenhum), o homem é capaz de se arrepender e crer no Senhor Jesus sem que primeiro Deus o regenere. Definitivamente isso não é eleição!
Refutação Bíblica
Por mais que isso perturbe muitos pastores, teólogos e comentaristas das Escrituras, “a fé salvadora não é de todos” (2Ts 3.2), mas, “somente dos eleitos”. É a Bíblia que diz isso! “Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade” (Tt 1.1).
Muitos tentam amenizar de várias formas essa grande verdade das Escrituras, mas, o fato é que a pessoa crê em Jesus Cristo porque foi eleita por Deus. Ninguém é eleito porque creu. A eleição precede a salvação, e, a fé, é a consequência da eleição. Todavia, a eleição não depende da fé, pois é anterior a ela em tempo e, em ordem. “Recordamo-nos constantemente, na presença do nosso Deus e Pai, do vosso trabalho que resulta da fé operosa, do amor fraternal abnegado e da perseverança que vem de uma convicta esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, reconhecendo, irmãos amados de Deus, que fostes eleitos por Ele”. (1Ts 1.3,4).
Deus livremente e soberanamente, na eternidade elegeu pessoas incondicionalmente (Rm 9.11-23). A escolha de Deus não está condicionada em obras, esforço, ou em fé prevista de alguém (1Co 1.27,28; Ef 2.8,9), pelo contrário, Deus elegeu pessoas antes da fundação do mundo (Ef 1.4,5). A nossa salvação, porém, ocorre quando cremos em Jesus Cristo – quando ouvimos a pregação do Evangelho, então, somos convencidos, “convertidos” pelo Espírito Santo (Rm 10.17; Jo 16.8).
Um exemplo muito claro disso está em (2Tm 2.10): Por este motivo, suporto todas as aflições por amor dos eleitos, para que também eles “alcancem” a salvação que está em Cristo Jesus, com glória eterna. Aqui o verbo “alcançar” τυγχάνω tugchanó, mencionado no ensino de Paulo, está no presente, indicando claramente que “obtemos” a nossa salvação uma vez para sempre, no exato momento da nossa conversão. Além disso, arrependimento e fé não são talentos, ou virtudes dos homens, mas é dom de Deus (Jo 3.3; 1Co 2.14-16; At 5.31; 11.18; 2Tm 2.25; Ef 2.8-10; 1Co 3.5). A eleição para salvação não depende de um só ato dos homens porque Deus na eternidade e incondicionalmente elegeu e predestinou pecadores para salvação “para louvor e glória de Sua graça” (Ef 1.4-6).
O propósito de Deus na Eleição
Você já parou para pensar, “como um Deus Santo poderia ter escolhido para salvação alguém como eu, e você – pessoas ruins e pecadoras? E, porque Ele nos escolheu? A eleição tem profundos propósitos de Deus sobre os seus escolhidos e, se os sinais que aprenderemos nas próximas linhas, são evidentes em sua vida, significa que você é um eleito de Deus! As Escrituras ensinam que Deus nos escolheu para:
Salvação. “Todavia, irmãos amados do Senhor, devemos sempre dar graças a Deus por vós, pois Ele vos escolheu desde o princípio para salvação...”. (2Ts 2.13). Deus em um “ato exclusivo sem a minha participação” – me escolheu para si mesmo, me escolheu perante muitos pecadores, assim como Ele fez com os discípulos, Ele me atraiu a Cristo, me separou, me elegeu para redenção. O Senhor quis me salvar. Simples assim! Essa é a grande verdade das Escrituras (Jo 6.44,65). A salvação é imperdível, irrevogável, permanente, definitiva e eterna porque a eleição para salvação é uma obra de Deus e não humana. Se você é um crente legítimo, não há motivos para duvidar da sua eleição porque é Deus e não o homem, que através da Sua Palavra nos dá plena convicção de que somos salvos definitivamente. “Em verdade, em verdade vos asseguro: quem ouve a minha Palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”. (Jo 5.24). Aqui nessa passagem o apóstolo João ensina que a “vida eterna” foi dada por Deus a todos aqueles que ouvem sua Palavra e creem no Seu Filho. Se você faz parte desse grupo de pessoas, então, você é um eleito de Deus que através do chamado eficaz do Evangelho, você nasceu de novo e foi justificado por Cristo.
Santificação. Esse é sem dúvidas, o alvo principal da escolha de Deus por nós, para que sejamos “santos” e “irrepreensíveis” em sua presença, para o louvor e glória da Sua graça, a qual nos outorgou gratuitamente no Amado (Ef 1.6). Mas, infelizmente existem muitos crentes que distorcem a doutrina da eleição com pressupostos absurdos! O principal argumento daqueles que rejeitam e desprezam a doutrina da eleição é dizer que se Deus determinou na eternidade que uma pessoa irá para o céu, e, que a salvação dessa pessoa é garantida, ou seja, imperdível, então, se ela quiser viver continuamente em seus delitos e pecados, ela será salva de qualquer maneira! Sendo assim, não importa o que ela faça, pois afinal de contas, ela é uma eleita de Deus e irá para o céu de qualquer jeito! É mesmo? Aonde você aprendeu essa bobagem? Quem te ensinou essa besteira? Se você também pensa assim – saiba que está redondamente enganado, pois o ensino das Escrituras diz exatamente o contrário a essas tolices que ouvimos por aí. “Deus nos escolheu nele..., para sermos santos e irrepreensíveis”. (Ef 1.4). Deus, nos predestinou em seu amor, para sermos dele (Ef 1.5), nós não pertencemos a este mundo (Jo 15.19). Deus não nos chamou para impureza, mas para santificação (1Ts 4.7). Porquanto, está escrito: “Sejam santos, porque Eu Sou Santo”! (1Pe 1.16). Se a santificação não é o seu padrão de vida, isso significa que você não é um eleito de Deus, você não é salvo. Você precisa refletir sobre isso! Se você não tem conhecimento sobre a doutrina bíblica da eleição, eu te aconselho a conhecê-la, ao invés de ficar por aí reproduzindo besteiras que não são verdades a respeito dessa doutrina. O principal motivo pelo qual Deus nos escolheu é a nossa santificação.
Produtividade. “Não fostes vós que me escolhestes; ao contrário, Eu vos escolhi a vós e vos designei para irdes e dardes fruto, e fruto que permaneça...”. (Jo 15.16). Fomos eleitos por Deus a fim de trabalharmos em favor de sua obra, não para ficarmos de braços cruzados. Os eleitos são também enviados por Deus na realização de muitos serviços, entre eles a evangelização dos perdidos (At 9.15-16); a realização de boas obras (Ef 2.10; Tt 2.14; 1Pe 2.9), que estimule, que encoraja nossos irmãos nesse mesmo propósito (Hb 10.24), e principalmente que glorifiquem a Deus (Mt 5.16). Se você é um eleito, precisa entender que somos chamados para sermos produtivos na obra de Deus.
Oração. “Porventura Deus não fará plena justiça aos seus escolhidos, que a Ele clamam de dia e de noite, ainda que lhes pareça demorado em atendê-los”? (Lc 18.7). No verso primeiro dessa passagem, o Senhor Jesus advertiu seus discípulos sobre o dever de orar. Sabemos pelo ensino das Escrituras que orar é falar com Deus e nessa passagem entendemos que os eleitos devem perseverar em oração continuamente sem jamais desanimar, sem nunca esmorecer. O Senhor Jesus assegurou aos seus escolhidos: “Pedi, e vos será concedido; buscai e encontrareis; batei e a porta será aberta para vós. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate se lhe abrirá”. (Lucas 11.9,10). No verso 7, somos encorajados a orar, pois, Deus é o justo Juiz que fará plena justiça aos seus escolhidos. A Bíblia é clara ao afirmar que Deus nos escolheu desde a eternidade, e, a boa obra que Ele começou em nós, há de ser concluída até o Dia de Cristo Jesus (Fp 1.6). Dessa maneira, podemos ter plena confiança de que o Senhor ouvirá nossas orações e se apressará em nos fazer justiça.
Vida eterna. Os gentios, ouvindo isto, alegravam-se e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos haviam sido “destinados para a vida eterna”. (At 13.48). A eleição é uma obra soberana de Deus, pela qual sem a participação dos homens, Ele escolhe um número definido de indivíduos para salvação e glória eterna. O texto que acabamos de ler deixa isso muito claro. Destaque aqui para forma prolongada do verbo grego τάσσω tassó, “destinar” que significa “ordenar”, atribuir, determinar, “nomear”. Refere-se aqueles que Deus ordenou para obterem a vida eterna. Alguns comentaristas como F.F. Bruce, por exemplo, recorrem aos papiros, encontrando evidências de que verbo grego τάσσω tassó, pode significar “inscrever”, ou “arrolar”. Bruce tem razão, pois, Deus conhece cada pessoa pelo nome, desde o dia em que escolheu cada uma delas (Êx 33.12,17; Is 43.1,7); e esses nomes Ele registrou no “Livro da Vida”. (Sl 139.16; Lc 10.17-20; Fp 4.3; Ap 3.5; 13.8; 20.11-15; 21.27).
Conclusão: Todas as evidências que vimos até aqui, nos mostra claramente que segundo o precioso ensino das Escrituras, os legítimos cristãos foram “eleitos” por Deus Pai na eternidade, antes da criação do mundo segundo o beneplácito da sua vontade, ou seja, a eleição é um ato soberano e exclusivo de Deus, sem a nossa participação. Na cruz fomos “comprados” por Deus Filho que veio ao mundo e nos adquiriu com seu próprio sangue. Ele nos deu a vida, estando nós mortos em nossos delitos e pecados, quando ainda buscávamos satisfazer as vontades da carne, seguindo os nossos próprios desejos e pensamentos; e éramos por natureza destinados à ira. Porém, Deus Pai, que é rico em misericórdia, por meio do seu grande amor deu-nos vida juntamente com Cristo, o Deus Filho, e assim por Sua maravilhosa graça somos salvos e predestinados a glória eterna! Agora, “reunidos” por Deus Espírito Santo, fomos adotados como filhos, nos tornamos concidadãos dos santos e membros da família de Deus, igualmente herdeiros com Israel, membros do mesmo Corpo e coparticipantes da Promessa em Cristo Jesus. De maneira que ninguém pode declarar: Jesus é Senhor! A não ser pelo Espírito Santo. (1Co 12.3). Dessa forma, entendemos que a revelação de Deus nas Escrituras sobre a doutrina da eleição é uma bênção incomparável! Que alegria indizível, que prazer, que privilégio imensurável essa doutrina nos proporciona! Nós estávamos perdidos, éramos inimigos de Deus, destinados à sua ira, as trevas nos cercaram cegando assim o nosso entendimento. Outrora estávamos caminhando a passos largos para um abismo sem fim, para um lugar de sofrimento inigualável o inferno eterno onde não existe uma segunda chance. Mas, o Deus Pai, nos atraiu por seu amor aos braços do Deus Filho, que nos resgatou das trevas, nos converteu para sua maravilhosa e gloriosa Luz, e no poder do Espírito Santo, nos tornou Igreja, geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, cujo propósito é proclamar as grandezas daquele que vos convocou das trevas para sua maravilhosa luz (1Pe 2.9). Às vezes me pergunto: “Como pode um Deus Santo, amar pessoas ruins, caídas no pecado, como eu e você, e nos escolher para redenção, e nos predestinar para Ele”? Eu não sei o que você pensa a respeito da eleição, mas para mim é motivo de eterna gratidão! Bendito seja Deus porque nos escolheu antes da fundação do mundo para sermos “santos” e irrepreensíveis” em sua presença.
JESUS FAZ A DIFERENÇA.