ESPIRITISMO E CABALA- PONTOS DE REFLEXÃO E ENCONTRO
No universo tudo é natural. Porque tudo está inserido na Luz Infinita do Criador. O sobrenatural é apenas aquela parte do universo que nós não conhecemos, a parte que a nossa consciência ainda não conseguiu acessar para catalogar o que nela existe. O dia em que conseguirmos realizar essa proeza, ali encontraremos todas as coisas às quais o princípio da identidade - aquele princípio que inventamos para identificar a realidade que se apresenta aos nossos olhos - ainda não com seguiu dar nome.
Como diz a Bíblia, o princípio da identidade foi posto por Deus quando ele chamou todos os animais perante Adão e pediu que ele os nomeasse. Esse foi o início do império da consciência humana, pois só passou a ser real aquilo que a mente humana consegue detectar. Mas como sabemos, há muito mais coisas no universo do que a nossa mente consegue conceber. Por isso o filósofo linguista Alfred Korzibsky disse que o mapa não é o território. Quer dizer, o nosso conhecimento do mundo - o mapa que dele fazemos- não corresponde a cinco por cento do imenso território que é o universo.
Isso não acontece pelo fato de a nossa consciência ser limitada. Pelo contrário. Ela é ampla, irrestrita, infinitamente provida de bits suficientes para armazenar todo o conhecimento que a Luz Infinita do Criador pode nos proporcionar. Isso se prova pela nossa capacidade de imaginação. Ela não tem limite. O que a limita é a nossa capacidade de linguagem. Não temos instrumentos linguísticos suficientes para traduzir em conhecimento toda a nossa ilimitada capacidade de sentir e imaginar. Se os nossos sentidos capturam um fenômeno qualquer, ou a nossa imaginação produz uma alucinação – um fenômeno espiritual, por exemplo - é porque esse fenômeno tem existência no mundo real. Se não tivesse, os nossos sentidos e a nossa capacidade de projeção não a produziria, pois a nossa mente não trabalha no vazio.
A mente precisa de matéria prima para produzir. Aliás, como ensina a doutrina da Cabala, nem Deus faz as coisas a partir do nada. Deus não criou o mundo. Deus manifestou o universo a partir da sua Potência, transformando energia em luz, e esta se condensando em massa. Essa foi a dedução feita por Einstein em sua equação E=mc².
Isso quer dizer: tudo que existe, existiu e virá a existir já está delineado e pronto no universo. Apenas espera o momento certo e a interação atômica apropriada para se manifestar no território das realidades capturadas pela nossa consciência.
Os fenômenos espirituais, nesse sentido, são tão reais quanto a energia que provém da natureza em forma de eletricidade, radiação, calor, magnetismo etc. e outras fontes que movem nossas máquinas iluminam nossas cidades e alimenta a bateria que dá sustentação à nossa vida. Mas assim como não temos ainda conhecimento suficiente para definir o que essa energia é e de que fonte originária ela emana, assim também ficamos em relação aos fenômenos espirituais. Colocamo-los na gaveta dos eventos não catalogados, que é onde arquivamos o bizarro, o desconhecido, o sobrenatural.
Mas não será sempre assim. O tempo e as combinações atômicas que se processam dentro do fenômeno chamado universo um dia também nos abrirão as cortinas desse que chamamos de mundo espiritual. Então as intuições dos espiritualistas e dos cabalistas se confirmarão: veremos que o que chamamos de espírito nada mais é do que um fenômeno energético. E como tal poderá ser catalogado no acervo do conhecimento humano como estão sendo feitas hoje as descobertas realizadas pelos estudantes da mecânica quântica.
Quem viver verá.