Julgar ou não julgar. Eis a questão.
Um Teósofo que admiro muito chamado Carlos Cardoso Aveline disse:
"Julgar e avaliar é o que fazemos antes de tomar decisões. Toda decisão tem como base algum tipo de julgamento.
É inútil, portanto, fingir para nós mesmos ou para outros que não julgamos pessoas e situações. Fazemos isso o tempo todo.
No entanto, a ideia de julgar inclui o dever de ser justo e equilibrado. Julgar e avaliar nos convida a prestar atenção aos fatos, a ter respeito pela verdade, e isso é benéfico. É preciso estudar para saber, saber para compreender, compreender para julgar."
Gostaria de comentar isto a luz de Um Curso em Milagres.
Aveline salientou como requisito básico para um julgamento acertado a necessidade de Saber e Compreender.
O Curso adverte que nós, enquanto identificados com o ego, somos incapazes de julgar acertadamente, uma vez que o ego nada sabe e nada compreende do mundo real de Deus.
"não que não devemos julgar, mas que não "podemos" julgar(acertadamente). Assim, quando desistimos do julgamento estamos apenas desistindo do que não tinhamos. Estamos desistindo de uma ilusão. Reconhecendo que o julgamento acertado sempre nos foi impossível. Para poder julgar qualquer coisa acertadamente, a pessoa teria de estar inteiramente ciente de uma escala inconcebível de coisas passadas, presentes e por vir."
A única maneira que o Curso vê como aplicação de um julgamento acertado é quando nos colocamos em um situação em que "o julgamento pode ocorrer ATRAVÉS de nós, mas não por nós."
Nesse caso, o Curso está falando do julgamento pelo Espirito Santo que habita nossa mente correta.
"há Alguém contigo cujo julgamento é perfeito. Ele conhece todos os factos passados, presentes e por vir. Ele, na verdade, conhece todos os efeitos do Seu julgamento sobre todas as pessoas e todas as coisas que, de alguma forma, estão envolvidos com esse julgamento. E Ele é totalmente justo para com todos, pois não há distorção na Sua percepção. "
Uma vez que estivermos disponíveis para o Espirito Santo julgar por nós, o nosso julgamento vai ser sempre acertado e sempre o mesmo:
"O Filho de Deus não tem culpa e o pecado não existe."
Isso equivale a dizer que o Espirito Santo nunca condena, pois para quem vê de cima, não há justificativa para a condenação. Apenas o perdão é justificável.
Aveline é muito prático e nos mostra que não há como nos movermos no mundo sem tomar decisões.
O Curso não discorda disso e por isso nos convida a pedir sempre inspiração divina para as decisões de como agir na forma.
O Curso também recomenda que antes de agir devemos primeiro perdoar, olhando para a realidade inocente de cada irmão e cada coisa.
Certamente Aveline sabe que a condenação está fora do conceito de um julgamento justo, e quando ele fala que temos que "estudar para saber, saber para compreender e compreender para julgar "ele está falando, com outras palavras, que devemos deixar o julgamento nas mãos da nossa mente superior, onde habita o Espirito Santo.
Para o Curso UCEM, o Perdão verdadeiro engloba sim o simples " não julgar", mas vai além, pois exige que levemos para as nossas relações um olhar compreensivo de que o Filho de Deus é santo, impecável, independentemente dos erros cometidos pelo ego neste sonho de mundo, sonho este que não tem realidade e nada pode modificar a santidade eterna do nosso ser.