NOVOS ARRENDATÁRIOS

 

É lamentável o que estamos vendo acontecer ao cristianismo de nossos dias com o retrocedimento da igreja cristã às práticas judaicas. Tornou-se corrente o uso de elementos pertencentes ao judaísmo nas igrejas, que inclusive, vieram da reforma. O candelabro, a bandeira de Israel, o shofar, a estrela de Davi são elementos indispensáveis aos cultos cristãos contemporâneos. Isso, em igrejas genuinamente batistas, presbiterianas e outras. Visitas e mais visitas aos territórios de Israel com ré-batismos dos pseudos cristãos. Comemorações de festas e  uso das paramentas do antigo culto, tornaram-se, algo comum; e mesmo, escatologicamente, eles conseguem colocar a igreja na interdependência do Estado de Israel. Em outras palavras, a Igreja é posta em entre parêntese na história judaica.

 

O lastimável em tudo isso é que o povo de Deus tem a suas mãos as sagradas Escrituras, mas parece ainda não compreender o significado de “Antiga” e “Nova aliança”. Mas como culpá-lo se o próprio Deus prenunciando a perda da aliança a Israel diz: “o meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Os 4.6). Mesmo com os privilégios que nenhuma outra nação possuía, em face dos avisos que nenhum outro povo recebeu, Israel rebelou-se contra a legítima autoridade de Deus, recusaram-se a prestar-lhe seu devido culto, rejeitaram o conselho de seus profetas e, por fim, crucificaram seu Filho unigênito. Será que não tinham conhecimento, ou se fecharam para o conhecimento? Hoje de igual modo temos a palavra de Deus, temos o conhecimento, temos tudo, nada falta à igreja do Senhor em nossos dias, entretanto, estamos nos perdendo e nos deixando levar pelo modismo gospel que como tsunami leva tudo que encontra à sua frente, mas que deixa atrás de si um amontoado de restolhos.

 

Na parábola contada por Jesus sobre os lavradores maus em Lucas 20.9-19, está claro que o papel do povo judeu como povo da aliança terminara, e isso logo que o herdeiro da vinha fora morto. E era necessário, pois a transferência do arrendamento só se daria após a sua morte. Isso é tão importante que os três evangelistas fizeram questão em incluir a parábola em seus evangelhos. A mensagem põe um fim na responsabilidade judaica quanto a cumprir o propósito para o qual Deus a chamara, a redenção da humanidade.

 

Diante de tão evidenciado fato, é nos impossível conceber Pastores, líderes, e crentes fazendo uso do candelabro, da bandeira de Israel, da estrelas de Davi em suas igrejas. Indo regularmente aos territórios religiosos de Israel, comemorando festas ou usando paramentas do antigo culto judaico levando os crentes as mesmas práticas. Um retorno incompreensível. Nunca compreenderam as palavras de Jesus nesta parábola, ou nunca entenderam sua mensagem. O mais interessante de tudo isso, é que aqueles que ouviam a Jesus àquele instante, conheciam as citações do Antigo Testamento de Isaías 5:1-7, e compreenderam sobre o que Jesus estava se referindo. Os líderes religiosos, especialmente os principais sacerdotes, fariseus e mestres da lei, sabiam que a parábola se aplicava a eles. Sabiam que Jesus estava se referindo aos profetas que Deus enviara a Israel e a nação rejeitara, e de igual modo estavam agora a rejeitar a mensagem de João Batista, questionando a autoridade de Jesus e o desafiando abertamente. Na verdade, rejeitavam o último mensageiro de Deus, matando-O.

 

Jesus agora em Suas palavras coloca-os como os lavradores maus e como construtores preconceituosos com o Filho de Deus mostrando-lhes que a vinha estava para ser destituída, exonerada, tomada dos seus atuais arrendatários. E foi, foi transferida para nós a igreja do Senhor nesta terra. Hoje, nós, que estamos aqui e agora, somos os novos arrendatários da vinha do Senhor. Ele espera que não façamos o mesmo que os antigos arrendatários. Deus espera que vivamos uma vida digna da nossa vocação e que respondamos positivamente à sua Palavra arrependendo-nos e abandonando os nossos pecados vivendo calorosamente para o evangelho e para o seu reino na terra. A glória do Filho de Deus será vista na destruição de todos os inimigos do Evangelho. Os que rejeitaram a Cristo e fazem essa grande bobagem de retrocederem a antiga aliança. Os que assim fazem matam a si mesmos, pois rejeitam o filho, o Cristo de Deus. Quem “cair sobre esta pedra será esmagado, e quem sobre ela cair ficará reduzido a pó (Lc 20.18).

 

O texto lucano nas palavras de Jesus é juízo sobre o antigo Israel e sobre os dá antiga aliança colocando um ponto final ao papel de Israel como povo pactual e encerrando o seu chamado histórico. Esse povo não tem nenhum significado para a igreja de hoje. Deus transferiu o seu benefício para todos os povos do mundo. Todos aqueles chamados de gentios, nesse caso, eu e você, somo os novos arrendatários da vinha do Senhor.

 

Christus Est vitae essentia.

 

 

OBS: O Texto nada tem a ver com o que ocorre agora entre Israel e Palestinos, tampouco, cunho político. Abordo uma temática biblico-teológica. Tenho meu parco e pálido conhecimento sobre o ocorrido e, minha perspectiva própria sobre a geopolítica contemporânea.