UMA VEZ SALVO, SALVO PARA SEMPRE?
Se você é um cristão protestante, certamente já ouviu falar sobre esse tema, especialmente no meio acadêmico – nos cursos de Teologia. Esse assunto tem sido muito debatido entre teólogos e pastores no mundo inteiro, mas, a “discussão” que gira em torno dessa questão não é algo recente, muito pelo contrário, esse debate é muito antigo e surgiu antes da Reforma Protestante. Particularmente entendo que esse assunto é muito relevante para a Igreja dos dias de hoje, pois, trata-se de um assunto bíblico e indispensável para os crentes, especialmente quando nós queremos aprender com mais profundidade certos aspectos da doutrina da salvação que aparentemente são “mais difíceis” do que outros. Portanto, o tema em questão assim como toda doutrina bíblica deve ser examinado cuidadosamente e ensinado a luz das Escrituras e não com base nas tradições, ou nas opiniões particulares. Dito essas coisas, entendo que a resposta bíblica que se pode admitir para a questão “uma vez salvo, salvo para sempre” é: Sim! A salvação é imperdível, irrevogável, permanente, definitiva e eterna. A frase: “Uma vez salvo, salvo para sempre” está totalmente correta porque a salvação é uma obra de Deus e não humana. Aquele que é de Cristo, sempre será de Cristo. Aquele que foi salvo, sempre será salvo. Simples assim!
O ensino da Bíblia.
Se você é um crente legítimo, não há motivos para duvidar da sua salvação porque é Deus e não o homem, que através da Sua Palavra nos dá plena convicção de que somos salvos definitivamente. “Em verdade, em verdade vos asseguro: quem ouve a minha Palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”. (Jo 5.24). Aqui nessa passagem o apóstolo João ensina que a “vida eterna” foi dada por Deus a todos aqueles que ouvem sua Palavra e creem no Seu Filho. Se você faz parte desse grupo de pessoas, então, você é um verdadeiro cristão que nasceu de novo e que foi justificado por Cristo. Dessa maneira, quem nos dá essa garantia absoluta de salvação eterna “imperdível” é a Bíblia! Observe atentamente as palavras do Senhor Jesus, em (Jo 10.27-29): “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; Eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e elas nunca perecerão; tampouco ninguém as poderá arrancar da minha mão. Meu Pai, que as deu a mim, é maior do que todos, ninguém é capaz de arrancá-las da mão de meu Pai”. Vemos, portanto, que a Bíblia deixa muito claro que as ovelhas de Jesus não se perdem.
As Escrituras afirmam de maneira inequívoca, incontestável e irrefutável, que o amor de Deus para com o crente é eterno. “Vindo de uma terra distante, Yahweh apareceu a Israel, assegurando: “Com amor eterno te amei; com amor leal a atraí para mim mesmo”! (Jr 31.3). “Assim, pouco antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que havia chegado o tempo de Deus, em que partiria deste mundo e iria para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”. (Jo 13.1). “Não afastarei dele meu amor benevolente e jamais lhe negarei minha atenção pessoal e fiel”. (Sl 89.33). Os crentes jamais serão condenados. “Quando, porém, somos julgados pelo Senhor, somos corrigidos, para não sermos condenados com o mundo”. (1Co 11.32).
Em (Gl 3.29), está escrito: “E, se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão e plenos herdeiros de acordo com a Promessa”. Isso significa que Deus, na pessoa de Abraão, fez uma aliança com o crente. Aliança esta – irrevogável, incondicional, selada com o sangue de Cristo (1Co 11.25). “Eu não violarei minha aliança, tampouco modificarei qualquer das promessas dos meus lábios. De uma vez para toda a eternidade jurei por minha santidade, e não faltarei com a minha palavra a Davi” (Sl 89.34,35). Essa garantia segura e inabalável dos decretos, das promessas de Deus ao crente foi dada pelo selo inviolável do Espírito Santo (Ef 1.13; 2Tm 2.19). “Ora, é Deus quem faz com que nós e vós permaneçamos firmes em Cristo. Ele nos ungiu, nos selou como sua propriedade e fez habitar o seu Espírito em nossos corações como garantia de tudo o que está por vir”. (2Co 1.22). A aliança permanente de Deus com o crente, faz com que ele viva uma vida de santidade no temor do Senhor a fim de não se apartar dele. “Irmãos, tende muito cuidado, para que nenhum de vós mantenha um coração perverso e incrédulo, que se afaste do Deus vivo”. (Hb 3.12). “Porque repreendendo-os, diz: Eis que virão dias, diz o Senhor, em que estabelecerei com a casa de Israel e com a casa de Judá um novo pacto. Não segundo o pacto que fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; pois não permaneceram naquele meu pacto, e eu para eles não atentei, diz o Senhor. Ora, este é o pacto que farei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor; porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo, ninguém jamais precisará ensinar o seu próximo, nem o seu irmão, dizendo: ‘Conhece o Senhor’, porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior. Pois Eu lhes perdoarei a malignidade e não me permitirei lembrar mais dos seus pecados”. (Hb 8.8-12).
E, se o crente cair? Infelizmente isso pode acontecer!
Mesmo em Cristo, o crente não está isento de pecar, de entristecer o Espírito Santo, de se afastar de Deus, de deixar de congregar, mas, ainda que essas coisas aconteçam, a Escritura diz que o crente não ficará prostrado. Deus o trará de volta para sua presença e comunhão com Ele. “Um homem justo cai sete vezes, e se levanta novamente, mas os perversos cairão no mal”. (Pv 24.16). “Não te alegres, inimiga minha, a meu respeito; quando eu cair, levantar-me-ei; quando me sentar nas trevas, o Senhor será a minha luz. Sofrerei a indignação do Senhor, porque tenho pecado contra Ele; até que Ele julgue a minha causa, e execute o meu direito. Ele me tirará para a luz, e eu verei a sua justiça. E a minha inimiga verá isso, e cobri-la-á a confusão, a ela que me disse: Onde está o Senhor teu Deus? Os meus olhos a contemplarão; agora ela será pisada como a lama das ruas”. (Mq 7.8-10).
Deus conduzirá o crente até o fim, de maneira que a sua alma seja preservada desde agora e para sempre (Sl 121.7,8).
Não tire conclusões precipitadas!
Uma vez salvo, salvo para sempre, não dá a mim e, a você o direito de viver a vida como bem entendemos, pecando a todo instante. Sou calvinista, mas não ensino essas coisas e nenhum calvinista ensina isso, porque esse não é o ensino da Bíblia. "Continuaremos pecando, para que a graça aumente ainda mais? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós, que já morremos para ele? Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? pois o fim delas é a morte. Mas agora, libertos do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e pôr fim a vida eterna". (Rm 6.1,2,11,21,22).
Semelhantemente é a doutrina da perseverança dos santos que nos motiva diariamente a dedicarmos a consagração e a fidelidade com Deus (1Pe 1.3-5). Essa doutrina assim como as demais, é um ato da graça de Deus que segundo a sua misericórdia preserva e sustenta os crentes em Cristo Jesus por meio da fé nele, até o fim para salvação e glorificação de maneira que nunca iremos cair da graça que uma vez recebemos. Dessa forma podemos dizer, como disse o apóstolo Paulo: "...eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia". (2Tm 1.12). "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé". (2Tm 4.7). Portanto,... "corramos com perseverança a carreira que nos está proposta". (Hb 12.1).
Mas, infelizmente muitos crentes tiram conclusões precipitadas diante da afirmação que nós calvinistas fazemos que “uma vez salvo, salvo para sempre. Ninguém que é verdadeiramente salvo vai querer sair pecando por aí e levando uma vida fora dos padrões bíblicos. Isso é absolutamente contra a nossa nova natureza. Os salvos abominam o pecado, assim como Deus abomina. Nosso prazer está na Lei do Senhor, em amá-lo acima de qualquer coisa, em obedecer aos seus mandamentos e viver uma vida santa e piedosa conforme Deus exige do seu povo.
“Aquele que afirma: Eu o conheço, e não obedece aos seus mandamentos, é mentiroso e a verdade não está nele”. (1Jo 2.4).
“Todo aquele que é nascido de Deus não se dedica à prática do pecado, porquanto a semente de Deus permanece nele e ele não pode continuar no pecado, pois é nascido de Deus”. (1Jo 3.9).
Podemos notar que, conforme o ensino do apóstolo João, os salvos em Cristo não vivem na prática do pecado, porém, isso não significa que os salvos nunca irão pecar, conforme eu já expliquei anteriormente. A pessoa que afirma ser salvo e vive na prática do pecado está mentindo, “enganando a si mesma” e dando provas que de fato ela não é salva porque a Bíblia ensina “Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação. Portanto, quem rejeita isso não rejeita ao homem, mas sim a Deus, que vos dá o seu Espírito Santo”. (1Ts 4.7,8). O apóstolo Paulo também explica em sua carta aos Efésios que Deus nos elegeu nele antes da fundação do mundo, mas, com um propósito bem definido “para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor”. (Ef 1.4).
O crente não perde a sua salvação.
“Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”. (Jo 6.37). Vale lembrar que foi o Senhor Jesus que disse essas palavras! Se você veio a Cristo é porque o Pai trouxe você a Ele (Jo 6.44), e o que vem a Cristo jamais será excluído, expulso de seu Reino. O apóstolo Paulo confirma essa verdade ao dizer que “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. (Rm 8.1). Uma vez justificado diante de Deus pela fé em Cristo (Rm 5.1), o crente também será glorificado “porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou”. (Rm 8.29,30).
O crente não perde a sua salvação, porque é Deus quem sustenta a salvação do princípio ao fim. O crente não pode perder a sua salvação, porque a salvação é uma obra de Deus e não do homem. A salvação do crente está segura, e ela é imperdível, porque em Cristo, nós vencemos o mundo (1Jo 5.4,5), o diabo (1Jo 4.4; Ap 12.11), e, o pecado – [a carne] (Rm 6.14). O crente não perde a sua salvação, porque ele foi comprado com o sangue do Senhor Jesus Cristo (1Co 6.20; 7.23; 1Pe 1.18,19; Ap 5.9), e porque todos os nossos pecados foram consumados por Cristo na cruz (Jo 19.30). A salvação do crente é definitiva, porque Cristo é o Autor e Consumador da fé (Hb 12.2), porque o dom de Deus é irrevogável (Rm 11.29), porque a nossa salvação está fundamentada em Suas promessas (Js 21.45; At 13.32; Ef 3.6; Hb 9.14,15; 10.23; 1Jo 2.25), e, porque Jesus é o “Amém” das promessas de Deus (2Co 1.20).
Particularmente, estou convencido pelo ensino das Escrituras e não tenho dificuldades nenhuma de admitir que “uma vez salvo, salvo para sempre”. Eu não tenho dúvidas disso! Essa certeza inabalável me faz um bem incomparável, a minha alma se regozija diariamente e está segura nessa promessa porque tenho completa certeza da minha salvação, e porque a salvação que Deus me deu é definitiva, imperdível – eterna. Cristo me salvou. Aleluia! Bem-aventurado o crente que compreende isso e que aceita o texto bíblico como ele é, como está escrito! A garantia de salvação permanente do crente não é opinião minha, ou de qualquer outro pastor, ou dos teólogos. Não! Isso é Bíblia. Aquele que nasceu de novo conforme Jesus explica (Jo 3.3,5-8), não pode “desnascer” (1Jo 5.1). Aqueles que professam publicamente a sua fé em Jesus, frequentam os cultos na igreja, recebem oração, ouvem a pregação da Palavra e depois se perdem pelo caminho, é porque nunca foram salvos. O apóstolo João explica isso de uma forma muito clara. "Eles saíram do nosso meio, mas na realidade não eram dos nossos, pois se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; o fato de terem nos abandonado revela que nenhum deles era realmente dos nossos". (1Jo 2.19). Nada e ninguém jamais será capaz de desfazer aquilo que Deus fez. Os decretos de Deus são imutáveis, o plano de Deus não pode ser alterado pelo homem e nenhum de seus planos podem ser frustrados (Jó 42.2). Essas coisas estão muito claras nas Escrituras. “Se as Escrituras não te convenceram dessa verdade, então, nada mais te convencerá”!
A que conclusão, pois, chegamos diante desses fatos?
“Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos concederá juntamente com Ele, gratuitamente, todas as demais coisas? Quem poderá trazer alguma acusação sobre os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica! Quem os condenará? Foi Cristo Jesus que morreu; e mais, Ele ressuscitou dentre os mortos e está à direita de Deus, e também intercede a nosso favor. Quem nos separará do amor de Cristo? Será a tribulação, ou ansiedade, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todos os dias; fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Contudo, em todas as coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Portanto, estou seguro de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos afastar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”. (Rm 8.31-39).
JESUS FAZ A DIFERENÇA.