DE VOLTA PRA CASA

DE VOLTA PRA CASA

De passagem pelo aeroporto de Atlanta (USA) um dos maiores do mundo, momentos indescritíveis podiam ser vistos e sentidos por todos que por ali aguardavam o seu voo. Com mochilas grandiosas às costas, aqueles bravos soldados, de passos firmes e apressados chegavam a todo momento, dirigindo-se para a saída do aeroporto ao encontro de ansiosos familiares que os aguardavam, entre gestos, gritos, olhares atentos, buscavam identificar seus entes queridos entremeio à multidão. “Estão de volta pra casa!” alguém falou. “São os que escaparam da guerra do Iraque” ... abraços longos e apertados, era o quadro, e dos que assistiam, não havia quem não enxugasse suas sentidas lágrimas de emoção ao contemplar tamanha comoção. Aqueles sonhados encontros, parecendo final de um filme romântico. Afinal, são estes, dos poucos que escaparam da morte.

Meus olhos encheram-se de lágrimas, enxuguei-os e sai do meu lugar, procurando me aproximar de uma jovem senhora que estanque no seu lugar, imóvel como uma estátua, trazendo no colo um bebê, loiro como a mãe, tendo mais duas crianças do seu lado, um menino e uma menina. A mãe de rosto molhado pelas incontidas lágrimas, os meninos trazendo um semblante pesado e triste, olhos vermelhos, cabisbaixo agarrados à saia da mãe. Senti uma dor no meu coração, a garganta parecia se fechar, era difícil contemplar a sua espera, pelo marido que não havia chegado dentre tantos que chegavam.

Foi anunciado o meu voo, tive que sair em direção ao embarque, contudo, precisei por várias vezes olhar pra trás... – a mulher mantinha-se no mesmo lugar, confesso que desejei orar e pedir a Deus misericórdia para aquela família, enquanto isto, as indesejáveis perguntas eram criadas na minha mente: ”e se o marido não voltar? – Pobre mulher! Tão jovem, tão bonita, com filhos tão pequenos, os filhos...! A volta pra casa... Que volta! Eu também estava voltando pra casa, entretanto, minhas expectativas eram outras, até então mais prováveis que as delas. O caminho de volta pra casa! Que esperar? Como esperar?

Temos que prosseguir caminhando, a vida não para, não deixaremos de existir, mesmo quando os nossos sonhos ou a nossa mais dura realidade nos custe tão alto o preço. Somos construtores de sonhos, somos amantes da vida, somos o centro dos sonhos de Deus. Por mais que a vida nos surpreenda, por mais que tomemos as emoções e sofrimentos dos semelhantes como se fossem nossos próprios, estaremos fazendo um caminho de volta – de volta pra casa – a casa de Deus, preparada para todos nós que a aguardamos em Cristo.

Que coisa estranha essa paixão que nos faz chorar, mesmo quando parece não ser nossa a dor, quando a dor do meu próximo se faz minha dor também. Esse sentimento, essa dor, foi também sentida por Deus ao nos ver perdidos, sem rumo e sem salvação. Jesus gemeu por nossos pecados, e lá na cruz teve compaixão, não imputando pecados aos que o condenaram. Deus nos tem assistido em nossas lutas, Ele nos vê na estação, e o seu Espírito Santo nos prepara para o embarque, todavia devemos estar atentos para a hora da chamada, a hora de voltar pra casa!