O que eu aprendi com Alice Távora

O QUE EU APRENDI COM ALICE TÁVORA

Miguel Carqueija

 

Uma das coisas boas que me aconteceram na vida foi ter conhecido Alice Távora, creio que por volta de 1974. Reconheci nela uma pessoa sábia, uma missionária católica de grande valor e uma excelente escritora.

Por certo, tinha muito mais idade que eu. Primeiro, ela tinha travado conhecimento com a minha mãe.

Alice Távora era divulgadora das aparições de Nossa Senhora em Garabandal, na Espanha; de sua autoria é o livro “De Garabandal para o mundo”. É também autora de uma reportagem premiada e publicada em forma de fascículo, “População/fome: o falso binômio dos séculos”. Escrevia e editava uma publicação amadora em mimeógrafo, “Notícias católicas brasileiras”, além de ser a entusiasmada Secretária do Movimento Pró Dia Nacional de Ação de Graças.

Era muito sensata nas posições morais e filosóficas. Naturalmente, ela se opunha ao comunismo.

Pois certa vez, conversando com ela sobre política, fiz uma observação de elogio à direita.

Nesse ponto Alice Távora (eu a chamava de Dona Alice, bem entendido: era uma questão de respeito, eu era apenas um rapaz que lia muito mas de muita coisa era inexperiente) observou que eu não deveria ser da direita, pois, como a esquerda, a direita era um extremo. O certo era ser de centro, a posição de equilíbrio.

Reconheci que ela tinha razão e nunca mais me declarei de direita. E, como também não gosto muito de transformar posição política num eixo de geometria, hoje nem me digo centrista, mas somente católico e conservador.

Continuo, é claro, tendo ojeriza da esquerda. A militância esquerdista prova diariamente o quanto ela é maldosa, mentirosa e truculenta. E como seu viés é totalitário. Aliás a esquerda detesta o Cristianismo, exceto se for um falso cristianismo, como a tal teologia da libertação, de fundo marxista. Vejam-se as violências do tirano Daniel Ortega (classificado como “desequilibrado” pelo Papa Francisco) contra a Igreja, na Nicarágua. A esquerda não melhorou com o tempo, fica pior a cada ano e hoje em dia interfere até com a linguagem e com a ciência.

Mas é possível ser contra a esquerda sem aderir à direita. É melhor trocar a polarização pelo bom senso. Isso eu aprendi com Alice Távora.

Ainda hoje sou grato à líder católica Alice Távora, falecida há muitos anos, pelo que pude aprender em alguns contatos e com a leitura de seus textos.

 

Rio de Janeiro, 30 de junho e 1º de julho de 2023.