EVANGELIZAÇÃO DOS PERDIDOS
“Mas, a Palavra do Senhor permanece para sempre. E essa é a Palavra que vos foi evangelizada”. (1Pe 1.25). A palavra “evangelizar” no texto original grego do Novo Testamento é εὐαγγελίζωμαι euangelizomai, que significa “trazer”, ou “anunciar” o “Evangelho” εὐαγγέλιον euangelion, (Lc 1.19), as “boas novas” – “pois não me envergonho do Evangelho...”. (Rm 1.16). Apesar do maravilhoso significado que essas palavras possuem, poucos são aqueles que se dispõe a evangelizar os perdidos. A grande maioria prefere ficar de braços cruzados e ouvir o testemunho de pessoas que se converteram ao cristianismo. E, você evangeliza? Se sim, como você evangeliza? Será que você evangeliza conforme a Bíblia nos manda evangelizar? O que existe no evangelismo que te assusta? Vergonha? Medo de ser rejeitado pelas pessoas? Se Jesus deu uma ordem para sua Igreja evangelizar o mundo, então por que não obedecemos? Seja qual for a nossa resposta, evangelizar não é uma escolha, mas uma ordem direta e imperativa do Senhor Jesus aqueles que Ele salvou. Somos ordenados a evangelizar todas as pessoas e fazer discípulos de Cristo (Mt 28.18-20). A Igreja deve evangelizar por obediência a Deus (Mc 16.15), e por amor aos perdidos (Mc 6.34).
O que não é evangelismo.
Evangelismo não é imposição, não é obrigar as pessoas a se decidirem por Cristo. Muitos crentes querem impor suas visões religiosas sobre os incrédulos como forma de atraí-los a Cristo, como se eles fossem capazes de converter alguém, mas isso não é evangelismo. A humanidade está morta no sentido espiritual, caminhando a passos largos para o inferno eterno e arraigada de tal forma no pecado que se o Espírito Santo não convencer e trazer o indivíduo a Cristo, nenhum de nós jamais poderá fazer isso. Evangelismo não é meramente dizer as pessoas sobre os benefícios que advém da conversão porque, “evangelismo" que se restringe apenas em satisfazer o ego e as necessidades das pessoas, não é evangelismo de forma alguma, pois falha em comunicar claramente a mensagem central do Evangelho que é a necessidade vital de arrependimento e fé no Senhor Jesus Cristo como único caminho de obter o perdão e salvação. Evangelismo não significa simplesmente o resultado de pessoas convertidas. Você pode evangelizar inúmeras vezes as mesmas pessoas sem que haja uma única conversão. Particularmente tenho vivenciado isso dentro da minha própria família, mas isso aconteceu também com Paulo, quando evangelizava os judeus e naquele dia não houve conversão de ninguém. (At 13.44-47). Portanto, é preciso ter muito cuidado para não confundir evangelismo com resultados porque uma Igreja lotada de pessoas não significa que todos sejam salvos. Essas ideias que acabei de expor não refletem a verdade do evangelismo bíblico.
O que é evangelismo.
O evangelismo segundo os padrões bíblicos é algo bem simples, pois evangelizar é “levar as boas novas” por meio do Evangelho de Cristo, ou seja, é transmitir aos perdidos o que também recebemos. “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras”. (1Co 15.3). Um ponto específico nessa passagem merece destaque! Evangelizar é uma tarefa estabelecida e designada por Deus aqueles que verdadeiramente receberam o Evangelho, ou seja, a nós – os crentes. Isso significa que Deus determinou que a obra de evangelização do mundo é responsabilidade da Igreja e não daqueles que superficialmente “conhecem” o Evangelho. Podemos notar que muitos querem evangelizar, porém suas vidas demonstram que nunca receberam de fato o Evangelho. São pessoas que nunca nasceram de novo, que não temem a Deus, pois anunciam uma falsa verdade. Evangelizar é viver aquilo que prega; e pregar aquilo vive. É declarar com autoridade o que Deus fez para salvar pecadores, é advertir as pessoas da sua condição perdida e mostrar a necessidade de arrependimento e fé no Senhor Jesus Cristo. Se quisermos de fato evangelizar os perdidos devemos seguir os exemplos de João Batista, Pedro, Paulo e do próprio Senhor Jesus que eram pessoas completamente comprometidas com o Evangelho. (Mt 11.20; 21.28-32; Mc 6.12; Lc 3.2,3,7,8,18; 5.31,32; 24.45-49; At 3.11-26; 5.19-32; 11.18; 20.21; 26.20).
Todo cristão deve evangelizar.
Então, Jesus aproximando-se deles lhes assegurou: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Portanto, ide e fazei com que todos os povos da terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a obedecer a tudo quanto vos tenho ordenado. E assim, Eu estarei permanentemente convosco, até o fim dos tempos”. (Mt 28.18-20). Essa foi a ordem de Cristo, não apenas aos seus 12 primeiros discípulos, como os acomodados imaginam, mas a todos os seus discípulos de todas as épocas. Isto está muito claro a partir do livro de Atos, onde podemos notar que o evangelismo na Igreja Primitiva não foi deixado somente na responsabilidade dos apóstolos, mas “todos os crentes evangelizavam”.
O Evangelho de Cristo era anunciado em todos os lugares pelos apóstolos e todos os crentes, mas naqueles dias levantou-se grande perseguição contra os cristãos que estavam em Jerusalém, e todos exceto os apóstolos, se espalharam pelas regiões da Judeia e de Samaria, porém não para fugir, ou se esconder das autoridades, mas sim para evangelizar os perdidos por onde quer que fossem. (At 8.1-6).
Mais tarde vemos Pedro e João regressando a Jerusalém, pregando o Evangelho em muitos povoados samaritanos (At 8.25), enquanto Filipe, indo para Gaza e depois a Cesareia, pregava o Evangelho em todas as cidades por onde passava (At 8.26-40). Os crentes primitivos pregavam o Evangelho a judeus e gentios, e o Senhor estava com eles, de forma que muitos creram e se converteram a Cristo (At 11.19-21).
Além destes, Paulo e seus companheiros também estavam envolvidos na obra missionária a fim de evangelizar o mundo de sua época (At 13-21). E você que se diz cristão, também é compromissado com a obra evangelização? Você tem feito discípulos de Cristo? Você se preocupa com a salvação dos perdidos? Se para estas perguntas a sua resposta for (não), então você precisa definitivamente entender que a obra de evangelização não é uma opção de escolha sua, mas uma “ordem” direta de Jesus a cada cristão.
Como devemos evangelizar?
Biblicamente falando não existe uma “lista pronta” sobre como evangelizar as pessoas, mas podemos dizer que existem alguns princípios bíblicos fundamentais que nos ensinam a maneira correta de como evangelizar.
Como já disse anteriormente, evangelizar é comunicar uma boa notícia a respeito de algo, e no caso específico é anunciar o Evangelho a respeito de Jesus. “E, Filipe, tomando a palavra e iniciando por aquela mesma passagem das Escrituras, anunciou-lhe a Jesus”. (At 8.35). A iniciativa do evangelista Filipe aqui nessa passagem é algo muito importante que devemos considerar, pois ele vai até o eunuco com a intenção de evangelizá-lo, ou seja, ele dá o primeiro passo em direção aquele pecador para lhe dar uma boa notícia. Isso significa que Filipe estava propondo um relacionamento com aquele homem. Precisamos entender que quando “iniciamos um relacionamento intencional” com a pessoa que desejamos levar ao conhecimento de Cristo por meio do Evangelho, “criamos uma amizade, estabelecemos confiança e testemunhamos com a própria vida o que é de fato ser um cristão”. O relacionamento de Filipe com aquele eunuco deu fruto. “...o eunuco observou: Eis aqui água! Que me impede de ser batizado? Filipe disse: Tu podes, se crês de todo o teu coração. Em seguida, declarou-lhe o eunuco: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus! ... Então, Filipe e o eunuco desceram à água, e Filipe o batizou. (At 8.36-38).
Enquanto evangelizamos demonstramos o “amor que temos a Deus e pelos outros”. Por sua vez o “Espírito Santo abre o coração da pessoa para entender o Evangelho (At 16.14), e faz aquele trabalho sobrenatural que ninguém pode fazer, mas que percebemos pelos frutos.
Use a Bíblia quando for evangelizar.
Aqui há dois pontos importantes que nós precisamos entender. Em primeiro lugar, não é a palavra do crente que atrai os pecadores a Cristo, mas a Palavra de Deus. Se a nossa mensagem fosse suficiente em si mesma, e poderosa para convencer e salvar os perdidos, então bastaria dizer “seja salvo” e estaria tudo resolvido. Porém, como já disse anteriormente, ninguém jamais será capaz de converter um coração impenitente, mas somente Cristo tem todo o poder para fazer isso. Se você não usa a Bíblia para evangelizar está revelando duas coisas: Vergonha e falta de fé nas Escrituras. O poder da nossa pregação está na mensagem do Evangelho e não em nossas palavras. (Rm 1.16; 1Co 1.18; 2.1-5; 1Pe 1.23; Is 55.10,11).
Em segundo lugar, mesmo tendo a Bíblia para evangelizar, como poderemos realizar esse serviço se a nossa vida não condiz com o Evangelho? Nossa conduta é indispensável no serviço da evangelização. Já vivenciei um caso muito triste quando pastoreei determinada igreja. Muitos irmãos da congregação gostavam de evangelizar nossos vizinhos no final de semana. Mas, durante a semana alguns irmãos davam mal testemunho perante aqueles que foram evangelizados a ponto de muitos dizerem: “Se isso é ser crente, eu prefiro permanecer como estou”. Pergunto: “O que adianta pregar e não viver aquilo que prega”? Isso é hipocrisia e se a nossa conduta não está de acordo com o Evangelho, então não veremos os frutos da nossa evangelização. Charles Spurgeon, dizia: “Que o principal sermão de sua vida seja pregado pela sua conduta”. O Senhor Jesus nos chamou para sermos luz do mundo e não pedra de tropeço para os outros. “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”. (Mt 5.16).
É indispensável orar antes de evangelizar.
Lembre-se disso, oração é relacionamento. Por mais que você esteja bem-preparado no conhecimento das Escrituras, sem oração, esse preparo sempre será incompleto. O cristão que ora continuamente relaciona-se diretamente com Deus. É na oração que rogamos ao Pai que nos capacite cada vez mais no serviço da evangelização. É através da oração que pedimos a Deus que abra o coração e os ouvidos dos perdidos a fim de entenderem a mensagem do Evangelho. (At 16.14; Rm 10.1). Por isso é indispensável orar antes de evangelizar, pois na oração expressamos nossa dependência de Deus. É na oração que lembramos que somente Deus tem todo o poder para convencer, converter e transformar o mais ímpio pecador.
Lembre-se da soberania de Deus.
É Deus que soberanamente decide salvar os perdidos, e não os perdidos que se salvam pelo “suposto livre-arbítrio” (Jo 6.37,44,65). Somos salvos pelos méritos de Cristo, pelo que Ele fez na cruz por nós, e não pelos nossos próprios méritos, ou por nossos esforços. Ninguém é bonzinho o suficiente para merecer a salvação, mas somente pela graça de Deus somos salvos (Ef 2.8,9). Homem nenhum pode salvar-se a si mesmo, mas somente Deus pode salvar os homens. Se Deus não convencer os corações impenitentes da necessidade de arrependimento e fé no Senhor Jesus Cristo a fim de serem salvos, todos sem exceção estariam perdidos (Ef 2.1-5). É Deus que segundo as suas misericórdias salva quem Ele quiser e quando Ele quiser (Rm 9.11-23). É o Senhor quem escolhe e predestina os pecadores para serem conforme à imagem de seu Filho; também é Ele quem chama, justifica e glorifica (Rm 8.29,30). Estas verdades estão muito claras nas Escrituras, e devemos honestamente declarar isso no evangelismo “quando for necessário”.
A decisão se seguir a Cristo.
Para nós que somos salvos, não há dúvidas de que a maior benção do Evangelho é a salvação e à medida que nos relacionamos com as pessoas e apresentamos a elas o Evangelho de “forma clara e honesta”, precisamos também explicar que a decisão de seguir a Cristo não é uma tarefa fácil, mas, “árdua” e “urgente”. Contudo, “vale a pena” segui-lo.
Seguir a Cristo é uma tarefa muito “árdua”.
Cristo exige de nós completa abnegação e desprendimento. Você lembra do desafio que Jesus fez as multidões que o seguiam? “E Jesus proclamava às multidões: “Se alguém deseja seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz dia após dia, e caminhe após mim”. (Lc 9.23). Podemos notar nas palavras do Senhor Jesus, que aqueles que pretendem segui-lo devem negar-se a si mesmo, ou seja, devem renunciar suas próprias vontades a fim de seguirem o Senhor Jesus Cristo. Isso significa dizer não para as próprias vontades a fim de se submeter a vontade soberana de Deus. Mas, isso ainda não é tudo!
Milhares de pessoas acompanhavam Jesus; então, dirigindo-se à multidão lhes declarou: “Se alguém deseja seguir-me e ama a seu pai, sua mãe, sua esposa, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até mesmo a sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. Da mesma forma, todo aquele que não carrega a sua própria cruz e segue após mim não pode ser meu discípulo”. (Lc 14.25-27). Você está mesmo disposto a seguir Jesus? Então, você precisa saber que é necessário desprendermos de tudo aquilo que possuímos. “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. (Mt 19.21). Essas palavras de Jesus, foram ditas a um homem que possuía muitas riquezas. Duas coisas importantes precisam ser explicadas aqui! Em primeiro lugar, Jesus não é contra as riquezas. Você pode ser rico e ao mesmo tempo discípulo de Cristo. Em segundo lugar, Ele não está ensinando que nós devemos dizer aos perdidos que eles devem vender tudo que possuem se quiserem ser cristãos. Não é este o ensino de Jesus nessa passagem. Contudo, há um ensino muito importante de Jesus aqui. “Tudo que nós confiamos, ou escolhemos acima de Deus, Ele exige que abandonemos”. Essas coisas nós precisamos mostrar as pessoas que estamos evangelizando.
Seguir a Cristo é muitíssimo “urgente”.
A morte é uma certeza incontestável e ninguém sabe quanto tempo ainda irá viver. Ninguém sabe se estará vivo daqui a um segundo. Depois de mortos não haverá uma segunda chance. Não há perdão de pecados e salvação da alma depois de morto. Os que morrem com Cristo, com Ele reinarão, os quem morrem sem Cristo, sem Ele perecerão. Por causa disso, nós precisamos urgentemente evangelizar aos nossos amigos e familiares e explicar que a melhor oportunidade de seguir a Cristo é agora mesmo e não esperar para se decidir amanhã, pois o amanhã pode não vir para você. Não existe outra forma de escapar das duras penalidades do inferno senão com arrependimento e fé no Senhor Jesus Cristo. (Mt 7.23; 25.12,41; Lc 13.27).
Seguir a Cristo “vale a pena”.
Apesar das exigências que Deus faz aos seus filhos, não há riqueza maior no mundo que seguir a Cristo e ser o tabernáculo do Espírito Santo. Não existe alegria maior do que ser um cristão e desfrutar da doce comunhão com Deus e com os seus santos. Não há consolo e segurança maior do que termos a certeza do perdão divino e da salvação eterna que Deus nos deu por meio de Seu Filho. O Evangelho nos diz que pela fé em Cristo, fomos justificados diante de Deus que perdoou todos os nossos pecados, e nos acolheu em sua família que é a Igreja. Dessa forma podemos nos relacionar diretamente com o próprio Deus porque, Ele nos amou primeiro e nos encheu com o Seu Espírito a fim de recebermos toda sorte de benção espiritual em Cristo (Ef 1). Nem ouro, nem prata, nem qualquer outra coisa nesse mundo, absolutamente nada se compara com essas incomparáveis bençãos de Deus na vida daqueles que são seus. Agostinho de Hipona, um dos pais da Igreja, do IV século, sabia muito bem o quanto vale a pena seguir a Cristo: “Senhor, é duro te seguir, mas é impossível te deixar”.
JESUS FAZ A DIFERENÇA.