O Novo Pastor Diocesano de Olinda e Recife
Recentemente o Papa Francisco acolheu a renúncia do arcebispo de Olinda e Recife por motivo de idade canônica, quando os bispos têm que se afastar do pastoreio ao completarem 75 anos. Neste mesmo ato foi nomeado para o mesmo cargo o bispo diocesano de Garanhuns.
Oriundo do clero paraibano D. Paulo Jackson foi designado para Garanhuns há pouco mais de oito anos, assumindo, então, a Diocese como seu décimo primeiro bispo. Atento aos passos da Igreja em tempos de disputas políticas e divisões no seio eclesial saudosista, soube se encaminhar como pastor diocesano exercendo seu múnus episcopal principalmente a partir da palavra, vez que é portador de grandes saberes que o qualificam enquanto mestre e doutor.
A diocese de Garanhuns surgiu em 1918 junto às dioceses de Pesqueira e Nazaré como parte de um avanço novo da Igreja para outras localidades, uma vez que em tempos do Brasil Império não havia vontade para a criação de novas circunscrições eclesiásticas, dificultando, assim, a ação da vida eclesial. Por muito tempo Pernambuco teve apenas a diocese de Olinda, criada nos idos de 1676, sufragânea da arquidiocese de São Salvador, única no País e sede primaz. Em 1910 surge a primeira divisão com a criação da diocese de Floresta no interior pernambucano.
O episcopado de D. Jackson foi frutuoso em terras da diocese garanhuense. Também o será em sua nova missão, assim rogamos. Será sucessor de grandes bispos que no sólio episcopal de Olinda passaram. Gente da envergadura de D. Francisco Aranha, criador de diversas paróquias, dentre muitas a primaz, mais antiga da diocese de Garanhuns, a Paróquia Nossa Senhora da Conceição em Águas Belas no ano de 1766. Por Olinda passou D. Coutinho, grande incentivador da cultura, D. Tomás de Noronha que muito fez pelos pobres, D. Vital Maria, o bispo capuchinho da Questão Religiosa, D. João Esberard, tinha fama de santo, D. Leme, depois cardeal e responsável pela divisão da então arquidiocese de Olinda e D. Paulo sucederá a D. Hélder Câmara, a maior expressão do clero brasileiro.
O novo arcebispo sabe que sua hercúlea nova tarefa não será fácil, uma vez que compõem a Arquidiocese mais de 150 paróquias e um batalhão de padres e religiosos, além de acentuada divisão intraeclesial, uma vez que sempre foi a arquidiocese de Olinda e Recife um celeiro de muitas tendências nos últimos 60 anos, especificamente nos episcopados de D. Carlos Coelho, D. Hélder e mais recentemente no do ultraconservador carmelita D. José Cardoso, perseguidor de muitos padres ligados à teologia da libertação e envolvidos com as comunidades eclesiais de base, as Cebs.
Dom Paulo Jackson será o quarto arcebispo que é transferido de Garanhuns para outros sólios episcopais. O primeiro foi D. Mário de Miranda Villas Boas ao final de 1944, destinado para a arquidiocese de Belém do Pará; o segundo a se fazer arcebispo foi D. Milton Pereira, o sétimo diocesano e transferido para a arquidiocese de Manaus em 1973. Recentemente -, 2014 - mais uma nomeação arquiepiscopal e desta feita para a arquidiocese castrense, no Ordinariado Militar do Brasil, na pessoa do décimo bispo de Garanhuns, D. Fernando José Guimarães, em Brasília, e já resignatário.
É a arquidiocese de Olinda e Recife uma das mais antigas do Brasil após Salvador, ao lado da diocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. A história escrita por bispos, padres, freiras e leigos carece continuar a ser bem escrita e para tanto um grande Pastor se faz necessário; alguém com sensibilidade social, capacidade dialogal, aberto à aceitação dos contrários, preparado intelectualmente e com cheiro de ovelhas nos passos do Evangelho e em consonância com o pontificado de Papa Francisco.
Um Igreja sinodal é imperativo para os dias hodiernos. Longe uma igreja autorreferencial a cada dia introvertida, cega aos reclamos sociais e inerte na profecia, de chofre esquecida, e perdida em alfaias.
Que São Salvador do mundo encoraje o Pastor ora nomeado e Nossa Senhora do Carmo o conserve na retidão e comunhão com todos os setores intra e extraeclesiais.