AS COMUNICAÇÕES MEDIÚNICAS E A FÉ RACIOCINADA
“Não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus. (1 João 4.1)
Lamentavelmente, muitos espíritas, instituições ou médiuns individualmente, esquecem ou não querem mesmo aplicar o rigor metodológico que Kardec aplicou às mensagens mediúnicas. Essa falta de critério leva a disseminação de mensagens e literaturas com conteúdos duvidosos que são comumente identificados pela maioria das pessoas como um ensinamento espírita legítimo.
Levando muitos indivíduos a terem dúvidas e verem contradições e erros nos ensinos do Espiritismo, afastando-se da seara espírita simplesmente por falta de maior entendimento acerca dos fenômenos mediúnicos e principalmente da autonomia que os espíritos têm como seres de vontade própria com livre-arbítrio.
Desse modo, não podemos esquecer que os espíritos nada mais são do que seres humanos desencarnados, em diversos graus de inteligência e moralidade, assim, do mesmo modo que devemos ter parcimônia com os discursos entre os homens devemos racionalizar tudo o que vem do mundo espiritual. São duas humanidades que se interpenetram, e se influenciam mutuamente:
“Como os Espíritos de todos os graus podem manifestar-se, resulta que as suas comunicações trazem o cunho da sua ignorância ou do seu saber, da sua inferioridade ou da sua superioridade moral. E é justamente para distinguir o verdadeiro do falso, o bom do mau, que devem servir as instruções que temos dado.” [1]
Por não compreenderem essa realidade é que muitas pessoas se decepcionam. Ora, se nos decepcionamos com os discursos e atitudes de muitos seres humanos, é perfeitamente natural o desapontamento e o desencanto com o discurso e ensinamento de muitas entidades espirituais. Assim, é preciso racionalizar tudo o que vem do mundo espiritual, do mesmo modo, que fazemos rotineiramente nas nossas relações cotidianas. Da mesma maneira que encontramos pessoas desonestas, encontraremos espíritos enganadores, que vão se utilizar de médiuns incautos e excessivamente crédulos para repassar toda e qualquer informação.
Todavia, não podemos esquecer também que nem todos os homens são ruins e nem todos os espíritos embusteiros. Viver em sociedade é sempre um aprendizado e uma arte, levantar o véu sobre o mundo espiritual exige as mesmas habilidades, muitos vão errar e acertar, ter bom senso, é essencial.
Entretanto, não basta apenas bom senso e confiar somente nos nossos conhecimentos pessoais, é preciso também buscar auxilio no conhecimento e opinião de outras pessoas para que, com maiores bagagens de informações, possamos avaliar melhor as comunicações e ter uma percentagem de acerto maior ao aceitar uma comunicação como verdadeira. Na dúvida, deixemos em modo de espera até que novos conhecimentos surjam e ratifiquem ou corrijam a informação de determinada mensagem ou literatura mediúnica.
O roteiro para caminhar com um pouco mais de segurança e ser menos enganados nessa seara, Kardec nos deixou através de seus escritos, principalmente “O Livro dos Médiuns” que trata mais especificamente das comunicações de teor mediúnico, o resto só cabe a Nós utilizando, bom senso, conhecimento, pesquisa, e fé raciocinada. Isso é o Espiritismo.
[1] O Livro dos Médiuns Cap. 27, item 299.