A humanidade no poço de Jacó
Pe. Geovane Saraiva*
Oxalá, saibamos ouvir a voz de Deus, de não fechar o nosso coração, para que, a exemplo da samaritana, nosso diálogo com o Filho de Deus seja sempre mais estreito e profundo. Ele, fonte da vida, oferece-nos como presente o alimento da vida eterna, o dom maravilhoso da fé e da esperança, e quer de nós aquele vínculo, sempre mais sincero, nesta Quaresma, matando nossa sede, para adorá-lo em espírito e em verdade. Sedentos da verdadeira água, aproxime-nos do poço, no qual Jesus mesmo se oferece como dom para a humanidade.
Que a nossa fé nos ajude a pensar bem, no sentido de darmos a devida importância, sempre cada vez maior, de perceber a necessidade de se saciar na fonte da verdadeira água: Jesus de Nazaré. Água é vida; a água mata a nossa sede e, além de representar a vida, tira nossa sujeira do corpo. Jesus desceu do céu e veio habitar entre nós, com a missão de cumprir o projeto que de seu Pai recebeu, andando de lugar em lugar, fazendo o bem a todos. Eis um exemplo concreto, no encontro com a samaritana.
O contexto do Evangelho (Jo 4, 5-42), apresenta Jesus já cansado do caminho, desejando um momento de parada, sentando-se junto ao poço de Jacó. Logo, chega uma mulher para buscar água; ela pertence a uma população inclinada ao paganismo, estigmatizada pelo desprezo dos judeus. O Mestre de Nazaré inicia um espontâneo, rico e inigualável diálogo com a mulher samaritana, marcado por grande e profunda ternura.
A samaritana representa a humanidade sedenta, que, em meio aos apelos de expressão e liberdade, encontra um poço para que dele possa tirar água; que possa romper barreiras, as quais impedem as pessoas de se relacionarem e conviverem em todos os campos da vida humana, em toda a sua plenitude. Aprendamos com a samaritana a fazermos uma opção pelo dom da vida em Deus.
Enormes são os ensinamentos de Jesus, no diálogo com a samaritana, sobretudo no sentido da superação dos nossos preconceitos, em muitas ocasiões da estrada exigente da vida. Resta nossa confiança na compaixão de Deus, nós, que somos necessitados do vigor da sua graça, de modo especial na celebração da eucaristia, que no alimento redentor de Jesus encontremos a verdadeira água viva, a saciar nossa sede, a renovar toda a nossa existência.
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).