Considerações sobre o Deísmo

CONSIDERAÇÕES SOBRE O DEÍSMO

Miguel Carqueija

O que vem a ser o deísmo? Trata-se de uma posição religiosa sem ser propriamente uma religião instituída com ritos, doutrina, hierarquia. Parece mais uma postura filosófica.

Vejamos: um dos mais conhecidos expoentes do deísmo é Voltaire. Se por um lado ele zombava abertamente dos ateus, nutria também forte ódio contra a Igreja Católica. Assim, a religião institucionalizada parece incompatível com a posição deísta, que nega o milagre ou até o interesse de Deus para com o mundo e a humanidade.

Por que o Ser Supremo se daria ao trabalho de criar o universo com toda a sua maravilhosa complexidade, se fosse para largar tudo de mão? Para mim a idéia desse “Deus impassível” não faz o menor sentido. Fica assim o deísmo como uma espécie de religião de cima do muro, ou um ateísmo não assumido. Se Deus existisse e fosse alguém completamente sem operação, é como se nem existisse. Um Deus ausente, inoperante, inacessível e de todo desinteressado no ser humano por Ele criado... seria uma divindade sem sentido ou utilidade, pior que isso, sem amor.

Ora, o universo (e com ele o homem) foi criado por amor. Foi um gesto de amor, pois Deus de ninguém precisa.

Ao negar o milagre, a profecia e a Revelação, o deísmo evita sistematicamente qualquer vislumbre de Deus na vida humana.

Causa perplexidade a existência de uma fé tão negacionista.

Rio de Janeiro, 8 de abril de 2018/20 de julho de 2022.