Remédio para o erro
Pe. Geovane Saraiva*
Nossa gratidão aos irmãos e irmãs, que no mesmo ideal querem caminhar conosco no compromisso da interlocução ou transmissão do Evangelho, repletos do amor de Deus, em favor das pessoas e do mundo. Na mensagem sobre a fidelidade de Deus, ao conduzir o povo de Israel na manifestação ou fenômeno único no mundo, percebe-se a esperança, através da novidade divina: a realização da humanidade, a salvação esperada. O povo passa a viver na dinâmica da fé, com a consciência de que a salvação significa, na sua concretude, a libertação, a experiência vivenciada em Israel, na sua relação com o Deus vivo, construindo sua própria história.
A história do povo de Deus, trazida para os nossos dias, considerando que, quando se erra por ignorância, distração, ou algo parecido, não se trata de pecado, de maneira alguma! Agora, quando o pecado bate à nossa porta, no “querer”, com clareza de consciência, convencidos de que estamos errados, no uso da própria vontade humana, colocando a nossa liberdade acima da vontade de Deus, em detrimento da irmã e do irmão, aí, sim, se constatam lapsos, equívocos ou erros: o pecado.
Se, por um lado, “equivocar-se ou errar é humano”, por outro lado, ultrapassar a realidade inclemente e não indulgente, com suas vastas consequências, precisa de um único e sólido remédio, como na afirmação de João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).
A família humana, ao habitar a face da terra, sendo essa mesma terra cultivada e não cultivada em florestas, cerrados, caatingas e matas atlânticas, sem esquecer dos mares, se resume a uma só linguagem: sua indulgente sensibilidade. Sabe-se que nessa linguagem tem-se um conjunto de ações, chegando-se ao mal e ao bem, alternando entre angústia e segurança, sofrimento e alegria.
Na precariedade da vida, no entanto, as pessoas procuram soluções, não só com a inteligência, mas mergulhados, com todo o seu ser, na consciência dessa condição humana, como obra-prima da criação; e é aí que entra a nossa fé, no contexto dessa mesma criação, em resposta à existência da criatura humana, aqui nas palavras de Santo Agostinho: “Fizeste-nos para ti, Senhor, e irrequieto está nosso coração, até encontrar sossego em ti”.
É Deus nos falando ao nosso coração, do nosso desejo, em buscar o Infinito. É a manifestação da glória de Deus que se realiza na caminhada da humanidade, através dos séculos, participando e não se separando da história da existência humana e do mundo, na esperança do final feliz: que, em Deus, tudo seja reconciliado. Amém!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).