Resgatar a esperança
Pe. Geovane Saraiva*
Ânimo com a vida, mesmo tendo que errar, porque vale mais, em muitas circunstâncias, arrebentar-se do que se poupar numa vida sem sentido. É evidente que a vida consta de um preço, e é demonstrado quando se procura viver intensamente, numa maneira impávida, também impetuosa e destemida. Que seja essa vida, numa recordação, digna de fé, o que nela foi dor, angústia e sofrimento, alegria, satisfação e contentamento, num coração que pulsa com excessivo exagero.
Um ânimo, mas que não se esquece do compromisso com a vida, que é consequente na busca por um mundo melhor, com pessoas inteiramente livres, obstinadas, no sentido do sonho da fraterna solidariedade e da reconciliação humana, sem se ausentar, no convencimento de que o que importa mesmo é a vida das pessoas, na assertiva do teólogo e humanista Leonardo Boff, no “Casamento entre o céu e a terra”. É a fantástica e utópica aspiração de se progredir no melhor, mais elevado e exigente padrão, muito acima dos limites convencionais.
No contexto da vida humana, o que se espera? Qual é o sentido final de tudo? O que é que nos anima, na coragem, para viver e para morrer. Aprendemos que a teologia, acompanhada da fé, tem respostas para os nossos questionamentos. O teólogo acima referido assegura que o céu é a absoluta realização humana, vendo-o como pátria, como banquete, como visão beatífica, como vida eterna, como vitória e como plena reconciliação. Já o inferno, vendo-o sem ser ser aquele dos diabinhos com chifres, como absoluta frustração humana, como a existência do absurdo, como fogo inextinguível, choro e ranger de dentes, como trevas exteriores, como cárcere e ainda como um verme que não morre.
Como estimular, através da teimosia de se viver, o resgate da esperança? A transformação do coração da criatura humana e do próprio mundo, só pelo ânimo corajoso do bom procedimento humano, que seja um milagroso impulso, sempre maior; que seja a razão e a essência da existência e de tudo: na verdadeira esperança, no verdadeiro amor.
Fico com uma oração por aqueles que se distanciam da esperança, suplicando e pedindo: Por favor, retornem ao seio de Deus! Na criança da manjedoura, eis a teimosia de se viver, acreditando na paz, na esperança e no amor. Creia em um Deus lá em cima, sim, mas que do firmamento ou das estrelas ele “desce”, é real, é a realidade última no coração das pessoas e das coisas. Amém!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).