Reflexão Provocativa: desligamento do teólogo Robert Menzies das Assembleias de Deus
Não tenho hábito (e não gosto) de me manifestar nas redes sociais sobre acontecimentos que ocorrem no mundo gospel. Porém, como o assunto envolve especificamente o campo teológico pentecostal, farei alguns comentários sobre o desligamento do Teólogo pentecostal Robert P. Menzies, das ADs dos EUA, e uma reflexão provocativa sobre algumas incompatibilidades que vejo em posts e comentários de alguns amantes de teologia (perfis, blogs, youtube...), que influenciam um número considerável de pessoas.
Robert P. Menzies é um dos biblistas pentecostais mais importantes da atualidade, conseguindo reunir em seus trabalhos acuracidade científica e piedade. Além disso, é missionário em Taiwan, onde desenvolveu um ministério de ensino teológico em países da Ásia. É filho do renomado teólogo pentecostal William Menzies e professor do Asian Pacific Theological Seminary, e também possui uma vasta produção literária—muitas de suas obras já foram traduzidas para o português – inclusive, indico que leia, são excelentes.
O motivo do desligamento, segundo as informações, é devido a sua última obra “The End of History: Pentecostals and a Fresh Approach to the Apocalypse” (O Fim da História: Pentecostais e uma Nova Abordagem do Apocalipse), no qual defende a posição escatológica amilenista ao contrário do pre-milenismo-dispensacionalista, posição oficial da instituição.
Não arriscarei fazer comentários sobre o desligamento em si, pois não possuo informações suficientes para um comentário sobre esse tema em específico. E outra, vivemos num estado democrático e acho que cada instituição é livre “dentro de sua comunidade de fé” para escolher suas doutrinas, contratar e descontratar, falar ou deixar de falar o que bem entender. Não posso ser contra isso, pois, desta forma, serei contra a minha própria liberdade.
Com o Menzies, temos uma prova clara de que ser pentecostal não significa necessariamente abraçar o pacote completo—arminianismo, pré-tribulacionismo, criacionismo, hermenêutica histórico-gramatical, entre outras. Para ser “assembleiano” a essa essencialidade, visto que nem o próprio Menzies, considerados por muitos o maior teólogo pentecostal vivo da atualidade, escapou. Tem que abraçar o pacote completo!
Não estou me aproveitando desse caso para depreciar essas doutrinas secundárias citadas, mas para mostrar que nunca cresceremos intelectualmente lendo apenas autores que abração o pacote completo - as leituras monotemáticas e uma fábrica de fazer ignorantes...—e mostrar que a relação entre elas no meio pentecostal está mais ligado ao caráter histórico do movimento do que de cunho Teológico, visto que todas as citadas precedem o pentecostalismo. Citarei um exemplo: o Jhon Macarthur é um censacionista e crítico ferrenho dos pentecostais, porém é um Pre-tribulacionista, outro exemplo, é o J. Dwight Pentecost, os dois são bons (se você gosta de escatologia “pré” te indico). Eu poderia citar inúmeros exemplos aqui! O próprio Menzies é um exemplo, porém invertido. Não tenho dúvidas que isso chocará alguns, mas aprendam em poucas palavras: Ser pentecostal é crer no revestimento de poder para testemunho de cristo; utilizar uma hermenêutica sobrenaturalista e sinergista... Eu fico chocado quando um pentecostal abre a boca para falar de um reformado, porém! Usam os mesmos pressupostos ( é de ri).
Portanto, a provocação que faço é voltada aos que no discurso falam que amam o Menzies, G. Fee, G. Keener (para citar apenas os mais famosos), mas suspeito que não tenham um conhecimento básico sobre os pressupostos hermenêuticos, epistêmicos, teológicos... desses autores pentecostais Americanos, pois se conhecessem deixaria o dogmatismo (sistemático) intolerante, que acha que estudo teológico é teologia sistemática—ao meu ver um erro gravíssimo—e que debate no programa de tv, “vejam só”, tem cunho acadêmico. (Obs.: não tenho nada contra os sistemáticos nem aos debates).
Finalizo propondo que meus colegas (não todos) tenham uma fala coerente. Ou vocês estão abertos ao diálogo reflexivo ou não. Aquele papo de que: “gente, leia tudo, porém você não precisa concordar com tudo do autor, viu!” Apesar dessa fala está totalmente correta na boca de alguns, ela expressa claramente a doença do dogmatismo EXTREMADO, onde quer delimitar o limite até aonde você pode concorda. Portanto, não nego que as igrejas (instituições) devem ter sua liberdade dogmática. Ao meu ver esse direito não pode ser violado. Agora pensadores públicos (sejam eles pentecostais, reformados, batistas...) que tentam passar a ideia de intelectuais e não demora nem o próximo post para se contradizer só mostra que estão enxergando igual aquela frase popular diz: “numa terra de cego quem tem um olho é rei”