Morte à minha natureza
Feliz é o homem que persevera na provação, porque depois de aprovado receberá a coroa da vida, que Deus prometeu aos que o amam. Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: “Estou sendo tentado por Deus”. Pois Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado pelo próprio mau desejo, sendo por este arrastado e seduzido. Então esse desejo, tendo concebido, dá à luz o pecado, e o pecado, após ser consumado, gera a morte. Meus amados irmãos, não se deixem enganar. Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, que não muda como sombras inconstantes. (Tiago 1.12-17).
Caminhando sentido à igreja, meus passos foram interrompidos por um senhor que me indagou: “- Por que quando estou na igreja as coisas pioram para mim, minha mulher me distrata e tudo parece não dar certo? Mas quando estou bebendo e fumando, não tenho problemas?”.
Nesta hora refleti sobre as palavras de Jesus a seus discípulos: “Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo" (João 16.33). A exortação é para que saibamos que mesmo ao escolhermos o caminho de obediência a Deus não estaremos imunes ao sofrimento. A Bíblia nos revela que mesmo nossos familiares poderão constituir-se em nossos inimigos por amarmos a Deus. Acima de tudo, revela-nos que apetece agradar a Deus e não a homens. Jesus prossegue seu sermão em Mateus 10.38-39 alertando: “quem não toma a sua cruz e não segue após mim não é digno de mim. Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á”.
Certamente a maior luta dos eleitos e chamados à graça do Senhor é lutar contra as próprias paixões e vícios. Sobre isso Lutero já alertava: “Pensei que o velho homem tinha morrido nas águas do batismo, mas descobri que o infeliz sabia nadar. Agora tenho que matá-lo todos os dias”.
Já o apóstolo Paulo aos Romanos enfatizou “Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer esse eu continuo fazendo. Ora, se faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. Assim, encontro esta lei que atua em mim: Quando quero fazer o bem, o mal está junto de mim. No íntimo do meu ser tenho prazer na Lei de Deus; mas vejo outra lei atuando nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha mente, tornando-me prisioneiro da lei do pecado que atua em meus membros. Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! De modo que, com a mente, eu próprio sou escravo da Lei de Deus; mas, com a carne, da lei do pecado.” (Romanos 7:18-23).
Vale ressaltar que apesar de reconhecermos essa natureza pecaminosa também destacada em Gálatas 5.17 “Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis” não devemos nos refugiar nesse argumento e entregarmo-nos aos nossos pecados; não devemos tentar o Senhor nosso Deus, por lermos e crermos que onde abundou o pecado, superabundou a graça (Romanos 5:20).
Ainda em Romanos 6.12-14 a palavra nos exorta: “Portanto, não permitais que o pecado domine vosso corpo mortal, forçando-vos a obedecerdes às suas vontades. Tampouco, entregais os membros do vosso corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; antes consagrai-vos a Deus com quem fostes levantados da morte para a vida; e ofereçais os vossos membros do corpo a Ele, como instrumentos de justiça. Porquanto o pecado não poderá exercer domínio sobre vós, pois não estais debaixo da Lei, mas debaixo da Graça! Súditos da Justiça pela Graça”.
Esse deve ser o foco do cristão, obedecer a Cristo independente das perdas e ganhos terrenos. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Coríntios 15:19). Nossa perspectiva deve ser o céu. Essa foi a reflexão que propus ao senhor que me indagou sobre a vida cristã. “– O senhor espera algo apenas nesta vida, ou para além dela?” Mateus 5.29-30 diz: “Se o teu olho direito te leva a pecar, arranca-o e lança-o fora de ti; pois te é mais proveitoso perder um dos teus membros do que todo o teu corpo ser lançado no inferno. E, se tua mão direita te fizer pecar, corta-a e atira-a para longe de ti; pois te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu corpo seja lançado no inferno”. Se cedermos a carne, entregando-nos aos nossos impulsos, teremos gozo momentâneo, e mesmo aqui na terra padeceremos em angústias e vícios, mas se o nosso foco for o céu, regozijaremos em obedecer ao Senhor e desfrutaremos da vida eterna, O veremos face a face e todas as dúvidas, lágrimas e temores cessarão.
Servir ao Senhor é tornar-se liberto do pecado e escravo de Sua justiça “Porque, quando éreis escravos do pecado, estáveis livres em relação à justiça. E que fruto colhestes, então, das atitudes das quais agora vos envergonhais? Pois o resultado final delas é a morte! Contudo, agora libertos do pecado, e tendo sido transformados em escravos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação, e por fim a vida eterna” (Romanos 6.20-22).
A luta é árdua e constante, mas Tiago 4.7-10 alerta-nos: “Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês. Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que têm a mente dividida, purifiquem o coração. Entristeçam-se, lamentem-se e chorem. Troquem o riso por lamento e a alegria por tristeza. Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará”.
No mais, “Àquele que é poderoso para impedi-los de cair e para apresentá-los diante da sua glória sem mácula e com grande alegria, ao único Deus, nosso Salvador, sejam glória, majestade, poder e autoridade, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor, antes de todos os tempos, agora e para todo o sempre! Amém” (Judas 1.24-25).