A plenitude dos tempos
Pe. Geovane Saraiva*
No Advento, quanta esperança nos verbos “anunciado”, “chegado”, “completado” e “realizado”, na promessa da vida nova de outrora, no cordeiro que desce dos céus trazendo a salvação, na alegria do Salvador em nossos dias, sendo, para a humanidade, a plenitude dos tempos! Neste tempo abençoado do Advento, que todos se unam, confiem e acreditem no amor ardente e compassivo do Pai do céu, presente para as pessoas e para o mundo, amor este sempre redentor, ao impulsionar seu Filho Jesus em seu projeto de amor, na expectativa de que tudo aconteça e tenha sua favorável e auspiciosa concretude em nós, criaturas humanas.
Jesus, com sua encarnação, o que mais deseja e pede de nós é que realizemos a vontade do Pai, levando a bom termo a obra que lhe foi confiada pelo bom Deus, na vida que requer ânimo e coragem. Deus pede convicção naquilo em que se acredita, que seja este um ardente e impactante desejo de nossa parte, obtendo uma autêntica e sincera reflexão sobre a Lei do Senhor, ao mesmo tempo em que se manifestem indicadores precisos de que haveremos, sim, de nos envolvermos, confiantes no indizível mistério, mas numa disposição energicamente restauradora e salutar.
Somos desafiados, desse modo, a acolher e tratar a largueza misteriosa da benfazeja eternidade de Deus, na nossa caminhada para o Natal do Senhor, no mais elevado respeito aos sacramentos, também pela Palavra de Deus e demais sinais deste Advento, no esforço e preocupação de que, como pessoas voltadas ao mistério, o nosso modo de viver se aproxime da fé por nós abraçada no batismo. Os sinais concretos deste Advento de 2022 querem provocar e inquietar as pessoas de boa vontade, contribuindo muito, no sentido de que se possa pensar, mas sempre interpelando sua própria liberdade de escolha, sem nunca querer forçar, diante da ação de Deus em Jesus de Nazaré, Rei da paz na humilde estribaria de Belém (cf. Alfredo Läpple, Interpretação atualizada e catequese, p. 250).
Devemos combater o pessimismo, numa caminhada de confiança, convicção de que nossa vida está nas mãos de Deus, mas num sereno entusiasmo, habilitados e instruídos de respeitar o dom maravilhoso da vida e da dignidade humana, ao fugir do rancor, do ódio e da violência. Os milagres revelam, didaticamente, o aspecto escatológico, no sonho da “nova criação”, na qual todos aqueles que são atingidos pela escassez e insuficiência do corpo e do espírito saberão que “cegos recuperam a vista, coxos andam, leprosos são purificados, surdos ouvem e mortos ressuscitam (Mt 11, 5).