Luz que faz a diferença
Pe. Geovane Saraiva*
A oração é essencial, na sua preciosidade de valor, para o seguidor de Jesus de Nazaré, comparando-se ao respirar das pessoas e da própria vida. A oração deve ser em vista das atividades e do dia a dia, recordando-se de todos e levando em conta suas necessidades, no caso dos irmãos, dos amigos e até dos que não gostam de você. Uma oração radicalmente solidária deve sempre estar presente na nossa vida, sem jamais prescindir da realidade contraditória das coisas, da vida e do mundo.
Na busca do eterno Sol, é sempre muito importante ver a oração, mas que seja cristalinamente reveladora, pelo nosso direcionamento e evocação a Deus, evocação esta no sentido de se compreender o clamor da felicidade sem fim, não apegado e muito menos afeiçoado excessivamente aos bens materiais, que nas suas vantagens, segundo a lógica do mundo, não passam de ilusões. Favor perceber o filho mais novo da parábola do Evangelho (Lc 15, 11-32), que, longe do aconchego do pai, terno e afável, passou por uma angústia tenebrosa e desalentadora, numa vida quase sem nenhum sentido.
No retorno, o pai, saindo com pressa, acolhe o filho desgarrado, no mais magnífico grau de contentamento, revelando que, mesmo rompido e no empinado desespero das pessoas, encontra-se o amor, infinito e inesgotável, favorecendo-nos, mesmo na mais insignificante circunstância. Faltando-nos a esperança, na frívola lacuna das criaturas, o pai “corre” para inundar e preencher a existência humana.
Aqui um pouco do vivenciado por mim, no Cristo / Sol eterno, ao abrir, na manhã (12/11/2022), portas e janelas da Casa Paroquial de Santo Afonso, na Parquelândia, Fortaleza/CE, vi que a claridade do Sol passou a entrar. Logo, pensei que, quanto mais tudo for aberto, mais a luz e o calor farão aquela benfazeja e salutar diferença. Assim também na oração: quanto mais se fizer a vontade de Deus, mais se permitirá que seu indizível amor chegue e transforme a vida das pessoas de boa vontade.
Lembre-se de que o amor insondável e incalculável de Deus, mesmo ele não precisando de nós, é fecundidade e gratuidade, dom e graça, no que nos assegura a liturgia da Igreja: “Ainda que nossos louvores não vos sejam necessários, vós nos concedeis o dom de louvar. Eles nada acrescentam ao que sois, mas nos aproximam de vós”, num alegre viver: pasmado, na sabedoria da sua eterna realeza / na qual luz se fez fascínio de beleza / luz a deslumbrar pela sua correnteza / premiado, mas no encanto de sua riqueza.
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).