ROMANOS CAPITULO 3 A FIDELIDADE DE DEUS

Eu estou ensinando a minha filha mais nova, Stephanie, hoje com 16 anos, Romanos. Com dois meses de ensino agora vamos começar o cap. 3. Romanos é denso e se é pra ensinar, vamos ensinar direito. Aqui quero compartilhar a ultima lição.

Romanos 3.1 Então, que vantagem tem o judeu, ou qual a utilidade da circuncisão?

2 Muita, em todos os sentidos. Em primeiro lugar, porque as palavras de Deus foram confiadas aos judeus.

3 E então? Se alguns foram infiéis,

a infidelidade deles anulará a fidelidade

de Deus?

4 De modo nenhum! Seja Deus verdadeiro,

e todo homem, mentiroso. Como está escrito:

Para que sejas justificado em tuas

palavras e venças quando fores julgado.

5 Mas, se a nossa injustiça demonstra a

justiça de Deus, que diremos? Por acaso

Deus é injusto por aplicar a sua ira? Estou

usando critérios humanos.

6 De modo nenhum; do contrário, como

Deus julgará o mundo?

7 Mas, se, para a glória de Deus, a sua

verdade é ainda mais ressaltada por meio da

minha mentira, por que ainda sou julgado

como pecador?

8 E por que não dizemos, como alguns

afirmam com calúnia que dizemos: Façamos

o mal para que venha o bem? A condenação

destes é merecida.

PARTE 1 - COMENTÁRIO TEOLÓGICO

Paulo, que era judeu, sabia exatamente os questionamentos dos judeus. Isso me chama a atenção a respeito do nosso chamado em relação ao evangelismo. Deus chama pessoas do meio para pregar no próprio meio. Deus chama pessoas simples para pregar aos simples e sábios para pregar aos sábios.

Primeiro Paulo usa aqui de um recurso gramático, uma “diatribe”, que consiste em fazer perguntas e ele mesmo responder. Paulo se coloca no lugar do judeu e responde a essas questões. A primeira pergunta é qual é a vantagem do judeu ou qual a utilidade da circuncisão? Os judeus estavam em posição vantajosa, porém eram culpados. A lei e a circuncisão não lhes davam garantia de imunidade no julgamento nem lhes serviam como garantia de sua identidade como povo de Deus. Mas isso aos olhos dos judeus, entretanto, isso parecia colocar em dúvida a aliança, as promessas e o próprio caráter de Deus. Com certeza os judeus reagiram com uma mistura de incredulidade e indignação, pois toda a tese paulina seria para eles uma ultrajante destruição daquilo que constitui as próprias bases do judaísmo, a saber, o caráter de Deus e a sua aliança. O ensino de Paulo era uma sabotagem da aliança de Deus. Os judeus inconformados com a teologia de Paulo que destruiu os alicerces de sua pretensa segurança perguntam então a Paulo: Qual é a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? (3.1) A resposta de Paulo é: “Muita, em todos os sentidos. Em primeiro lugar, porque as palavras de Deus foram confiadas aos judeus.” Paulo e os judeus estavam em pleno acordo com o fato de que Deus havia escolhido os judeus como povo especial e dado a eles a lei e a circuncisão. Agora, se a lei e a circuncisão não davam aos judeus nenhuma garantia em relação ao juízo divino, qual então era a vantagem de ser judeu? “Muita, em todos os sentidos.” Um item, porém ultrapassa todos os outros: aos judeus e a nenhuma outra nação, foi dado o privilégio único, singular, a honra máxima, de serem eles os guardiões da revelação de Deus. Toda a revelação especial (as Escrituras) que consistia não só de mandamentos, mas de profecias e promessas. O problema é que os judeus pensavam que possuir a revelação de Deus era privilégio e não responsabilidade. Privilégios implicam deveres. Honra vai de braços dados com responsabilidade.

Em segundo, os judeus poderiam achar que os ensinos de Paulo anulavam a fidelidade de Deus (3.3-4). “E então? Se alguns foram infiéis, a infidelidade deles anulará a fidelidade de Deus?” O que Paulo responde: “De modo nenhum! Seja Deus verdadeiro, e todo homem, mentiroso. Para que sejas justificado em tuas palavras (as palavras de Deus) e venças quando fores julgado (o homem julga Deus -Deus sob judice).” John Stott diz que a ideia seria mais ou menos esta: “Se alguém a quem as promessas de Deus foram confiadas não lhe corresponder com confiança, será que a sua falta de confiança destruiria a confiabilidade de Deus?”Se o povo de Deus é infiel, isso significa necessariamente que Deus também o é? Toda vez que o testemunho divino é contradito pelo testemunho humano, seja o homem considerado mentiroso. Quando o homem discute com Deus, ele consegue somente cobrir-se de opróbrio e vergonha. A resposta dos homens não pode afetar o propósito de Deus. A infidelidade dos homens não atinge a fidelidade de Deus.

Terceiro, os ensinamentos de Paulo contradizem a justiça de Deus (5-6). Nesse caso o argumento geral do judeu é que nossa injustiça ressalta ainda mais a justiça de Deus. Quanto mais injusto for o criminoso, mais justo o juiz parece ser. Neste caso, ele argumenta que quanto mais pecadores nós somos, mais glorioso parece ser o evangelho. Devemos concluir (conforme, de acordo com o critico judeu, a lógica de Paulo requer) que Deus é injusto para aplicar a sua ira (5a)? A ira de Deus certamente cairá sobre os gentios imorais (1.18) e sobre os críticos moralistas (2.5); mas será que Deus realmente a aplicará a seu próprio povo, os judeus? Não seria injustiça dele puni-los por algo que só lhe traz vantagem? E Paulo, diante desse arrazoado meio distorcido, sente-se constrangido e acrescenta um parêntese apologético (defesa, no caso, do evangelho): “Estou usando um argumento humano”. Paulo lança então uma contra-pergunta: “De modo nenhum; do contrário, como Deus julgará o mundo?.” Paulo toma como máxima o fato de que Deus é o juiz universal e que portanto, conforme afirmou Abraão, o juiz de toda a terra fará o bem. Impugnar a justiça de Deus seria subestimar a sua competência para julgar e, dessa forma, demonstrar quão absurda era a pergunta original.

Quarto lugar. Os ensinamentos de Paulo são uma falsa promoção da glória de Deus (7-8). Paulo personifica o seu oponente utilizando a primeira pessoa singular .Se a minha mentira ressalta a verdade de Deus, assim como a nossa injustiça faz contrastar ainda mais o esplendor da justiça de Deus (5), aumentando assim a sua glória, então com certeza Deus deve estar muito satisfeito ou, quem sabe, até agradecido, não é mesmo? Afinal, eu não estou lhe prestando um serviço? Sendo assim, o ensinamento de Paulo levanta duas outras perguntas. Primeiro, por que sou condenado como pecador (7), se o meu pecado só traz vantagem para Deus? Como é que Deus pode me condenar por glorificar a ele? Em segundo lugar, por que não dizer (como, Paulo acrescenta, alguns caluniosamente afirmam que dizemos): "Façamos o mal, para que nos sobrevenha o bem"? Este é o grito dos antinomianos, que assim racionalizam a sua falta de lei: "Se uma má conduta traz boas conseqüências — como manifestar o caráter de Deus, promovendo assim a sua glória — então vamos aumentar o mal para que, dessa forma, aumente o bem. O fim, obviamente, justifica os meios." C. H. Hodge expressa muito bem isso: "De acordo com esse raciocínio, diz Paulo, quanto pior, melhor: pois quanto mais vis nos tornarmos, tanto mais evidente será a misericórdia de Deus em perdoar-nos." Dessa vez Paulo não responde as perguntas pois assuas duvidas são malignas. De adversários assim, basta dizer que a condenação dos tais é merecida (8). Afinal, não há resultado, por melhor que seja, que possa justificar o encorajamento do mal. O mal nunca promove a glória de Deus.

Com base nesta passagem (3.1-8), vemos que Paulo não se contentava em meramente proclamar e apresentar o evangelho. Além disso ele argumentava em favor de sua veracidade e racionalidade, defendendo-o também contra distorções e más interpretações. Quer fossem genuínas (pois ele ouvira as pessoas apresentá-las), quer fossem fantasia (fruto de suas próprias imaginações) e as objeções dos judeus, que ele levava a sério e procurava respondê-las. Sabia que o caráter de Deus estava em jogo. Deus estava sob judice, Deus estava sob juízo. Por isso reafirmava o valor permanente da aliança divina, a fidelidade de Deus às suas promessas, a justiça de Deus como juiz e a verdadeira glória de Deus, que só é proporcionada para o bem e nunca para o mal.

PARTE 2 – COMENTÁRIO PASTORAL CONTEMPORÂNEO

Que vantagem tem o judeu, o crente, ou qual a utilidade da separação, da santificação? Lembre-se que Paulo está argumentando baseado nos cap. 1 e 2 de Romanos, onde no cap 1 ele falou que o gentio tem a revelação natural, portanto deficiente, mas ainda assim capacitadora de salvação, e sobre o judeu que tem a revelação especial, as Escrituras. O gentio peca, sem saber muito o que faz, consente outros a pecarem, numa espécie de jogada, para não ser acusado pelo seu próximo, justificando assim a sua má ação. O judeu moralista, por outro lado é daquele tipo de crente que aponta o dedo, acusando o pecado dos outros, mas faz pior. O judeu tinha a revelação especial, ele conhecia pormenorizadamente a vontade de Deus. O apontar o dedo para o gentio o acusava de hipocrisia, que é advogar uma qualidade que ele mesmo não tinha. A resposta sobre qual é a vantagem em ser cristão é muita. Principalmente porque a palavra de Deus foi confiada a nós.

Mas se alguns pecaram, o pecado deles anula a fidelidade de Deus? É lógico que não. Entre nós e Deus, que seja Deus sempre verdadeiro, ou Ele tenha a palavra final, e nós sejamos mentirosos. Para que Deus faça justiça e vença quando o homem o julgar. Esses versículos nos mostram que Deus está sob judice, sob juízo, sob o nosso juízo. É verdadeira a palavra de Deus? Merece todo crédito Deus?

Mas se o nosso pecado mostra a santidade de Deus, nós não estamos fazendo um favor para Deus, pecando? Por acaso Deus se faz injusto, age contra a sua justiça, o seu juízo, a sua lei, por aplicar a sua ira sobre o homem pecador? A resposta é óbvia, mas Paulo ainda argumenta: “De modo nenhum, do contrário como Deus julgará o mundo? O argumento é tão nebuloso, que Paulo diz que estava usando nesses versículos argumentos racionais, humanos, para meditar sobre tais assuntos. O que não invalida que essa continua sendo a palavra de Deus, pois Paulo era um homem de Deus. Peado é ultrapassar a lei. O juiz faz a lei para que os homens a sigam, se ultrapassarmos ou não a cumprimos, somos sujeitos ao juízo, a pena, a prisão, a situação, seja ela qual for.

Se observarmos que Deus segura os demônios que vinte quatro horas do dia quer nos fazer mal, quando o homem peca e não se arrepende, ele está sujeito a Deus permitir uma hora dessas que o mal o atinja. Eu acredito firmemente que existe uma diferença enorme entre pecado e pecado. Existem pessoas que pecam e não se arrependem. O seu pecado não lhe faz mal e ele acha que não tem que prestar contas a Deus. A vida é dele e ele manda na vida dele, que leva do jeito que quiser. Mas existe outros que pecam e querem ser livres do seu pecado e não conseguiu ainda. O pecado é como uma doença e como toda doença deve ser tratada. Quem está na posição de pecador que quer ser liberto é muito diferente daquele que é pecador e não quer se livrar do seu pecado. Pecado épecado e pecar porque quer pecar, ou pecar porque é levado, escravizado ao pecado, continua sendo pecado e portanto sujeito à pena de Deus. A diferença é que o ultimo procura em Deus, pela oração, pela leitura da palavra, pela obediência, por congregar numa igreja, pela oração e jejum, meios de ser liberto. O primeiro não quer saber de Deus, mas o ultimo é pecador, tem consciência disso e procura a libertação com Deus. Nesse caso, se insistir e continuar orando, buscando, lendo a palavra, adorando a Deus, há chances reais de libertação total do pecado. Lembrando que o que liberta é a palavra de Deus, a Bíblia. Não é a palavra do pregador que liberta, é a palavra de Deus. Não é a palavra do pregador, ou da missionária, é a palavra de Deus. Quando digo que é a palavra de Deus que liberta é por que devemos ler a Bíblia, compreende-la, interpretá-la. Nós deveríamos pregar em nossas igrejas só estudo bíblico, exposição massiva da Bíblia e jamais esses horríveis testemunhos pessoais que não são a palavra de Deus.

Mas se para a glória de Deus, a sua glória é mais ressaltada, na minha mentira, ou no meu pecado, por que sou ainda julgado? E por que não dizemos como alguns: Façamos o mal, para que venha o bem? A resposta seca de Paulo, para quem argumenta assim é: A condenação desses é altamente merecida.

Amém.

Fique na paz.

pslarios
Enviado por pslarios em 24/09/2022
Reeditado em 26/09/2022
Código do texto: T7613242
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