ROMANOS - INTRODUÇÃO

"Mais um comentário de Romanos?!" - assim começa A Mensagem de Romanos, de John Stott, e é a nossa pergunta também. Por que falar de Romanos se temos tantos comentários tão bons? Todos os livros da Bíblia são importantes, mas alguns ultrapassam todo e qualquer tipo de leitura devocional. Numa analogia, como sabemos se um livro é bom? Quando passa o tempo e a gente continua a lembrar do livro, enxergando novas camadas nele. Algumas cartas de Paulo, os evangelhos e Apocalipse estão sempre na minha memória, então nada mais normal do que registrar aquilo que a gente vai aprendendo com as nossas meditações e constantes pesquisas.

Hoje podemos ser muito mais precisos, pois temos uma enorme e boa literatura à disposição. Por outro lado tentamos falar de forma simples, para que qualquer pessoa possa entender e principalmente pregar o texto bíblico. Já fiz um resumo anteriormente de Romanos em dois grandes blocos, na primeira parte é a vida sem o Espírito Santo (até o cap 7) e na segunda parte com o Espírito Santo (a partir do cap. 7). Nessa estudo vamos tentar falar por capítulos. O quê cada capítulo fala e como ele pode ser inserido no todo?

“A carta de Paulo aos Romanos é muito mais que simplesmente uma carta, é um tratado teológico. É o maior compêndio de teologia do Novo Testamento. E a epístola das epístolas, a mais importante e proeminente carta de Paulo. Na linguagem de John Murray, é uma exposição e uma defesa do evangelho da graça. John Stott considera Romanos uma espécie de manifesto cristão. Já F. F. Bruce chama Romanos de “o evangelho segundo Paulo”. Guilherme Orr diz que doutrinariamente Romanos é o maior livro já escrito.” Assim começa Hernandes Dias Lopes em seu comentário sobre Romanos. Só quem nunca o leu e estudou a fundo, não consegue ver a enormidade da carta. Diz-se que se tivéssemos só o livro de Romanos e o evangelho de João, ainda assim saberíamos todo o plano de Deus para a salvação do ser-humano.

O AUTOR DA CARTA DE ROMANOS

Não há duvidas entre os eruditos que foi Paulo, apóstolo o autor de Romanos.

O LOCAL E A DATA DE ONDE PAULO ESCREVEU A CARTA AOS ROMANOS

Há um consenso geral de que Paulo escreveu Romanos durante sua estada de três meses na Grécia (At 20.2,3), na província da Acaia, numa região próxima de Corinto. Isso é confirmado pela recomendação de Paulo a Febe, a portadora da carta à igreja de Roma. Febe era da igreja de Cencreia (Rm 16.1), uma pequena cidade a 12 quilômetros de Corinto, onde se situava um importante porto da capital da Acaia.

Podemos afirmar com absoluta garantia que Paulo estava encerrando sua terceira viagem missionária e se preparava para viajar a Jerusalém a fim de levar as ofertas levantadas entre as igrejas gentias que socorreriam os pobres da Judeia (15.30,31).

É bastante provável que esta carta tenha sido escrita por volta do ano 57 ou 58 d.C. E, portanto, a última carta escrita por Paulo antes de seu prolongado período de detenção, primeiro em Cesareia (At 23.31—26.32) e depois em Roma (At 28.16-31). Nesse tempo, o veterano apóstolo já havia concluído suas três viagens missionárias.

A IGREJA DE ROMA

Paulo escreveu à igreja de Roma, igreja que ele não fundara nem ainda conhecia pessoalmente. Destacamos alguns pontos aqui. Em primeiro lugar, quem fundou a igreja de Roma? A origem da igreja em Roma perde-se na obscuridade. Há várias hipóteses, mas nenhuma certeza. Com toda convicção podemos afirmar que Paulo não foi o fundador da igreja, uma vez que ele escreve falando acerca de seu desejo de visitar aqueles irmãos (Rm 1.10-13). Tampouco a igreja de Roma foi fundada por algum dos outros apóstolos. A igreja Católica ensina que o apóstolo Pedro foi o fundador da igreja, e seu episcopado na igreja durou 25 anos, ou seja, de 42-67 d.C. Essa tese, porém, carece de fundamentação. Primeiro, porque Pedro era o apóstolo da circuncisão (G1 2.9), e não o apóstolo destinado aos gentios. Segundo, porque Paulo não menciona Pedro em sua carta aos Romanos, o que seria uma gritante falta de cortesia.

O PROPÓSITO DA CARTA AOS ROMANOS

Ao lermos Romanos ficamos com a duvida do por que Paulo escreveu aos romanos, se não foi ele o fundador da igreja. Diferente das outras cartas, Paulo não escreveu aos Romanos para resolver problemas locais e circunstanciais. Por isso, essa carta parece mais um tratado teológico que uma carta pastoral. Procuramos então na própria carta os motivos que devem ter levado Paulo a escrever. Encontramos pelo menos cinco motivos por que Paulo escreveu.

PRIMEIRO – ELE PEDE ORAÇÃO PARA A IGREJA DE ROMA, POIS FARIA UMA DIFÍCIL VIAGEM PARA JERUSALÉM, LEVANDO A COLETA DOS IRMÃOS DA ASIA.

Paulo estava prestes a realizar uma viagem extremamente perigosa a Jerusalém (Rm 15.30,31). Mesmo com o coração cheio de amor e as mãos transbordando de ofertas para os pobres da Judeia, ele conhecia os perigos da viagem. Ele temia duas coisas: 1) que os judeus o matassem; 2) que os “santos” de Jerusalém nem mesmo se dispusessem a receber o generoso donativo vindo dos crentes gentios. Seus pressentimentos não eram sem fundamento (At 20.3). Ao despedir-se dos presbíteros de Éfeso, o apóstolo os alerta sobre essa dolorosa possibilidade (At 20.22,23). Chegando a Cesareia, ele foi alertado a não subir a Jerusalém, pois lá o esperavam cadeias e tribulações (At 21.8-14). Na cidade, Paulo foi recebido com alegria pelos irmãos (At 21.17), mas com sórdida crueldade pelos judeus, que entraram em conspiração para matá-lo (At 21.27-31). Pressentindo esse desfecho, Paulo escreveu aos crentes de Roma pedindo

oração em seu favor (Rm 15.30,31).

SEGUNDO – IR VISITAR ROMA.

Paulo tinha uma enorme vontade de visitar os irmãos de Roma e tentou algumas vezes, mas isso lhe foi impedido (Rm 1.13). Porque não pôde ir a Roma, Paulo escreveu esta carta, o maior tratado teológico do Novo Testamento. A impossibilidade de Paulo viajar a Roma privou aqueles crentes por um tempo da presença do apóstolo, mas abençoou todas as igrejas ao longo dos tempos, por meio dessa carta inspirada.

TERCEIRO – DEMONSTRAR SEU DESEJO DE COMPARTILHAR COM OS CRENTES DE ROMA ALGUM DOM ESPIRITUAL (1.11).

Deus capacitou a igreja com dons de poder e dons de ministério. O evangelho de Paulo não era só o de falar, mas de também repartir algum dom, através da imposição das mãos. A Bíblia fala muito de imposição das mãos.

“…Não pôde fazer ali nenhum milagre, senão curar uns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos” (Marcos 6:5). “Ao pôr-do-sol, todos os que tinham enfermos de diferentes moléstias lhos traziam; e ele os curava. Impondo as mãos sobre cada um” (Lucas 4:40). “E, impondo-lhe as mãos, ela imediatamente se endireitou e dava glória a Deus” (Lucas 13:13). “Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome,expelirão demônios; falarão novas línguas;pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados” (Marcos 16:17-18).

Mas há uma ressalva bastante clara a respeito da imposição das mãos. “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos. Não te tornes cúmplice de pecados de outrem. Conserva-te a ti mesmo puro” (1 Timóteo 5:22). No meu entendimento, esse versículo de Timóteo fala sobre não elevar qualquer um a pastor, ou outro cargo, pois se você ungir alguém em pecado, o pecado dele é de responsabilidade sua. Mas, vamos tentar responder a duvida de muitos irmãos, que não deixam imporem as mãos sobre hipótese alguma em sua cabeça; Impor as mãos é bíblico, mas observe quem está impondo a mão sobre você. Porque ocorre um ato de transferência espiritual quando se impõe as mãos sobre alguém, é sábio ser cauteloso no uso desta prática. Se a pessoa que impõe as mãos não está bem espiritualmente, a prática não é efetiva. A Bíblia é clara sobre quem está qualificado para impor as mãos sobre outro para transmitir benefícios espirituais:

A principio todo crente pode impor as mãos sobre os outros. O problema é que nem todo crente é fiel, santo, arrependido e convertido. Um crente na prática do pecado não pode impor as mãos sobre ninguém, mas alguém que você conhece e que está na presença de Deus, não há por que temer.

“Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem…se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados” (Marcos 16:17-18).

Mas deve-se tomar cuidado em não usufruir das bênçãos de Deus, por zelo excessivo. “Entretanto, demoraram-se ali muito tempo, falando ousadamente no Senhor, o qual confirmava a palavra de sua graça, concedendo que, por mão deles, se fizessem sinais e prodígios” (Atos 14:3).

QUARTO - SER ENVIADO PELA IGREJA DE ROMA A ESPANHA.

Paulo queria uma base missionária para os seus novos projetos. Depois de concluir seu trabalho missionário nas quatro províncias da Galácia, Macedônia (nordeste da Grécia), Acaia (sudeste da Grécia) eÁsia Menor, Paulo tinha planos de ampliar os horizontes e chegar à Espanha (Rm 15.24,28), a mais antiga colônia romana no Ocidente e o principal baluarte da civilização romana naquelas partes. Para isso, precisava de suporte financeiro e apoio espiritual (15.24). Essas coisas ele buscava na igreja de Roma. (Augusto Nicodemos)

Terminara Paulo a obra que empreendera; é êle mesmo quem no-lo diz. Os países por êle visitados constituíam em volta de Jerusalém uma como que “ província eclesiástica”, uma região homogênea de que a Cidade .Santa se fizera o centro9. Dessa homogeneidade geográfica e eclesiástica a coleta para os santos de Jerusalém é o sinal concreto, a evidência. Mas, êsse fato, cujo significado espiritual é tão elevado, marcará também o fim de uma época e de uma atividade. Paulo considera que para o futuro não mais haverá lugar para sua atividade missionária no Oriente: nestas regiões levou êle a proclamação do Evangelho a um ponto dé maturação, a uma espécie de plenitude (peplerokénai, 15.19)' que o obrigam a voltar-se para outros horizontes, a abrir nôvo capítulo de pregação aos pagãos. O plano de estender a ação apostólica até à Espanha não significa que Paulo se contente em apenas prolongar a atividade anterior. Irá êle agora deixar a “ província eclesiástica” de Jerusalém. Não há pressupor que o preito de gratidão que se incumbiu de levar a Jerusalém lhe .seja uma como que despedida da comunidade-mãe. Entretanto, a partida para as terras longínquas da Espanha estabelecerá •entre Jerusalém e o apóstolo distância tão considerável que não mais poderá êle dizer que opera “ concêntricamente”, partindo de Jerusalém» E é por isso que escreverá a Roma, para criar com a Igreja da capital aquêle elo de solidariedade espiritual e material sem o qual a missão seria, a um tempo, abstrusa e impossível, uma vez que assumiria a feição de mero empreendimento individual. Paulo escreve a Roma com o .espírito absorvido inteiramente pelo projeto hispânico. (Comentario Exegético Epístola aos Romanos - F. J. Leenhardt)

QUINTO - FAZER UMA EXPOSICAO DETALHADA DO EVANGELHO.

Paulo escreve Romanos para repartir com a igreja da capital do império o significado do evangelho. Nessa carta ele discorre sobre a condição de ruína e perdição tanto dos gentios como dos judeus. Também mostra que a salvação é pela graça, independentemente das obras, tanto para os gentios como para os judeus.

Amém

Fique na paz

pslarios
Enviado por pslarios em 10/08/2022
Código do texto: T7579562
Classificação de conteúdo: seguro