"Em nome de Jesus"
Expressão das mais sérias extraída das Sagradas Escrituras que a explosão pentecostal, principalmente no Brasil, promoveu sua deterioração, dita até mesmo para ganhar dízimo nas igrejinhas. Tornou-se uma repetição banal com total esvaziamento de significado. Parece mais um mantra proferido pelos lideres religiosos midiáticos que aos poucos vai penetrando também nas comunidades católicas. Temos visto crescer um cristianismo playground, infantilizado, deformado, com uso bagunçado e inferiorizado na pregação e nos pastororado.
O povo então passa a ser criticado quando usa inadequadamente expressões bíblicas como essa, contudo pastores e até padres pessimamente formados em teologia, vão incutindo aos poucos uma cultura religiosa de pouco sentido cristão.
A deformação chega a tal ponto que muitos utilizam essa expressão em situação nada bíblicas, como “em nome de Jesus irei emagrecer”, ou “em nome de Jesus vou conseguir um emprego”, ou “comprar determinado bem”. A teologia da prosperidade vai penetrando na cultura brasileira, desfigurando o cristianismo das Igrejas históricas. Cenas bíblicas do Antigo Testamento, com situação de libertação, vão aos poucos configurando um cristianismo feito de magia, de salvação através de cercos e guerras, lutas e palavras mágicas. Tudo se torna consumível na religiosidade pentecostal conduzida por um número crescente de líderes religiosos.
Então o mau intencionado vem me dizer que se nós fizermos qualquer coisa em nome de Jesus ele assegurou que iríamos realizar as mesmas coisas que ele. Mas fazer algo em nome de Jesus é realizar as obras que ele fez que se resume no amor, e não em ações mágicas ou expressões mantrais. Então torna-se essencial lutar contra todo o mal presente em nós e no mundo, contra as tentações do dia a dia, contra o egoísmo que nos domina, e lutar para libertar o outro de todos os tipos de males, de opressão, proclamando a justiça e a esperança. Assim estaremos fazendo assim não apenas em nome de Jesus, mas tudo o que ele nos pediu. Estaremos agindo em seu nome sagrado.
Hoje, infelizmente, a expressão “em nome de Jesus” tornou-se sinônimo do “evangeliquez” astuto e interesseiro, sem conteúdo cristão. Um mantra pentecostal sentido vazio, sem efeitos para a fé das pessoas. Curas são prometidas “em nome de Jesus”, mas onde estão as pessoas curadas? Cenas de templos lotados não garante eficácia de uma fé superficial, emocional, e muitas vezes apenas nutrindo os interesses de suas lideranças religiosas.
Hoje essa expressão dita de maneira irresponsável, leviana, está mais para se efetivar como expressão pervertida de um cristianismo pentecostal, inescrupuloso. Os reformadores do passado sentiriam vergonha de serem chamados de “evangélicos” no contexto dessa perversão religiosa. Penso que seja necessário uma nova reforma do cristianismo que nos eleve para a sobrenaturalidade verdadeira, em que o sagrado seja garantido de maneira insofismável na vida dos fiéis. A seriedade, a reverência e a profundidade espiritual como pensavam e pregavam os reformadores do passado estão compondo a nova pauta para o advento de uma nova transformação da religião cristã. Então, “em nome de Jesus” tornar-se-á base de uma fé sólida e verdadeira.
E diante dessa deformação atual, o Senhor poderá nos dizer que nunca conheceu essas figuras mágicas que pregam a fé de maneira trivial. O juízo será implacável: “Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal” (Mt 7, 22).