COMO LER E INTERPRETAR EFÉSIOS 4 Os novos padrões de vida

EFÉSIOS 4.17-32

O CAMINHO DO MAL

17. Portanto digo isto, e testifico no Senhor, para que não mais andeis como andam os gentios, na vaidade da sua mente,

18. entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração;

19. os quais, tendo-se tornado insensíveis, entregaram-se à lascívia para cometerem com avidez toda sorte de impureza.

Primeiro Paulo nos fala para sermos um só povo, para cultivar a unidade. Agora chamados para sermos santos, devemos cultivar a pureza.

Qual é, porém, a origem das trevas nas mentes pagãs, quando o próprio Deus é luz, e está continuamente falando à humanidade através da sua criação, e tanto o céu quanto a terra declaram a sua glória? É devida à dureza dos seus corações, diz Paulo.

Segundo Paulo, o problema dos gentios, ou pessoas que não se convertem, está na dureza de seus corações, numa espécie de cegueira moral, o que também é uma teimosia em não se converter. Conforme aponta Stott, há uma diferença entre ignorância, dureza ou teimosia – tudo levando afinal no pecado. Eu gosto de pensar no pecado como uma doença mortal dentro do nosso DNA espiritual.

O Velho Testamento mostra que o homem transgrediu a Lei, mas qual Lei? Havia a Lei Social, a Lei Moral e a Lei Religiosa. O pecado é a transgressão da Lei Moral. Paulo define a transgressão como dureza de coração, onde nos explica agora como é essa dureza. Ele fala que os gentios, ou não convertidos, andam na vaidade de sua mente, havendo trevas na mente, separados da vida de Deus pela ignorância. Então, ele nos dá a dica que a questão está na mente, na área racional do ser humano.

Paulo nos fala então do caminho do mau. Por causa da dureza de seus corações, eles andam na vaidade (no que é superficial, inútil) da mente, obscurecidos no entendimento, o que ocasiona a separação da vida de Deus, por causa da ignorância, ou falta de vontade de aprender. A dureza do coração leva primeiro às trevas mentais, depois à insensibilidade da alma e finalmente à vida desenfreada. Perdendo a sensibilidade as pessoas perdem o autocontrole e a falta de autocontrole é o caminho da escravidão.

O CAMINHO DO BEM

20. Mas vós não aprendestes assim a Cristo.

21. Se é que o ouvistes, e nele fostes instruídos, conforme é a verdade em Jesus,

22. a despojar-vos, quanto ao procedimento anterior, do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano;

23. a vos renovar no espírito da vossa mente;

24. e a vos revestir do novo homem, que segundo Deus foi criado em verdadeira justiça e santidade.

Algumas palavras destacam o contraste entre aquele que serve a Cristo e o que não o serve. Vós não “aprendestes”, se é que “ouvistes”, fostes “instruídos”, conforme a verdade em Jesus. O que comprova o que a gente já sabia: que o evangelho é racional. (Rm 12.1)

Mas, pode parecer incoerência para alguém dizer que o evangelho é racional, se o evangelho é “charisma”, carismático, com manifestações de poder, as mais variadas possíveis. Como o evangelho pode ser racional, se diz que o universo foi criado por um Deus que não sabemos quem é, porém que ele se revela pela palavra, quer dizer, pela Bíblia? Como dizer que o evangelho é racional, se Jesus foi gerado de forma diferente dos outros seres humanos, pelo poder do Espírito Santo? A Bíblia diz que o Espírito Santo, ou Deus, habita em nós. Como pode Deus habitar em nós? Falar evangelho é falar que Jesus andou sobre as águas, que mortos ressuscitam, que qualquer doença pode ser curada pela oração. São uma coleção de absurdos, pára quem não tem o Espírito. Como o evangelho pode ser racional? O evangelho é racional e totalmente coerente consigo mesmo.

Em Romanos 12.1 Paulo instrui a igreja para fazer o culto racional, isso é, um culto baseado na palavra, na doutrina, no ensino, o contrário de um culto carismático, com todo mundo falando em línguas ao mesmo tempo e manifestações de cura, profecias etc.

Sabemos que na Bíblia tem tudo isso, mas a leitura de 1 Corintios 14 nos mostra que tem tempo para tudo. Quando alguém falar em línguas que haja interpretação; que falem dois ou três; se não tiver interpretação nem é pra falar; ao falar se levante, fique de pé no seu lugar e espere o outro que está falando, até chegar a sua vez. Culto ordenado, sem bagunça, sem oba oba, sem pula pula, totalmente diferente do que vemos hoje em dia.

O evangelho é racional, pois entendemos que apesar de escrita por aproximadamente 40 pessoas diferentes, a Bíblia é de uma coerência que impressiona. Apesar das imperfeições dos homens, a mente por trás da palavra é coerente. Bate, esse assunto com o outro assunto, essa doutrina com a outra. Apesar de a Bíblia ser um livro complexo, acredito o mais complexo do mundo, ele é de total coerência, não havendo pontas soltas, em lugar algum. Com certeza se alguma palavra, algum texto não está batendo, não está dando certo, o erro é humano e nunca divino. Eu li a Bíblia inteira, estudando, quatro vezes. Se há erro, é humano.

Era essencial desde o início que os leitores compreendessem o contraste entre o que tinham sido como pagãos e o que agora eram como cristãos; entre sua velha vida e sua nova vida; e, além disso, que compreendessem a base teológica sobre a qual essa mudança se alicerçava.

O que se nota de imediato é a ênfase dada pelo apóstolo ao fator intelectual no modo de vida de todas as pessoas. Quando descreve os pagãos, chama a atenção à vaidade dos seus próprios pensamentos, acrescenta que estão obscurecidos de entendimento e atribui sua alienação de Deus à ignorância em que vivem. Refere-se, portanto, às suas mentes vazias, ao seu entendimento obscurecido e à ignorância que têm, o que os tornou empedernidos, licenciosos e impuros. Mas, em contraste com eles, os crentes tinham aprendido a Cristo, tinham-no ouvido, tinham sido instruídos nele, tudo de acordo com a verdade que está em Jesus. Em contraste com as trevas e com a ignorância dos pagãos, Paulo coloca, portanto, a verdade de Cristo que os cristãos tinham aprendido.

NOVOS PADRÕES DE VIDA

É maravilhoso ver quão facilmente Paulo pode passar de uma elevada dissertação teológica sobre as nossas duas humanidades, sobre o Cristo que aprendemos e sobre a nova criação que experimentamos, descendo para as duras realidades do comportamento cristão: falar a verdade e controlar a ira, ter honestidade no serviço e bondade no falar, amor e autocontrole sexual. Tudo muito prático. E antes de chegarmos aos seis exemplos que ele dá, precisamos notar três aspectos que todos têm em comum. Primeiro, todos dizem respeito aos nossos relacionamentos, oou à nossa santidade.

Em segundo lugar, em cada exemplo uma proibição negativa é equilibrada por um mandamento positivo correspondente.

Em terceiro lugar, em cada caso há uma razão teológica, uma razão para o mandamento é dada ou é subentendida.

25. “Pelo que deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo, pois somos membros uns dos outros.” - Nos estudos de John Stott, ele nos lembra que na Bíblia, a mentira, além de não falar a verdade, é também a idolatria. Os cristãos devem ser pessoas onde as pessoas creiam no que falamos. A nossa palavra deve ser fiel e digna da nossa religião. O crente deve ser alguém que as pessoas podem acreditar em nossa palavra. A razão dada não

somente é que a outra pessoa é nosso próximo, a quem as Escrituras ordenam que amemos, mas que, na igreja, o nosso relacionamento é ainda mais estreito, porque somos membros uns dos outros.

26-27. “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao Diabo.” – Essa maneira de falar, na verdade restringe a ira, ao invés de a incentivar. Irai-vos, ou ficar realmente muito bravos, coléricos, não deve ser motivo de pecar. É legitimo ficarmos irados em alguns momentos, mas de forma alguma é recomendado pecar, em qualquer forma que seja. O versículo dá a entender ainda que existe uma ira cristã, por motivos cristãos, quando a nossa santidade alcança esse nível. Existe a ira injusta e a ira justa. Com certeza é a ira injusta que devemos tirar de nós. (verso 31) Quando deixamos de assim fazer, mesmo nervosos não pecar, negamos a Deus, prejudicamos a nós mesmos, e encorajamos a divulgação do mal. Na verdade nos falta em nossa sociedade mais ira cristã, pois vivemos num mundo pervertido, que afronta a Deus e à igreja todos os dias. Faltam defensores da fé cristã. Nós, os seres humanos, entramos num meio termo com o pecado de uma maneira que Deus nunca faz. Devemos, diante do mal descarado, ficar indignados e não tolerantes, zangados e não apáticos. Se Deus odeia o pecado, seu povo deve odiá-lo também. Se o mal desperta a sua ira, também deve despertar a nossa.

“É especialmente digno de nota que o apóstolo introduz esta referência à ira numa carta dedicada à nova sociedade de Deus, que é de amor, e num parágrafo que se ocupa com relacionamentos harmoniosos. Ele assim faz porque a verdadeira paz não é idêntica com o aplacar de uma ira. “Num mundo tal como este”, comenta E. K. Simpson, “o maior pacificador talvez tenha de assumir o papel de rompedor da paz como uma obrigação sagrada.” Stott.

Ao mesmo tempo, devemos lembrar-nos do nosso estado de caídos, e nossa disposição constante à intemperança e à vaidade. Em conseqüência, precisamos sempre ficar vigilantes e agir como censores da nossa própria ira. Se formos sábios, seremos tardios para nos ira. Assim, Paulo imediatamente qualifica sua expressão permissiva irai-vos com três negativos. Primeiro: não pequeis. Segundo: não se ponha o Sol sobre vossa ira. E terceiro: Não deis lugar ao Diabo.

Há motivos justos e cristãos para ficarmos irado nessa sociedade caída. Ficar irado até pode, pecar não é permitido. Então ao ficar bravo devemos vigiar o que falamos e como falamos. Nada justifica falar palavrão, ou atacar o próximo, nem para nos defendermos. Principalmente quando atacamos alguém que amamos e nós pecamos contra essa pessoa, nos sentimos muito mal e não reatamos imediatamente, pois somos acusados pela nossa reação. Então ao entrar numa briga, numa situação de ira, pare, pense o que vai dizer e vigie para não dizer nada além do que realmente deve falar. Vá brigar com alguém estando calmo, na sua razão e você não vai pecar. Não caia no laço de tentar se defender atacando.

O segundo ponto, não se por o Sol sobre a vossa ira, não é exatamente literal, mas quer dizer que não é para deixar a ira avançar mais além no dia em que acontece, a ponto de virar um dia, ou vários dias, ou até meses ou anos, sem falar com a pessoa e sem resolver a situação. Deixar a ira avançar e não resolver, ou apaziguar a situação, vai acabar dando lugar ao Diabo de operar. Paulo nos adverte para não ficarmos acalentando a ira, ou para não ficar soprando as brasas. Não é seguro deixar brasas ardendo. Quando a ira vira ressentimento contra o outro, está na hora de abandoná-la. Alguns ficam tanto tempo sem falar com o outro que até se esquecem por que começou aquilo. A Bíblia nos fala que se alguém pegasse emprestado a capa do outro, deveria devolve-la antes do por do Sol. E o trabalhador deveria receber diariamente. Isso significa que muitas vezes é melhor viver um dia por vez.

“Nunca vá zangado para a cama” é uma boa regra, e poucas vezes mais aplicável do que no caso de um casal.” 1 Pedro 3.7 diz que nossas orações podem ser impedidas, se houver alguma situação contra o nosso cônjuge. Nós usamos esse versículo para mostrar que pode haver impedimento nas orações do casal, mas na verdade ele é usado apenas para o homem. “Do mesmo modo vocês, maridos, sejam sábios no convívio com suas mulheres e tratem-nas com honra, como parte mais frágil e co-herdeiras do dom da graça da vida, de forma que não sejam interrompidas as suas orações.” 1 Pedro 3:7

Todos estamos doentes e a doença dele, ou minha, é o pecado. Ao estarmos numa situação de ira, vigie mais do que o normal. E vigie muito mais ainda se for com uma pessoa amada, ou então com algum cristão. Quando algum cristão discute com o pastor, por exemplo, ele já está errado. Então vigia o que fala e como fala. No meio da briga escute o que o outro tem a dizer. Tente não ficar tão bravo a ponto de parar de ouvir. Escute. E responda da forma mais sábia ou cristã possível.

28. Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tem necessidade. – É auto explicativo. Quem era ladrão e se converteu, não vá voltar a essa vida, antes mude a forma como ganha dinheiro, vá trabalhar. E Paulo dá agora uma responsabilidade para o outrora ladrão: Trabalhe para que tenha o que repartir com o necessitado.

29. “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que seja boa para a necessária edificação, a fim de que ministre graça aos que a ouvem.” - Não sair de vossa boca nenhuma palavra torpe é não falar palavrão, não falar coisas obscenas como piadas sem graça, não falar algo contrário à fé, não mentir. Não necessariamente o crente deve falar o crentes, 24 horas do dia, mas que sua palavra seja boa para edificação de quem ouve. Que achemos graça com os que os ouvem.

30. “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.” - Não entristeçais o Espírito Santo é não pecar, não desobedecer, ter fé. O qual Paulo lembra que fomos selados para o dia da volta de Cristo, ou o dia da vitória total do crente. Dia esse da volta, que será realizado uma única vez, de forma visível ao mundo, no final de Apocalipse, para todos os cristãos que estiverem vivos à época. Lembrando que os que dormiram, ou morreram, serão ressuscitados naquele momento e se encontrarão primeiro com Cristo nos ares e depois os que estiverem vivos. Podemos entristecer o Espírito Santo com amizades não autorizadas, com passeios que o crente não deveria fazer, com relacionamentos não autorizados, com o flerte com idolatria, bruxaria, horóscopo ou coisas parecidas. Podemos entristecer o Espírito Santo, a ponto dele se afastar, quando ele vai nos chamando para irmos à igreja e a gente não vai, ou quando ele nos chama a ler a Bíblia, ou orar e a gente não vai. Podemos entristecer o Espírito, assistindo um filme que não teríamos coragem de assistir com Jesus, por exemplo, ou com nossa mãe, ou com nossos filhos ou pais. SE não posso ouvir aquela musica alta, com meu pai, ou com minha mãe ou irmã, ou vó, ou com qualquer pessoa da Trindade, então não posso ouvir. Orar aos santos é idolatria. Uma única tragada de cigarro é capaz de matar. Um pouco de bebida alcoólica não é permitido. Podemos entristecer o Espírito, não ajudando o próximo, deixando a Bíblia empoeirar sem leitura.

31. “Toda a amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmia sejam tiradas dentre vós, bem como toda a malícia.” – A sociedade quer nos dizer que as pessoas que fazem barulho, que gritam, fazem algazarra, devem ser copiadas em suas praticas, mas isso é contrário ao ensino bíblico. A casa do crente deve ser de paz e quieta. Se há algum barulho deve ser de alegria, de festividade. Até a nossa oração deve ser feita com sabedoria. Ore a Deus em secreto é diferente de orar as três da manhã, acordando a vizinhança toda, como ficamos sabendo recentemente que um crente estava fazendo. Orar de madrugada aos gritos é falta de sabedoria e da razão para o não crente blasfemar de Deus. Não poucas vezes as pessoas reclamam de alguém ouvindo hinos no ultimo volume. Crente, vigia com barulho. Nem é preciso dizer que ressentimentos, amarguras, ira, gritarias e coisas semelhantes não condizem com o evangelho. Quem age de forma carnal é o mundo, nós devemos fugir disso.

32. “Antes sede bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.” – As novas maneiras de viver da nova sociedade de Deus, são muito diferentes da maneira do mundo agir. Sede bons com todos, até com quem não merece. Perdoe, desculpe, se esqueça da ofensa. Lembre-se que somos cristãos perdoados e devemos perdoar também. Ame o vosso inimigo.

É muito difícil chegar a versos como esses na Bíblia e não falar sobre eles. São ensinamentos práticos que qualquer um fazendo, até o não crente, sua vida vai melhor. A igreja falha demais quando deixa de expor a Bíblia, para ficar trazendo aos púlpitos temas, tipo auto-ajuda, que alguns pregadores acreditam serem melhores do que o que a Bíblia tem a ensinar. Deus sabe o que precisamos. A palavra de Deus, a Bíblia, que é inspirada por Deus, é relembrada pelo Espírito. Quando lemos a Bíblia e explicação da Bíblia, aquilo fica trabalhando em nós, nos convertendo.

Amém.

Fique na paz.

pslarios
Enviado por pslarios em 14/06/2022
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