A CARIDADE E AS IGREJAS REFORMADAS
Um dos mais fortes pontos doutrinários das igrejas reformadas é a justificação unicamente pela fé. E a grande maioria dos seus adeptos desatrela totalmente a fé das boas obras, a salvação e a santidade acontecem a despeito das obras do bem que se possa praticar.
Desse modo, para as igrejas protestantes, suas diversas ramificações e dissidências, tanto a justificação quanto a santidade são alcançados exclusivamente pela fé. As obras do bem são simplesmente o resultado dessa fé e dessa santidade.
Por isso, a caridade não é muito estimulada nessas igrejas apesar de existirem algumas ações nesse sentido, porém, proporcionalmente fazem muito menos que espíritas e católicos.
No Espiritismo, e nisso acreditamos que estamos plenamente concordes com Jesus e os apóstolos, a fé também é de extrema importância [1], porém, unicamente a fé não garante a salvação pois, as obras do bem santificam aquele que as pratica com amor [2], mesmo que sua fé seja diferente.
Vemos isso, por exemplo, na parábola do bom samaritano [3], onde Jesus tentou exemplificar que o amor ao próximo independe da religião professada. O Samaritano, que era considerado herético pelos judeus, foi muito mais santo naquele ato que os representantes do judaísmo, que se consideravam puros, mas passaram ao largo do caminho. A postura do samaritano foi de amor incondicional! Desse modo, podemos inferir que mesmo uma pessoa considerada herética ou um não Cristão pode ser salvo pelas suas boas obras.
O Apóstolo João afirmou: “Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade.” [4]. Ora, qual é a ação do amor senão a caridade? E será que somente o cristão ama? Não vemos a todo o momento demonstrações de amor incondicional em pessoas de outras crenças? Pois, não foi o próprio Paulo quem disse: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.” [5] colocando o amor em posição mais elevada que a fé.
O Apóstolo Pedro disse que o amor cobre uma multidão de pecados [6], bem se somente a fé salva como então o apóstolo coloca o amor como uma força capaz de encobrir os pecados daquele que ama. É no mínimo insensato determinar a condenação daqueles que professam outra fé como muitos fazem, com raríssimas exceções, se o próprio Cristo e seus continuadores diretos não o faziam.
A reforma, propondo o retorno ao cristianismo legítimo dos tempos apostólicos, como uma reação justa aos desmandos do catolicismo daquele período, acabou por afastar-se dele.
[1] O Evangelho Segundo o Espiritismo cap. XIX.
[2] O Evangelho Segundo o Espiritismo cap. XV.
[3] Lucas: 10: 25.
[4] 1 João 3:18.
[5] 1 Coríntios 13:13.
[6] 1 Pedro 4:8.