Igreja sinodal e servidora
Pe. Geovane Saraiva*
O processo de uma Igreja sinodal, segundo o desejo do Papa Francisco, é o do encontro, da escuta, da comunhão, da participação; Igreja da unidade na diversidade, sempre em estado de missão, que quer o ardor de todos na missão, para que caminhem juntos, em comunidade, na vivência dos sacramentos, em atitude de escuta da Palavra de Deus, colocando o irmão no centro, vendo-o na sua dignidade de filho de Deus. Assim sendo, somos, portanto, a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, na qual a pedra angular é o elemento essencial da nossa razão de ser e de existir, o fundamento sólido e seguro da construção.
A Igreja sinodal é essencialmente servidora, uma comunidade que caminha, alimentando-se da fé verdadeira, por isso mesmo ela é constituída de pessoas voluntárias e disponíveis, exigindo delas renúncia, doação, generosidade; e elas estão voltadas exclusivamente para Jesus, que é caminho, verdade e vida. Ele soube dizer sim aos apelos do Pai e revelou sua face terna e amiga, sendo essa Igreja mistério de amor, sinal e presença do Reino de Deus.
Não se pode prescindir, numa Igreja sinodal, de que somos chamados de pedras vivas, e Cristo conta conosco como protagonistas indispensáveis nesta construção espiritual, que é a Igreja. Nela, todos são importantes; ninguém é descartável ou inútil. Pensar na Igreja como algo belo e maravilhoso, tendo Cristo como pedra angular de seus discípulos e seguidores, que são pedras vivas neste edifício espiritual, numa forte simbologia indicativa da utilidade das pessoas na Igreja de Cristo.
Numa Igreja sinodal, quer-se a compreensão e o esforço dos cristãos, ao solicitar dos seus filhos, no âmbito da liberdade de todos e de cada um, nossas obrigações e vínculos, a concretude de pedras vivas. Ao mesmo tempo em que estamos desejosos de mais clareza e convicção, conscientes de que, com Cristo, formamos o referido edifício espiritual, participamos do seu sacerdócio santo, para com ele reinarmos associados à sua vida divina, a fim de oferecermos sacrifícios espirituais agradáveis a Deus Pai (cf. Pd 2, 5).
Na acolhida dos frutos colhidos e partilhados, pela vivência da fraternidade e do amor-comunhão, a partir do Sol da justiça e da paz, que o sonho de esperança do Papa Francisco possa ser realizado, ao ver na terra uma Igreja renovada, pacificada e reconciliada. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).