ESPIRITISMO E LITURGIA

– O Espiritismo, no seu aspecto religioso, dispõe de liturgia própria? – De que modo deve ele ser entendido como Religião?

O Espiritismo não se orienta por nenhuma liturgia: – não tem ritos, sacramentos, nem cerimoniais; não acende velas, não faz promessas, não queima incenso, não faz defumações, não admite adoração de imagens; não celebra batizados, casamentos ou encomendações, como atos sacramentais. – não dispõe também, de sacerdócio organizado, seus adeptos são artífices da própria evolução e recebem orientação na extensa bibliografia doutrinária e nos núcleos do Movimento Espírita.

Mas, mesmo não tendo nada disso, ou melhor, precisamente por isso, por não alimentar nenhum culto externo é que se faz mais autêntico o aspecto religioso do Espiritismo. – Atente-se que liturgia é uma cousa, religião é outra. – Liturgia é a moldura externa das religiões, “é a indumentária, menos ou mais aparatosa e enfeitada, com que se pretende materializar o sentimento religioso”. – Religião é a religação consciente da criatura com o criador. – “Na verdade, podemos prescindir de todo e qualquer planejamento litúrgico conservando incólume a religião, ou, antes, a consciência religiosa”.

O Espiritismo anima, apenas, o culto interior, manifestado em atos internos, de fé, pela prece, e de amor, pelo trabalho a prol dos semelhantes sem ideia de recompensa. – O objetivo religioso é espiritualizar o homem, de vez que assim este se aproxima progressivamente de Deus. – Ora, é precisamente esta a missão do Espiritismo. – “Sua obra é de educação e tem por objetivo melhorar o indivíduo, despertando-lhe as faculdades psíquicas latentes, a fim de que se torne um colaborador de Deus no que respeita à evolução moral e espiritual de si mesmo”. – Com tal contexto, o Espiritismo se afirma como lídima revivescência do Cristianismo na pureza e na simplicidade dos tempos de Jesus e da época apostólica. E assim realmente é, pois desde seu advento o Espiritismo vem apresentando o Evangelho, interpretado segundo o espírito que vivifica, como o Código Supremo de Conduta Humana para todas as épocas e para todas as circunstâncias. – É deste modo que o Espiritismo deve ser entendido como Religião.

Milton Luz

Fonte: Livro “Reflexos das atitudes”

Editora EME 1ª edição 1986

Lar/ABC do interior