A EXEGESE BÍBLICA E A CIÊNCIA

Uma das grandes dificuldades na exegese bíblica, é quando não se leva em conta os progressos culturais e científicos atuais no momento de se interpretar muitos textos que, quando levados ao pé da letra, levam o leitor ou interprete a enormes dificuldades, principalmente na área científica.

Na antiguidade os conhecimentos eram extremamente rudimentares, a ciência como conhecemos atualmente não existia ainda. Os mitos de origem imperavam na imaginação da humanidade de então, em detrimento de um processo investigativo mais sofisticado, resultado da falta de uma tecnologia que somente se desenvolveria milênios no futuro.

É justamente essa capacidade tecnológica atual, com o aperfeiçoamento dos instrumentos investigativos, que as descobertas científicas vem demonstrando de modo peremptório a inconsistência da interpretação literal dos mitos de origem, que são a base doutrinária principal de muitas religiões, como é o caso da gênese bíblica.

Os princípios míticos expressos no primeiro livro do Pentateuco, permearam toda a teologia que se desenvolveu ao longo dos séculos desde os primeiros seguidores de Jesus, passando pelos continuadores dos apóstolos até os pensadores dos diversos segmentos em que se dividiu o cristianismo tradicional nos dias atuais. Entretanto, a ciência veio demonstrar a inexistência de Adão e Eva, comprovando o surgimento evolutivo da espécie humana e de todos os organismos do planeta.

Com os dados que as evidências científicas proporcionam, seria racional que toda a dependência que a teologia tem nos personagens de Adão e Eva, por exemplo, para explicar a doutrina da queda e do afastamento da humanidade da presença de Deus, bem como, do retorno a essa filiação pelo sacrifício do salvador, viesse a ser modificada, tendo-se em vista a inexistência desse primeiro casal. Todavia, não é assim, pois as religiões tradicionais não conseguem desenvolver explicações satisfatórias para os males da vida humana se não for por intermédio dos mitos de origem.

Daí surgem as dificuldades de muitos adeptos em conciliar seus sistemas teológicos com as evidências científicas. Num processo que pode culminar na negação total da ciência por parte de uns, indo para o fundamentalismo religioso ou na adesão ao ateísmo e agnosticismo. Poucos religiosos conseguem um meio termo, mantendo-se num equilíbrio confortável entre fé e ciência.

Devido a esses embates, era necessário uma revelação nova, que deixasse as velhas crenças mitológicas e superstições de lado, por uma exegese mais espiritual e consoladora e ao mesmo tempo mais científica, surgia assim, sob a égide dos Espíritos do Senhor a Codificação Espírita em meados do século XIX.

O Espiritismo caminhando ao lado dos progressos científicos, aceita a evolução Darwiniana e vê o Gênesis como um repositório mitológico e simbólico. Desse modo, não houve o pecado original e o sacrifício de Jesus, cujo objetivo seria liquidar o pecado do primeiro homem, não ocorreu verdadeiramente por essa razão.

Os apóstolos, embora sendo os continuadores da abra do Cristo, eram homens ainda apegados às lendas e mitos de seu povo, tanto eles como o próprio Paulo partiram dessas premissas, que na atualidade já se comprovaram incorretas mas, que eram considerados dogmas irrefutáveis por todos os Judeus. Logo, a linha de raciocínio apostólica, baseada na mitologia do gênesis, contendo proposições literais errôneas, o resultado delas, por consequência, também só pode ser incorreto.

Jesus através dos Espíritos Consoladores vem nos relembrar seus ensinos, acrescidos de conhecimentos que ele não podia revelar na época de suas andanças nesse mundo. Assim, para que possamos caminhar para o amor filial de nosso Pai celeste, afastados, não por causa de um pecado original inexistente mas, por nossas próprias mazelas interiores, imperfeições e defeitos, precisamos trabalhar pela nossa reforma íntima. Reparando os erros do passado e pela reencarnação recomeçando uma nova trajetória rumo à perfeição.