A IMPORTÂNCIA DO NOME ENTRE OS ESPÍRITOS SUPERIORES

O Espiritismo é uma doutrina racional não existindo em seus postulados o apego a nomes, grafias, idiomas e objetos sagrados. Entretanto, alguns espíritas desavisados, influenciados por ensinamentos alienantes, fora das lides espiritistas, têm irrefletidamente abraçado preceitos que impõem a obrigatoriedade de nomes escritos e falados em línguas antigas como o Hebraico ou o Aramaico.

Para essas ideologias, apenas os nomes de Deus e Jesus grafados e sonorizados nessas “línguas sagradas” são as únicas formas de se dirigir e adorar reconhecidas pelo Criador e seu Messias. Os espíritas que seguem essas ideias revelam total incoerência para com a doutrina que supostamente dizem seguir.

Os nomes têm importância relativa no mundo espiritual, eles nos são importantes enquanto referência como indivíduos, mas não podem ser um fim em si mesmos, se somos espíritas e acreditamos na reencarnação devemos saber que a cada existência somos designados com nomes diferentes e até mesmo numa mesma existência podemos mudar nossos nomes. O que importa dessa forma é a nossa essência como seres imortais e haverá um momento em que não seremos reconhecidos por nomes, mas, pela nossa energia particular, pois os eflúvios que irradiamos é o que nos diferencia como indivíduos, caracterizando a vibração peculiar de cada criatura [1]. Na espiritualidade maior já é assim:

“À medida que os Espíritos se purificam e se elevam na hierarquia, as características distintivas de sua personalidade desaparecem, de certa maneira, na uniformidade da perfeição, mas nem por isso deixam eles de conservar a sua individualidade. É o que se verifica com os Espíritos superiores e os Espíritos puros. Nessa posição, o nome que tiveram na Terra, numa das mil existências corporais efêmeras por que passaram, nada mais significa. Notemos ainda que os Espíritos se atraem mutuamente pela semelhança de suas qualidades, constituindo grupos ou famílias simpáticas”. (O Livro dos Médiuns Cap. 24, item 256)

Ora, uma vez que os espíritos evoluem para adquirir as qualidades superiores que os aproximem de Jesus e de Deus, deixando aos poucos os nomes de lado e apenas utilizando a energia que exteriorizam como forma de reconhecimento, quanto mais o Eterno que é o pai dos espíritos [2] e o seu Cristo não colocariam nomes e vocalizações “sagradas” em plano secundário.

A questão 282 do Livro dos Espíritos também é bastante esclarecedora sobre o assunto:

Como os Espíritos se comunicam entre si?

— Eles se veem e se compreendem; a palavra é material: é o reflexo da faculdade espiritual. O fluido universal estabelece entre eles uma comunicação constante; é o veículo da transmissão do pensamento, como o ar é para vós o veículo do som; uma espécie de telégrafo universal que liga todos os mundos, permitindo aos Espíritos corresponderem-se de um mundo a outro.

É por isso, que os espíritos da codificação, não utilizaram nomes hebraicos, aramaicos ou gregos quando se referiam ao Criador e o Messias. Mas, adotaram a transliteração corrente usando os nomes Deus e Jesus [3] como nomes válidos tanto para encarnados como desencarnados, assim como poderiam utilizar-se de termos equivalentes em outras línguas, sem preferência especial por nenhuma. Porquanto o pensamento é o que realmente interessa para Deus, o conceito por trás da palavra [4]:

“Para os Espíritos, principalmente para os Espíritos superiores, a ideia é tudo, a forma não é nada. Livres da matéria, sua linguagem é rápida como o pensamento, pois é o próprio pensamento que entre eles se comunica sem intermediários. Devem, portanto, sentir-se mal quando são obrigados, ao se comunicarem conosco, a se servirem das formas demoradas e embaraçosas da linguagem humana e sobretudo de sua insuficiência e imperfeição, para exprimirem todas as suas ideias” [5]

[1] Ver o nosso artigo: Psicosfera e afinidade fluídica.

[2] Hebreus 12:9

[3] Dieu e Jésus em francês, língua original da Codificação Espírita.

[4] O Livro dos Espíritos pergunta 649

[5] O Livro dos Espíritos, introdução cap. XIV.