COMO LER E PREGAR JOÃO CAPÍTULO 2 CANÁ

PRIMEIRA PARTE O CASAMENTO EM CANÁ

Creio que a primeira coisa a fazer é ler o texto e descobrir as suas divisões. Com isso já teremos um esboço básico baseado no próprio texto.

ESBOÇO DE JOÃO CAPÍTULO 2

2.1-11 – O CASAMENTO EM CANÁ

2.12-25 – A PURIFICAÇÃO DO TEMPLO

Antes mesmo de entrarmos nos detalhes a respeito do cap. 2 de João, observamos o que Deus estava fazendo através de Jesus.

O casamento em Caná não foi um simples casamento. 1 - Nele estavam Maria, Jesus e os discípulos, portanto a igreja representada. 2 - Nele foi realizado o primeiro milagre de Jesus. 3 – Deus através de Jesus estava acenando que estava escolhendo outra noiva, melhor, do que o Antigo Israel, que era a Igreja.

A purificação do templo era um anseio de toda a nação, que via a corrupção e o pecado no templo. Purificar o templo era o que se esperaria de um profeta vindo de Deus. A purificação, ou santificação tinha o significado de que Deus começava um novo tempo, em Israel.

COMO PREGAR A BÍBLIA?

A pergunta não é sobre a performance a ser usada, se o pregador fala baixo ou alto, se canta ou profetiza enquanto está pregando, ou se ele usa de alguma artimanha que chame a atenção. A pergunta é sobre que linha de ensino vamos usar.

Basicamente existem duas maneiras de estudar qualquer texto bíblico: da forma literal e da forma teológica. Poderíamos dizer de outro jeito: da forma rasa, simples, superficial, o que beira o simplório muitas vezes, que é uma maneira boba, tola, sem malicia, de se pregar. Ou da forma difícil, elaborada, que exigiria um pouco mais do pregador e dos ouvintes. O problema é que o raso não aprofunda e o teológico, nas mãos de um pregador que não sabe o que está falando, causa mais confusão do que esclarecimento.

A resposta é: depende. Se estivermos num auditório simples, com pessoas de nível escolar baixo, que não acompanhe a teologia, não dá para falar de teologia elaborada, aprofundada, sem ensinarmos o básico a esse pessoal. Tem que ensinar antes de cobrar. Porém se estivermos num auditório teológico, estudado, profissional, acadêmico, muitos com nível universitário, sermos rasos, será uma perca de tempo. Pessoas de nível muito baixo não acompanham se forem desafiadas demais mentalmente, da mesma maneira pessoas intelectualmente cultas, vão desligar a mente, com mensagens fracas demais.

Independentemente do auditório, nós, eu e você, temos obrigação de aprendermos o mais profundamente possível. Não conseguiremos sermos rasos demais, se aprendermos desde cedo algumas coisas básicas a respeito da pregação. Somos da era d Internet e por isso, podemos baixar e ler praticamente qualquer livro que quisermos ou precisarmos. Imagine que vamos pregar João 2, a primeira parte, que fala do milagre da água transformada em vinho, para isso creio que precisaríamos ler, pelo menos 3 comentários diferentes de João, ouvir algumas pregações, para tirar alguma conclusão.

PRIMEIRO ESBOÇO: LITERAL

A idéia aqui não é dar ao leitor um esboço pronto, mas antes parâmetros para que ele possa enxergar outros pontos de vista. Como a Internet nos mostra, saiu uma série de comentários bíblicos com viés pentecostal em 1995, um, deles é: Série Comentário Bíblico – João – O Evangelho do Filho de Deus – Myer Perlman. O escritor mostra uma possível mensagem, ou um esboço, a cada passagem bíblica. NO capítulo 2 ele traz o seguinte esboço:

O PRIMEIRO MILAGRE DE CRISTO

Myer Perlman

Texto: João 2.1-11

Introdução

I - A FELIZ OCASIÃO (JO 2.1-2)

1. Jesus aprova a vida social

2. Cristo aprova o casamento

3. Cristo aprova a alegria inocente

II – A FALTA EMBARAÇOSA (JO 2.3-5)

1. A sugestão ansiosa – Jesus, acabou o vinho.

2. A firme ressalva – Mulher, que tenho eu contigo.

3. A humilde obediência

III - O SUPRIMENTO MILAGROSO (JO 2.6-10)

1. A realidade

2. O mistério

3. A admiração

IV – o propósito superior (Jô 2.11)

1. Aumentou a fé dos discípulos

V – ENSINAMENTOS PRÁTICOS

1. Poder através da obediência

2. A santificação na vida diária

3. O melhor ainda está por vir

4. A transformação das coisas comuns

Amém

Uma simples passada de olhos por esse esboço nos mostra como ele é simples e direto e bem pouco teológico. Esse esboço nos fala de um evangelho prático, que não é melhor do que o evangelho teológico, só é diferente. Para um publico mais simples ele cabe muito bem, mas pregar dessa maneira perde muitos elementos teológicos importantíssimos que vai ficar faltando para a igreja. Por outro lado, uma mensagem apenas teológica, sem elementos práticos, como nesse esboço, faz com que a igreja fique engessada, dura, sem movimento. O ideal seria ser simples teologicamente, ou teologicamente simples, para que todo aquele que ouvir ou ler a mensagem saiba captar algo para a sua vida. Tanto a mensagem mais simples, quanto a mensagem mais elaborada, precisam falar com seu auditório, se não conseguir, então falhou no básico, que é transmitir conhecimento e se tornar palavra revelada de Deus.

SEGUNDO ESBOÇO: TEOLÓGICO

Quando falo em um esboço teológico, ou mais teológico, quero dizer que não vamos fugir do texto trazer pontos que estão fora do texto. Para mim um esboço teológico é um esboço exegético, hermenêutico, bíblico. Não cabem aqui pontos fora do texto. Assim como num esboço teológico, não podemos fugir da teologia do texto. Não precisamos falar de tudo, pois qualquer texto bíblico praticamente não tem fim, mas qual é a teologia imediata mostrada no texto? É essa que vamos falar.

O PRIMEIRO MILAGRE E O KAIRÓS DE DEUS

Texto João 2.1-11

I - JESUS VISITA UM CASAMENTO

1. Havendo um casamento em Caná, Maria mãe de Jesus estava lá, assim como Jesus e seus discípulos, todos convidados.

2. Maria percebeu que acabou o vinho. Isso pode ter acontecido por pelo menos três fatos: 1 – Os noivos não tinham condições financeiras. 2 – vieram mais pessoas que o esperado, 3 – Não calcularam corretamente.

3. Maria pediu que Jesus fizesse algo. Ela praticamente intercedeu em oração a Jesus.

4. Jesus respondeu à irmã Maria e não à sua mãe. 1 – Jesus não foi mal-educado, 2 – Temos aqui o reconhecimento que Jesus agora está maduro e não está mais debaixo da autoridade da sua mãe.

5. Maria invocou o Kairós de Deus. Cronos é o tempo do homem, o tempo da sua vida na terra. Kairós é o tempo, ou o momento em que Deus vem realizar o milagre. Para Deus sempre é Kairós, mas para nós sempre é Cronos.

6. Para então orar no Cronos, até que venha o Kairós. Neemias orou e jejuou, até receber a revelação de uma oração de Deus. Orando aquela oração revelada as coisas começaram a acontecer. Precisamos orar Cronos, até orar Kairós. Oração são comandos espirituais que fazem as cosias acontecerem. Se estamos orando e ainda não aconteceu, é porquê estamos orando ainda Cronos e não chegamos ao Kairós de Deus.

O QUE COMPORTA O MILAGRE?

A - OS SERVOS

1. Havia próximo seis potes usados para purificações, ou lavagem pessoal, ou limpeza. Esses potes apontam para uma santificação pessoa e coletiva.

2. Jesus mandou encher com água, símbolo da palavra de Deus e depois levar o vinho ao mestre-sala, ou o chefe, o gerente.

3. Por que levar ao mestre-sala? Isso me chama a atenção. Muitas vezes Jesus pediu para não dizerem a ninguém o que ele estava fazendo, mas nesse caso era para saber, por quê? Para servir de testemunho aos discípulos, as pessoas e com um casamento é algo publico, chegar ao ouvido da liderança de Israel.

4. Jesus não orou para a água ser transformada, não fez um gesto, não fez nada, só pediu para colocarem a água nos potes e levar vinho.

5. Alguns dizem que Jesus tinha tanto poder que não precisava orar. Nada mais irreal. Jesus orava tanto que em mais de uma ocasião ficou a noite toda orando e logo cedo foi fazer a obra sem dormir. Assim como ocorre conosco – e deve ser assim, senão não nos serviria de nada o exemplo de Jesus – o Espírito Santo, na hora revelou o que Jesus deveria fazer, que era mandar colocar água e levar essa água transformada em vinho, ao mestre-sala da festa.

6. Deve chamar a atenção que os serventes sabiam fazer o seu trabalho. Eles eram treinados para servir. Sabiam servir, mas não tinham nada o que servir. É claro para o leitor de Bíblia que os servos são os vasos e esses estão vazios. A leitura que podemos fazer disso é que eles estavam vazios da palavra, consequentemente da fé e por isso não podiam servir. Pensemos nesses servos como obreiros, outrora cantores e cantoras, outrora pregadores, obreiros e até pastores, que sabendo fazer a obra, não podiam fazer, pois não havia neles o liquido, o poder, de servir a Deus.

7. Por que os vasos estavam vazios? 1 – Um vaso fica vazio por falta de encher, 2 – o vaso pode estar rachado, o que nos fala de pecados, 3 – alguém virou o vaso, emborcou o vaso e esse não está na posição de encher.

8. Que tristeza saber fazer e não poder fazer. Os servos estão na qualidade de obreiros que estão desviados, ou que estão impedidos de fazer a obra. Mas a esperança é que enchendo da palavra, o vaso fica pronto novamente para ser usado.

B – O MILAGRE E A LIDERANÇA DE ISRAEL

1. Há alguns anos atrás o pastor Ed Kivitz trouxe uma série de 11 pregações denominada de O Lado B dos Milagres. Nessa série ele mostrou que os milagres em João, chamados de sinais, todos eles tinham uma segunda leitura política, profética e teológica.

2. São sete os sinais em João e todos tem uma conotação critica com a liderança corrupta de Israel:

1. As bodas de Caná (2,1-12) – Nesse milagre compreendemos que Deus está escolhendo outra noiva para si, rejeitando a Israel e escolhendo a igreja

2. Cura do filho de um funcionário (4,43-54) – Aqui mostra que Deus está chamando para salvação pessoas que não são judeus.

3. Cura do paralítico (5,1-47) – O milagre acusa que Israel é o paralitico.

4. Multiplicação dos pães (6,1-15) – Ele é o maná, o Messias.

5. Caminhar sobre as águas (6,16-70) – Jesus é o Messias. O milagre é particular aos discípulos. Aqui Jesus aponta que com ele vamos caminhar sobre os nossos problemas, vamos ter a vitória nas nossas guerras.

6. Cura do cego de nascença (9,1-41) – Israel está cega e não vê e não entende Deus.

7. Ressurreição de Lázaro (11,1-54) – Jesus é o Messias. Ele pode ressuscitar a vida morta da nação ou de qualquer morto espiritual e material.

Amém

Fique na paz.