O catolicismo de antes e depois da Igreja Católica Apostólica Brasileira*
O catolicismo de antes e depois da Igreja Católica Apostólica Brasileira
Concílios
Por Diácono Luís de Alencar/ICAB - É sabido pela Bíblia de que Jesus transmitiu sua autoridade aos apóstolos, para que estes estabelecessem a sua Igreja e os seus ensinamentos (Jo 20).
O efeito prático desta ordem se deu, entre outras ocasiões, também através do Concílio de Jerusalém (At 15), realizado por volta do ano 49 d.C.
É notório, no entanto, que o cristianismo diverso teria outras razões para reunir a totalidade dos irmãos em concílios ecumênicos (ou gerais), claro que representados naqueles que receberam a autoridade, os apóstolos e após estes, seus representantes, os bispos. Nesta ocasião, o poder maior da igreja não havia sido capitulado por um único bispo, más pertencia a todo episcopado reunido na comunhão conciliar de diferentes igrejas apostólicas.
Sendo assim, os concílios que foram gerais no consenso da maioria das igrejas apostólicas ou episcopais de então, foram os sete primeiros da história de nossa religião, a saber: o de 1º de Nicéia (325), 1º de Constantinopla (381), Efésio (421), Calcedônia (451), 2º de Constantinopla (553), 3º de Constantinopla (680-681), 2º de Nicéia (787).
É destacável que, a herança da Igreja Católica Apostólica Brasileira (de acordo com wikipedia, uma das quase 50 igrejas católicas que existem atualmente pelo mundo), caracteriza-se não só pela separação com a Igreja Romana, mas pela obediência velada a estes sete concílios gerais, assim como fazem as inúmeras igrejas ortodoxas e até igrejas evangélicas tradicionais.
Más, quando se deu a convocação do 4º Concílio de Constantinopla, feito à pedido do Imperador Bizantino Basílio I e o Papa Adriano II (867-882), o tema em questão envolveu atritos entre o Papado Ocidental e o Patriarcado Oriental, e isso veio a reforçar uma cisão já existente no plano teológico, sobre a procedência do Espírito Santo (vindo do Pai para os ortodoxos, vindo do Pai e do Filho para os católicos). O caso foi tão grave, que outro concílio de mesmo nome fora realizado pelas Igrejas Ortodoxas, anulando as decisões anteriores. A legitimidade do oitavo concílio não é reconhecida pela ICAB e outras igrejas nacionais em razão de um favorecimento “bestializado” da soberania da Igreja Romana sobre as demais igrejas, algo incompatível com o equilíbrio eclesial nos sete últimos concílios. Sendo assim, o Concílio de Nicéia em 787, o último dos concílios gerais reconhecidos pela ICAB e outras igrejas das famílias cristãs católicas, ortodoxas e evangélicas.
A despeito do afastamento aos temas teológicos e litúrgicos dos sete primeiros concílios, as igrejas ocidental e oriental em separado realizaram suas próprias reuniões gerais, sendo que a defesa da fé muitas vezes vinha acompanhada, em maior ou menor grau, da permissão de uma violenta repressão contra os hereges, aqueles que iam na contramão das decisões conciliares (os chamados “cristãos-marginais” ou “pré-evangélicos”).
Más a história demonstra que apesar de tudo isso, as cicatrizes da separação, podem não ser suficientes para impedir uma unidade fraterna entre os irmãos que tem em comum a mesma fé no Cristo. Em meio a esta luta, o Espírito Santo vem inspirando pessoas como o bispo que deu existência jurídica a ICAB, São Carlos do Brasil, que olhando à cima de outros, devolveu ao catolicismo nacional brasileiro a obediência aos sete primeiros concílios da igreja, livrando o fiel das contaminações do mundo em nossa fé católica e um retorno purificado ao cristianismo dos primeiros tempos da Igreja.
Por decisão incorporada em seu estatuto, a Igreja Católica Apostólica Brasileira, realiza desde 1965, os Concílios Nacionais dos Bispos (Em 2023 realizou a 27ª Assembleia Nacional). Infelizmente, somente as famílias ortodoxas e evangélicas tem conseguidos dar passos numa unidade fraterna, fazendo isso através de reuniões de grupos igrejas tais como os concílios pan-ortodoxos ou órgão mundiais de igrejas evangélicas.
Más a obra reformadora do catolicismo de São Carlos do Brasil deve ser considerada. A oração por todas as igrejas cristãs, contidas no missal católico brasileiro, a sagração de um pastor à bispo (Dom Salomão Ferraz) e a postura de aproximação ecumênica com as igrejas evangélicas, espíritas e de religiões de matriz africana, foram atos que simbolizaram uma postura não atípica em um líder católico nas décadas de 40 a 60 do Século XX.
Neste interim de reflexões, a respeito de concílios ecumênicos, é válida a crítica generalizada ao Conselho Nacional de Igrejas Cristãs/CONIC, a começar pela representatividade reunidas em suas igrejas-membros, que são incompatíveis com a fiel realidade de fé das massas. É até louvável o ato comum da Campanha da Fraternidade Ecumênica, más nos moldes atuais ressoa como também como uma declaração silenciosa de intolerância.
O efeito prático do significado de ecumenismo (oikos: casa + meno: ficar) sugere uma convivência em família. É a vontade de Nosso Senhor Jesus e dos seus sucessores que a nossa comunhão seja fraterna. Longe de ser um “canto da sereia” tal como defendem alguns fanáticos separatistas, a Palavra de Deus é clara e direta: “Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros". (João 13:35).