Conversão de São Paulo
Pe. Geovane Saraiva*
Pensemos, como São Paulo, criatura de Deus descomunal, que, de perseguidor dos cristãos, tornou-se incansável na pregação do Evangelho, ao percorrer o mundo de seu tempo, na conquista de novos irmãos para Cristo. Foi intensa sua atividade apostólica, que, do seguimento de Jesus de Nazaré, recebeu como prêmio a coroa do martírio. Ele mergulhou na escuridão ou nas travas da noite, mas na esperança de jamais se afastar da aurora, no anúncio do dia, dia este que nos ajuda a imaginar a vida envolvida em mistérios, pedindo-nos disposição para acolher, na mesma esperança, os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo, encontrando-O no ápice da crucifixão, morte e ressurreição.
Com um olhar de fé e confiança em Jesus de Nazaré, o apóstolo Paulo tão bem anunciou o Evangelho, e revelou-o às pessoas sedentas e desejosas de mudança de vida, ao mesmo tempo voltadas à Justiça divina, que significa paz em abundância. Semelhante sinal nos faz compreender o anúncio do Reino, que se tornou visível pelo nosso modo de pensar, de agir e de ver o mundo, mas segundo a vontade do nosso bom Deus, que quer superação de todas as forças contrárias ao poder do mal, como na convicção do apóstolo: “Pela graça de Deus, sou o que sou, e a graça que Ele me deu não tem sido inútil” (cf. 1 Cor 15, 10).
Neste dia 25 de janeiro, voltemo-nos para o apóstolo Paulo, pelo fato de ele ser chamado à conversão, no caminho de Damasco, naquele luminoso mistério no horário do meio-dia. Gosto muito de recordar Dom Helder Câmara, ao externar, numa metáfora terna e mística, como São Paulo, a partir de sua vida coberta de mistérios, numa nítida visão do Sol da Justiça: “Há pessoas que, independentemente de idade, pelo que são, pelo que dizem e pelo que fazem, são sempre meio-dia”. Nesse sentido, pode-se adaptar tal pensamento ao Apóstolo dos Gentios, seja no anúncio do Evangelho e nos carismas, seja na missão e nas viagens, identificado com o pacifismo de Dom Helder, em sua disposição, sabedoria e esforço de imitá-lo.
Viver a vida, como na conversão de São Paulo, é reconhecê-la como um dom maravilhoso. Temos consciência de que não é fácil correspondê-la, mesmo tendo, com clareza de compreensão, seu “sim” corajoso e profético, a partir do momento fulgurante de sua conversão, acima citado. Nele a luz verdadeira brilhou; aquela, que desceu do céu e se encarnou no meio do povo de Deus, conforme a profecia que se realiza, de uma vez por todas. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, Blogueiro, Escritor e integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).