A ALMA QUE VAI BEM

“O presbítero ao amado Gaio, a quem, na verdade, eu amo. Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas e que tenhas saúde, assim como bem vai a tua alma. Porque muito me alegrei quando os irmãos vieram e testificaram da tua verdade, como tu andas na verdade. Não tenho maior gozo do que este: o de ouvir que os meus filhos andam na verdade. Amado, procedes fielmente em tudo o que fazes para com os irmãos e para com os estranhos, que em presença da igreja testificaram do teu amor, aos quais, se conduzires como é digno para com Deus, bem farás; porque pelo seu Nome saíram, nada tomando dos gentios. Portanto, aos tais devemos receber, para que sejamos cooperadores da verdade.” (3 Jo 1-8)

A pequena carta, a terceira de João, foi endereçada a um amigo, por nome Gaio.

No primeiro versículo, João escreveu que Gaio era amado e que o seu (de João) amor por ele era verdadeiro.

Em seguida, no versículo dois, João expressou o desejo de que ele fosse bem em todas as coisas e que tivesse saúde, assim como bem ia a sua alma.

Esse testemunho de João em relação à alma de Gaio é de extrema relevância e merece ser explorado.

Em primeiro lugar, a alma vai bem quando é regenerada. Isso porque, antes da regeneração, a alma fica entregue ao pecado: “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Dessa forma, estando em pecado, a alma vai mal: “o rosto do Senhor é contra os que fazem males” (1 Pe 3.12). Mas, uma vez regenerada, a alma passa a estar bem com Deus: “Une-te, pois, a Deus, e tem paz, e, assim, te sobrevirá o bem” (Jó 22.21).

A alma vai bem quando está com saúde. Essa saúde é dádiva divina: “Porque satisfiz a alma cansada, e toda a alma entristecida saciei.” (Jr 31.25). É interessante que a saúde da alma faz bem ao corpo físico: “O coração com saúde é a vida da carne” (Pv 14.30). Além disso, a alma sadia teme ao Senhor e a Ele agrada: “O Senhor agrada-se dos que o temem e dos que esperam na sua misericórdia” (Sl 147.11).

A alma vai bem quando está crescendo. Para crescer, a alma precisa, pelo menos de três coisas: (i) ser alimentada com a Palavra de Deus: “desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que, por ele, vades crescendo” (1 Pe 2.2); (ii) praticar a verdade: “seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Ef 4.15); e (iii) buscar a pureza espiritual: “o puro de mãos irá crescendo em força” (Jó 17.9).

A alma vai bem quando se enche dos tesouros espirituais. Esses tesouros são o bem mais precioso da alma regenerada: “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6.21). Os tesouros espirituais são a riqueza da família: “Tesouro desejável e azeite há na casa do sábio” (Pv 21.20). Ademais, eles podem e devem ser repartidos com outros: “O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro” (Mt 12.35).

A alma vai bem quando está servindo, até porque ela é liberta do pecado para servir à justiça: “E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça” (Rm 6.18). É indiscutível que a alma liberta do pecado serve ao Senhor e o faz com temor: “Servi ao Senhor com temor” (Sl 2.11). Por esse serviço feito com alegria, a alma liberta do pecado é abençoada: “Bem-aventurado aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo assim” (Mt 24.46).

Por fim, a alma vai bem quando caminha firmemente rumo ao Céu. Nesse caminho, ela é acompanhada de perto pelo Senhor: “o Senhor conhece o caminho dos justos” (Sl 1.6). Como se não bastasse, o Senhor ordena que os tropeços sejam tirados desse caminho: “Aplainai, aplainai, preparai o caminho; tirai os tropeços do caminho do meu povo” (Is 57.14). Uma vez acompanhada e protegida pelo Senhor, a própria alma se desvia do mal: “O alto caminho dos retos é desviar-se do mal” (Pv 16.17).

Se queremos, portanto, que a nossa alma vá bem, mantenhamo-nos vigilantes em relação à nossa saúde espiritual e ao nosso serviço prazeroso ao Senhor.