COMO LER E PREGAR O SALMOS 15
SALMOS 15
1 - Senhor, quem habitará no teu santuário? Quem poderá morar no teu santo monte?
2 - Aquele que é íntegro em sua conduta e pratica o que é justo, que de coração fala a verdade
3 - e não usa a língua para difamar, que nenhum mal faz ao seu semelhante e não lança calúnia contra o seu próximo,
4 - que rejeita quem merece desprezo, mas honra os que temem ao Senhor, que mantém a sua palavra, mesmo quando sai prejudicado,
5 - que não empresta o seu dinheiro visando lucro nem aceita suborno contra o inocente. Quem assim procede nunca será abalado!
PRIMEIRA PARTE – HOMILÉTICA - PROCURANDO O QUE NINGUÉM ESTÁ VENDO
O pregador deve procurar o que ninguém está vendo no texto. Isso não significa espiritualizar o texto, muito pelo contrário. A ideia é estudar mais. Leia um ou mais de um livro sobre o texto e vá observando o que não é comum e que o ouvinte pode não perceber à primeira vista. Muitas vezes procurar o que ninguém está vendo significa pregar exatamente o texto, sem fugir dele, o que por si só é excelente. No caso do Salmos 15, no verso 1 temos uma pergunta, o mais é resposta dessa pergunta.
SEGUNDA PARTE - A INTERPRETAÇÃO DO SALMOS 15
Sempre indico ao leitor da Bíblia ou o pregador, que ao separar um texto bíblico, a primeira coisa que deve fazer é encontrar as divisões do texto. Nesse caso as divisões são muito claras. O versículo 1 faz a pergunta do aprendiz ao mestre: Como eu, um novato, um aprendiz, posso fazer parte do Templo? Como posso chegar a ser um sacerdote? Os versículos 2-5 são a resposta de Deus cristão fiel, desejoso de servir ao Senhor. Daí podemos já colocar um possível nome no sermão: A Admissão ao Santuário.
O Comentário Série Cultura Bíblica, comentou os Salmos em dois livros, o livro 1, ao falar do Salmos 15 inicia assim: “Este padrão de pergunta e resposta pode ter como modelo o que acontecia em certos santuários do mundo antigo, com o adorador perguntando as condições de admissão, e o sacerdote dando a resposta. Embora, entretanto, a resposta esperada poderia ter sido uma lista de exigências rituais, aqui a resposta do Senhor, de modo notável, examina a consciência.”
15.1 – Deus o anfitrião do homem - A palavra anfitrião significa o dono da casa, que recebe os convidados para um evento. O anfitrião é o que convida e paga as despesas de um jantar, ou de uma festa, por exemplo.
“Senhor, quem habitará no teu santuário? Quem poderá morar no teu santo monte?“
No versículo 1 se destacam as palavras: santuário, habitar, morar, santo monte. Então analisar as relações dessas palavras vai nos dar um norte, um caminho a se meditar na palavra de Deus.
A palavra tabernáculo da duas idéias: uma de adoração formal, religiosa, o local do sacrifício e a outra de simples hospitalidade, trazida pelas palavras habitará (será hospede, convidado)e morar (habitação fixa, sua casa). Os Salmos, mas também todo o Antigo Testamento e até mesmo o Novo, unem as duas idéias: primeiro vendo o adorador como um hóspede bem recebido pelo anfitrião; a terra como local da sua peregrinação, do seu deserto, e segundo, até que ele possa chegar ao lar, na presença de Deus.
Quem... habitará? Aprofunda a discussão, pois uma vez que o encontro é pessoal, o mau não pode ser convidado. Nesse lugar o pecado não entra. Mas além do ímpio não entrar, sabemos que não é qualquer um que consegue acesso a Deus, é só ver a quantidade de gente sem resposta. Esse lugar é para gente de fé, de santidade, que busca Deus e tem prazer em Deus. Um dos grandes males do nosso tempo é a quantidade de crentes não convertidos. Quem habitará? Eu posso habitar? Deveria ser a nossa pergunta. Eu estou na posição, em santidade, obedecendo a fé? Tenho uma igreja? Tomo a Ceia regularmente? Faço parte do rol de membros de uma igreja? Hoje em dia temos uma quantidade absurda de gente enganada e se enganando, pensando que está na presença e não está. Qual foi a ultima vez que você sentiu a presença do Espírito Santo? Faz tempo? Precisa encher de novo então. Nunca sentiu? Então precisa buscar até sentir. Falta enchimento do Espírito ao nosso povo de hoje. Falar da Bíblia, cantar hinos, ler a Bíblia ou livros cristãos, escutar pregações, orar, jejuar, nos enchem do Espírito. Precisamos buscar mais o espiritual, para estarmos mais na presença de Deus. Quem...habitará? Com certeza não será qualquer um.
15.2-5 – O homem como hóspede de Deus
A resposta não é uma lista exaustiva sobre o que se requer do homem, mas é interessante que as qualificações para ser admitido ao sacerdócio, ou ao Santuário do Senhor, não sejam requisitos religiosos, mas morais.
Quem habitará no santuário? A resposta
15.2 – Seu caráter: integro, justo e verdadeiro –
1- Integro é aquilo que é inteiro, sincero e sadio. Algo pleno, não dividido. O integro não é uma pessoa que coxeia em dois pensamentos.
2- O justo é aquele que pratica justiça. Sua balança não tem duas medidas. Ele defende a todos que merecem e critica a todos que merecem igualmente. Ele julga com bases divinas, pois o fiel da balança sobre justiça é o próprio Deus.
3- O terceiro substantivo e qualificação é ser verdadeiro. Verdadeiro é aquilo que não é falso. Verdadeiro é algo conforme os fatos ou a realidade. Verdadeiro é algo que é seguro e digno de confiança, e não meramente correto. O que este homem diz está de acordo com aquilo que é.
A igreja contemporânea tem muitos membros, mas poucos convertidos. Tem muita gente que parece cristão verdadeiro, mas não é. Suas motivações os denunciam. Sua falta de espiritualidade os denuncia. A boca fala do que o coração está cheio e se nada cristão sai das bocas desses pretensos cristãos, é porque não são reais cristãos. Sua boca os denuncia.
Quem pode habitar o santuário? O eu é integro em sua conduta, que pratica a justiça com todos e que do seu coração e da sua boca sai a verdade. Resta então uma questão: O que é a verdade? Essa pergunta extremamente filosófica, no cristianismo assume um Nome. A verdade é Cristo. Tudo foi feito por meio Dele e é Nele que o ser-humano se reconhece. O homem quando saiu da presença de Deus, no pecado original, se perdeu, o homem quando voltou a Cristo, no primeiro culto, voltou pra casa e se encontrou. O sacrifício de Abel é um proto-evangelho, em Cristo fomos reconciliados com Deus e voltamos a Deus. É em Deus que a gente sabe quem é. Em Deus habita o verdadeiro ser-humano, que ama, que é bom, que é puro.
15.3 – Não difama, não faz mal, não lança calunia
1 – Não difama – Não desacredita publicamente a outra pessoa, não a faz perder a fama ou a reputação, não a infama.
2 – Não faz mal – Fazer mal é fazer as coisas de modo irregular, ruim, diverso do que convém, ou que se deseja. Fazer o mal é não fazer uma coisa boa. Podendo fazer o bem a alguém, algo que a favoreça e a leve para mais perto de Deus, que a faça reconhecer Deus em todas as coisas, ela decide fazer o mal. Aquele eu quer habitar no santuário não pode fazer o mal ao próximo, em hipótese alguma. Quando fazem o mal contra nós, a melhor coisa é não retrucar, mas entregar em oração a Deus que tudo vê e tudo sabe. Não precisamos bater de frente com quem nos persegue, o que pode criar mais problemas do que soluções, mas podemos orar em secreto, sem que o inimigo saiba que estamos orando.
3 – Não lança calunia – Calunia nos da a idéia de fofoca: falar mal do outro com via a prejudicá-lo intencionalmente.
15.4 – Sua lealdade definida
1 – Rejeita quem o merece e honra os que temem a Deus - O que, à primeira vista, parece ser uma atitude farisaica, é, na realidade, nada mais do que a lealdade. Este homem não está se comparando com os outros, está apenas lançando seu voto: declara o que admira e qual é a sua posição. Já foi dito que o verdadeiro evangelho incomoda. Incomoda nós trabalharmos no meio de gente preguiçosa. Incomoda nós não aceitarmos a droga, a bebida, o cigarro, no meio de quem usa. Incomoda a nossa moral num mundo imoral. O evangelho verdadeiro deve incomodar. Se você não está incomodando, precisa.
Vivemos num mundo que prioriza pessoas ruins e atitudes ruins, como se fosse o requerido, o bom e justo. O mundo luva o casamento homossexual, a droga, a bebida, o vicio, a corrupção, a violência, o agir pelo seu braço. O sistema de mundo não busca a Deus, não o ouve, não o atende e passa como se ser injusto, maldoso, ruim, violento e corrupto é que seja o certo. Prioriza-se a traição no casamento e não a virgindade, a pureza, o casamento estável. Devemos rejeitar ou não fazer o que outros fazem de mal. Uma coisa é amar o pecador, outra é aceitar o pecado do pecador.
Biblicamente as pessoas mais honradas de uma sociedade são o crente que busca a Deus. Sabendo disso temos uma enorme oposição maligna par que todos os nossos negócios dêem errado, para que o nome de Deus não seja louvado. O Diabo luta incansavelmente para nossos negócios darem errado, para que as pessoas ao nosso redor não nos honrem. Entramos constantemente em situações que não gostaríamos de estar e termos de decidir coisas tão difíceis que precisamos orar, para saber o que fazer, pois nós não sabemos. E dessa comunidade que deve ser a mais honrada na Terra, o que mais deve ser honrado é o que prega a palavra, o que ensina a palavra.
2 – Mantém a palavra, mesmo prejudicado – Não poucas vezes fazemos acordos no calor do momento, que nos arrependemos. A melhor coisa era romper esses acordos ruins, mas não o podemos fazer, para que o nome de Deus não fique prejudicado. Devemos ter muito cuidado com os acordos que fazemos, pois uma vez a palavra sendo dada, ela é aceita no reino espiritual e seremos cobrados por isso. Não prometa o que não pode, mas se prometer, tem que fazer. O povo do mundo sabe que o cristão cumpre seus contratos e apesar de dizerem que não gostam de lidar com o crente, eles gostam de explorar o crente, o que também, Deus está vendo. Sobre uma situação que você não sabe o que fazer, ore até ter uma resposta, ou uma direção. Se não tiver nem uma coisa, nem outra, faça o que tiver que fazer. Mas entenda que sempre você terá o escape de Deus de poder pedir a Deus, em oração, a desobrigação de cumprir um acordo ruim, feito no calor do momento. Nós temos leis humanas contra vários tipos de abusos, que devemos usar, se for necessário. Uma coisa é tentar manter a palavra, apesar de tudo, outra coisa é ser explorado.
15.5 – Seu trato: honrado
1 - Não empresta visando lucro, não cobra juros – Deuteronômio 23.19-20 diz: “Não cobrem juros de um israelita, por dinheiro, alimento, ou qualquer outra coisa que possa render juros. Vocês poderão cobrar juros do estrangeiro, mas não do seu irmão israelita, para que o Senhor, o seu Deus, os abençoe em tudo o que vocês fizerem na terra em que estão entrando para dela tomar posse.” Ou seja, do crente o irmão não pode emprestar cobrando juros, mas do ímpio pode. Cobrar juros do irmão crente é desobediência na palavra, portanto pode chegar a cair nas mãos de Deus. Se você está cobrando juros de outro irmão, pare imediatamente. Pois está fazendo isso para o seu próprio mal. Entenda que não estamos falando de produtos taxados, como os produtos de um supermercado, mas com agiotagem ou algo parecido. Falando sobre isso, crente não pode ser agiota, de forma alguma.
2 – Não aceita suborno contra o inocente – Essa é uma qualificação interessante. Tanto o ponto anterior, quanto esse nos falam da questão do dano próprio e não o do outro. Emprestar dinheiro com agiotagem ou parecido, visando lucro contra o próximo, é condenável na Bíblia, mas a idéia aqui ultrapassa os juros, e vai além nos direcionando que Deus não se agrada quando prejudicamos seja quem for, assim como não aceita que nos prejudiquem. Aceitar suborno nos dá a idéia de traição por dinheiro, mas é qualquer forma de tirar proveito das desgraças do próximo. Dentro da família no Antigo Testamento, o membro fraco era sustentado, algo parecido ocorre no Novo Testamento; fora da familia, a lei permitia discrição, enquanto proibia a extorsão e encorajava a generosidade. Neste salmo, não há sinal de uma distinção entre um irmão e um desconhecido necessitado. A idéia é ajudar a todos e ser honesto com todos.
15.5 – Conclusão: Quem assim procede tem seu lugar garantido no santuário
Recorremos novamente ao Comentário Série Cultura Bíblica: O pensamento: tem o eu lugar garantido, penetra além do limiar e das boas-vindas; na realidade, a pergunta do versículo 1: Quem...habitará? falava mais de habitar do que de obter admissão, pois as qualidades que o Salmo descreve são aquelas que Deus cria num homem, não as que Ele descobre neste. A ameaça da insegurança, que muitas vezes se expressa nos Salmos pela palavra abalado é enfrentada, não por aliar-se aos fortes, mas, sim, por sua firme confiança em Deus.
A DIVISÃO DO SALMOS 15
Então depois de tudo isso, podemos pensar numa divisão do Salmos 15.
Sugestão de título - A ADMISSÃO AO SANTUÁRIO
Verso 1 – A pergunta do aprendiz ao mestre: Quem...habitará?
Versos 2-5 – As qualificações morais para a admissão ao santuário
Verso 5 – A Conclusão: Nunca será abalado
Amém
Fique na paz