Esperança, sim!
Pe. Geovane Saraiva*
Deus veio ao mundo para conviver conosco e nos revelar sua verdadeira face; ele, riquíssimo que é, “fez-se pobre para nos enriquecer em abundância com sua pobreza”. Maria, criatura toda especial e também simples, humilde e pobre, quer nos acompanhar em 2022, o qual está se iniciando. Convém a todos assimilar o mistério da Mãe de Deus e também o mistério do Natal, como disse São Paulo VI: “O coração do Todo-Poderoso se abre! Por trás da cena do Presépio está a infinita ternura do Criador que ama. Em uma palavra: há infinita bondade. Deus, nos amando, quer tecer uma conversa com os homens, estabelecer relações de familiaridade conosco”.
A Mãe Santíssima quer revelar aquele exemplo inaudito dos reis magos, que, conduzidos pela estrela e iluminados pelo Espírito de Deus, peregrinaram até encontrar o Menino Jesus. É claro que o Deus Menino caminha conosco, não nos permitindo hesitar diante do cansaço da longa e incerta viagem da vida, mas esperançosa, por bondade e graça divina. A manifestação da glória de Deus, como luz das mulheres e dos homens de boa vontade, constata-se no plano salvífico, quando se percorre, na diversidade, o caminho da unidade, na busca da justiça e da paz.
Jamais devemos perder de vista a pequena cidade, aquela do verdadeiro pão, Belém, mas que dela saiu aquele que entrou para a História da humanidade, querendo uma única coisa: a sua restauração. É a graça de Deus a se manifestar como luz aos que se abrem e aceitam acolher o poder redentor de Deus, no reconhecimento de sua glória, no desejo de conquistar um mundo melhor, solidário e de irmãos. Com grande amor pela vida, digamos “sim” ao bom Deus, aguerridos, denodados e com disposição interior, no começo de mais um ano novo! O Ano Novo, na compreensão de que nossa vida consiste num passado, num presente — marcado pelos mesmos riscos e vulnerabilidade da família de Nazaré — e de um futuro (cf. Hb 13, 8).
Que se possa perceber o rosto da humanidade querendo dialogar, contendo nos olhos a fé e a esperança para ver o irmão, mesmo vendo sua face desfigurada, no imperativo de que a vacina agora possa chegar às crianças. Que chegue, sim, sem nenhum obstáculo a contrariar a ordem das coisas! Com os irmãos menores vacinados, sintamo-nos como filhos de Deus e irmãos uns dos outros, mais amparados, mais seguros e mais amados por Deus.
Que o Filho de Deus, que viveu a nossa mesma condição — de gente e criatura humana, dando aqueles mesmos passos, próprios da vida humana, na espera do tempo apropriado à missão —, nos ensine o bom desempenho dessa nossa vida, de acordo com Dom Helder: “Missão é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo (...)”. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, blogueiro, jornalista, escritor, poeta e integrante da academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).