Lendo As Crônicas de Nárnia encontramos em Aslan uma representação de Deus. Diante de todo o caos causado pelo mal que entrou naquele mundo, antes mesmo que ele completasse 5 horas de existência (Os Anéis Mágicos, p.92), em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa os narnianos aguardavam ansiosamente por aquele que “com um rugido ruiria toda dor, acabaria com o inverno e traria de volta a primavera” (p.41).
Apesar de ansiarem pela chegada do filho do grande Imperador de Além-Mar, os Castores reafirmam o quanto ele deve ser temido: “(...)se alguém chegar na frente de Aslam sem sentir medo, ou é o mais valente de todos ou então é um completo tolo (...) é perigosíssimo.” Porém, o Castor continua: “Mas acontece que ele é bom.”
Em A Cadeira de Prata, ao conhecer Aslan, Jill vivencia o verdadeiro temor: “De qualquer forma, mesmo que tivesse tentado [correr], não teria saído do lugar” (...) “olhou o leão nos olhos, mas não aguentou por muito tempo, desviando o olhar.” No decorrer da narrativa é possível sentir o temor da menina diante da figura poderosa de Aslan.
Creio que o imaginário de C.S Lewis nos levou o mais próximo daquilo que significa temer a Deus. De fato, é muito mais do que isso. Não é ao acaso que Isaías clamou por misericórdia: “Ai de mim pois meus olhos viram o Rei!” (Isaías 6), ou que o apóstolo João escreve: “caí a seus pés como morto” (Apocalipse 1.17), de modo semelhante ao que o profeta Ezequiel havia declarado “caí com o rosto em terra” ... São muitos outros os exemplos de homens, como também Paulo, que viram e temeram, mas pela graça permaneceram porque, como disse o Castor: “acontece que Ele é bom”.
A suprema fonte de informações sobre Deus, a Bíblia, nos diz que Ele é o (artigo definido, porque não há nenhum outro) Longânimo Justo Juiz. Isso significa que Deus, por sua bondade manifestada em graça, espera, porém, o mal não ficará impune e Ele agirá com justiça (Deuteronômio 32.4).